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O Esporte em Seu Conteúdo Racista: Discursos Legitimadores Sobre a Presença e a Ausência de Pessoas Negras

Resumo:

No ano de 2020, a final feminina do torneio United States Open foi disputada pelas atletas Naomi Osaka (Japão) e Victoria Azarenka (Belarus). Foi uma partida cheia de variações e digna de duas atletas finalistas. Enquanto assistíamos à partida, a fala de um familiar chamou a atenção ao perceber que a atleta japonesa possui a cútis negra. O comentário era que a atleta Osaka seria a esportista mais completa, pois, teria a força física da população negra e a inteligência da asiática.

Em uma única frase o racismo foi externado de maneira naturalizada. Não se trata de julgar a pessoa querida, que apenas reproduziu ideias que se tornaram hegemônicas e que buscam determinar o lugar de indivíduos na sociedade, ideias que, mesmo aparentemente positivas, podem, dentro de um contexto específico, significar uma postura preconceituosa. A partir desse episódio surgiu um questionamento: o quanto tais ideias impactam na formação e carreira esportiva? A raça ou etnia pode orientar as ações na formação de atletas? Isso pode facilitar ou são impeditivos para escolha de determinada modalidade esportiva? Um tema que enfatizamos ser pertinente para compreensão do fenômeno esportivo e as relações que pessoas, atletas, desenvolvem com sua corporalidade e seu potencial voltado para o alto rendimento.


DA CONCEIÇÃO, Daniel M.; VAZ, A. F. . O esporte em seu conteúdo racista: discursos legitimadores sobre a presença e a ausência de pessoas negras. In: Neilton de Sousa Ferreira Júnior & Katia Rubio. (Org.). Racismo e esporte no Brasil: um panorama crítico e propositivo. 1ed.São Paulo/SP: Editora Tato; Grupo de Estudos Olímpicos, 2023, v. , p. 85-104.  




https://cev.org.br/biblioteca/racismo-e-esporte-no-brasil-um-panorama-critico-e-propositivo/

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https://play.google.com/books/reader?id=dVC6EAAAQBAJ&pg=GBS.PT88&hl=pt

RACISMO NO FUTEBOL: ABRE-SE UMA AGENDA DE PESQUISAS

 


Livro: Futebol & seus contextos. Ailton Fernando S. de Oliveira, Marcelo de Castro Haiachi (organizadores). 1. ed., Florianópolis: Tribo da Ilha, 2023. 

Texto nosso, artigo: RACISMO NO FUTEBOL: ABRE-SE UMA AGENDA DE PESQUISAS; Autores: Beatriz de França Alves, Cristiano Mezzaroba e Daniel Machado da Conceição (p. 138).


Resumo:

Tem sido recorrente e vem aparecendo com bastante regularidade nos mais diversos veículos midiáticos os casos de racismo no Brasil (e também no mundo). São situações discriminatórias que ocorrem nos mais diversos espaços institucionais e sociais. E quando focamos nosso olhar ao universo do campo esportivo, o racismo também é um fenômeno que se evidencia, nas mais variadas modalidades, principalmente no futebol. Assim, neste ensaio, refletimos sobre a temática, propondo uma agenda de pesquisas envolvendo racismo e futebol: (a) racismo, futebol e mídia; (b) futebol, gênero e racismo; (c) produção acadêmica da Educação Física envolvendo racismo e futebol; (d) abordagens metodológicas envolvendo racismo e futebol; (e) racismo, futebol e as Humanidades. Com essa agenda de pesquisas, intencionamos contribuir quanto ao enfrentamento que o contemporâneo nos impõe em relação às compreensões do fenômeno do racismo nos mais variados contextos sociais, principalmente àqueles/as que compõem o campo educativo e formativo, permitindo identificar, conhecer, reconhecer, analisar e pautar discussões amplas que confrontam atitudes racistas nos mais variados espaços sociais e institucionais. 

Palavras-chave: racismo; futebol; agenda de pesquisas.


Disponível em:

https://cev.org.br/media/biblioteca/DTP_FutebolSeusContextos_Digital_compressed.pdf





Seminário e XVII Seminário de Diversidade Étnico-Racial - Dia 2

Seminário e XVII Seminário de Diversidade Étnico-Racial - Saberes e Conhecimentos Diversos: Práticas Pedagógicas da RME de Florianópolis.

Participação:

- 1º fala = 03:11:40 até 03:31:41; - 2º fala = 05:04:20 até 05:30:00;





Educação em pauta: Nosso racismo ordinário e a luta pela igualdade - com Dr. Daniel Machado da Conceição

 



Encontro com um grande amigo da Escola Técnica FAT, o Prof. Dr. Daniel Machado que falará conosco sobre: Nosso racismo ordinário e a luta pela igualdade.


I Seminário Interno INCT - Reunião da noite

É com alegria que celebramos as quase 130 inscrições no I Seminário Interno do INCT Estudos do Futebol Brasileiro. Nosso Seminário aconteceu no dia 05/10, quinta-feira, em duas sessões: das 14h às 16h e das 18h às 20h.


DISPONÍVEL EM:

Segunda sessão, das 18 às 20h.






Toda vez que o adulto balança

 



Pesquisar e atuar com o esporte na perspectiva da formação é uma oportunidade de aprender, questionar e propor transformações. O esporte educação carrega a aura do amadorismo, significando o ideal olímpico exaltado pelas inúmeras instituições do campo esportivo.

A iniciação esportiva é o momento da apresentação de uma modalidade, sendo o primeiro passo para o desenvolvimento da técnica e habilidade. Por sua vez, a prática institucionalizada em clubes e escolinhas de futebol acaba por elevar o caráter de seriedade da formação.

No caso do futebol, essas instituições começam muito cedo a observar e selecionar as novas promessas de craques da bola. O mercado do futebol estabelece níveis de oportunidades, isto é, os clubes de futebol profissional de maior prestígio da Série A do campeonato brasileiro, são referências na excelência, logo melhores opções para ampliar a chance de ser observado por empresários. Também não podemos esquecer que os jovens atletas, mesmo na iniciação, estão sendo selecionados para viagens internacionais com períodos de testes nos principais clubes de futebol da Europa.

Muito jovens brasileiros e suas famílias estão cada vez mais cedo realizado o percurso intercontinental em busca do sonho da profissionalização e do sucesso financeiro. Esse é um movimento não só de brasileiros, mas crianças do sul global, estão sendo arregimentadas para processos de iniciação e posterior formação na Europa. Assim, cada vez mais cedo os clubes europeus usam como estratégia para fugir da responsabilidade de ter que repassar certa porcentagem financeira ao clube formador nos momentos de venda e transferência quando profissional, além de reduzir drasticamente o investimento em um atleta no final de formação ou já profissionalizado.

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https://ludopedio.org.br/arquibancada/toda-vez-que-o-adulto-balanca/


Uma canção que expressa o nosso racismo ordinário

 



Nas últimas Copas do Mundo de Futebol masculino, 2018 e 2022, o canto “eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor” deixou de ser a principal canção que embala a torcida brasileira nos estádios de futebol.

A nova música deixou de falar do povo e passou a reconhecer os protagonistas das conquistas nos mundiais de futebol masculino. Tal reconhecimento merece destaque ao apontar o perfil socioeconômico dos torcedores que frequentam essa competição, uma classe afortunada acostumada com os privilégios da branquitude e seu desprezo pelas classes populares.

Entretanto, os privilegiados cantam, dançam e enaltecem jogadores pretos. O trecho da música diz que: “em 58 foi Pelé; 62 foi o Mané; 70 o Esquadrão; 94 Romário e 2002 Fenômeno.” Atletas pretos e pardos, reconhecidos pelo protagonismo de seus feitos futebolísticos, parecendo não questionar a cor da sua pele. Quando contextualizamos o cenário social brasileiro, esse fato é relevante, em razão dos vários discursos legitimadores do racismo expressos em variadas ações discriminatórias.

O mito da democracia racial, um racismo assimilacionista, justifica essa aceitação dos atletas pretos e pardos. No entanto, precisamos destacar que a nova canção é a expressão do racismo ordinário vivenciado no país.

Racismo ordinário, como adjetivo, é assim identificado por fazer parte da ordem do dia, um processo repetitivo, corriqueiro, habitual, regular, que está presente em todos os momentos, naturalizado como algo normal e sem questionamentos. No sentido figurado, é obsceno, mau-caráter e indecente. O racismo se faz ordinário por meio de práticas legitimadas em narrativas históricas, científicas, sociais, culturais, religiosas e políticas, que continuam a dar conformidade às relações pessoais e interpessoais na sociedade brasileira.

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https://ludopedio.org.br/arquibancada/uma-cancao-que-expressa-o-nosso-racismo-ordinario/

A magia da bola em uma noite de iniciação



Meu filho começou a participar de um projeto de iniciação ao futebol e nossa noite de segunda-feira, agora, é de treinamento. O primeiro dia foi agitado, ou melhor, cheio de ansiedade até o horário marcado, e eu acompanhei seu nervosismo.

Tudo que ele sabe aprendeu com o pai no quintal de casa (meus amigos irão contestar o nível do aprendizado), jogando com colegas na escola, assistindo televisão e até no videogame, observando jogadas e depois procurando imitar.

Ir até o local do treino, envolveu muito medo e receio, sentimentos normais relacionados ao início de uma nova atividade. Sair de casa para jogar bola exigiu, deixar o videogame de lado e pegar a chuteira, meião, calção e camisa, como se diz no Rio Grande do Sul, vestir o fardamento.

Ao entrar no campo, o temor desapareceu, encontrou alguns amigos da sala de aula e, além disso, a bola é encantada, isto é, possui um poder mágico para promover a interação entre estranhos. As diferenças econômica, racial e de idade, desaparecem, enquanto outras começam a ser destacadas e essas estão relacionadas a familiaridade com a bola, condição física, técnica e tática, que mesmo na iniciação esportiva é comum ser reconhecida como “visão de jogo.”

Em nosso caso, a atividade é desinteressada, é uma atividade física para uma criança sedentária. Quando comparo nossas infâncias, a minha teve a rua como um grande playgrand a ser explorado. As brincadeiras e jogos diversos envolviam práticas corporais. Sem contar os espaços que ocupávamos, qualquer terreno baldio em condições mínimas para receber as marcações e traves, quando não praças e outros locais públicos, serviam de campo para imaginação, logo, contribuía para um maior desenvolvimento motor.

Atualmente, as crianças estão restritas ao acesso a quadras fechadas e privadas. Essas, por sua vez, são em sua maioria quadras de grama sintética, piso ou areia. Não são mais de terrão ou gramados irregulares cheios de buracos, poeira e lama. O famoso “morrinho artilheiro” deixou de fazer parte do jargão do futebol infantil. Não posso negar que ainda há gramados ruins mesmo no cenário profissional, mas o morrinho perdeu sua posição, principalmente, na iniciação.

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https://ludopedio.org.br/arquibancada/a-magia-da-bola-em-uma-noite-de-iniciacao/

Vídeo Institucional INCT Estudos de Futebol Brasileiro

 



O Instituto Nacional Ciência e Tecnológica de Estudos de Futebol Brasileiro foi aprovado pela Chamada n° 58/2022, e tem como objetivo principal ser um suporte para uma rede nacional interdisciplinar de pesquisadores, estudiosos e profissionais do futebol brasileiro. O seu Comitê Gestor tem como coordenadora a Profa. Dra. Carmen Rial (UFSC), sendo a Profa. Mariane da Silva Pisani (UFPI) a vice-coordenadora. O Prof. Dr. Luiz Carlos Rigo (UFPEL) e a Profa. Dra. Caroline Soares de Almeida (UFPE) são coordenadores da Coordenação Executiva.

O INCT Estudos de Futebol, possui 4 linhas:

(1) Futebol de mulheres, indígena e LGBTQIA+, coordenação: Wagner Xavier Camargo (UNICAMP) e Caroline Soares de Almeida (UFPE); 

(2) Futebol comunitário e de várzea, coordenação: Mauro Myskiw (UFRGS) e Luis Carlos Rigo (UFPEL), 

(3) Mídias, torcidas e movimentos antirracistas no futebol, coordenação: Antônio Jorge Soares (UFRJ) e Cristiano Mezzaroba (UFES); e, 

(4) Produção e carreiras de futebolistas, coordenação: Silvio Ricardo da Silva (UFOP) e Daniel Machado da Conceição (SME – Florianópolis).

https://www.instagram.com/inctfutebol/




O que representa a Lei da Aprendizagem?

 



A Revolução Industrial transformou a sociedade moderna, impactando principalmente nas relações com o trabalho. Nesse novo cenário social, jovens e crianças trabalhavam em fábricas e indústrias, sem qualquer tipo de proteção, fazendo surgir um tripé de reivindicações pautado na jornada, tempo de escola e condições de trabalho. Sendo incentivo para o debate a respeito desse contingente populacional.

Esse tripé de reivindicações, durante os séculos XIX e XX, orientou discussões sobre o trabalho infantojuvenil, mobilizando o interesse das empresas, famílias e instituições governamentais. À medida que novas áreas do conhecimento se consolidavam, entre elas: pedagogia, psicologia, administração, ergonomia, sociologia e mesmo o direito, com o desenvolvimento das varas da infância, juventude e trabalho etc., acrescentam novas perspectivas e reforçam argumentos.

Os estudos promoveram de maneira contundente impactos que definem uma inversão na hierarquia entre o tempo de trabalho e o de escolarização. Bem como, os efeitos na constituição, formação e desenvolvimento físico corporal infantojuvenil quando exposto a condições insalubres e perigosas no ambiente laboral. As novas informações influenciaram na organização de uma estrutura legal que visa garantir o desenvolvimento físico, emocional e psicológico dos infantes.

Durante a última década do século XX, órgãos internacionais intensificaram a necessidade de elaboração de propostas conjuntas para o cenário que a humanidade estava prestes a enfrentar. No final dos anos 1990, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um desafio, em conjunto com todos os países-membros, que ficou conhecido como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Seu propósito era articular ações que permitissem ter como resultado um mundo melhor para a geração atual e futura.

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https://blogabre.com.br/2023/07/24/o-que-representa-a-lei-da-aprendizagem/

Cultura do narcisismo e a degradação do Esporte em Christopher Lasch

 


O segundo encontro do LECÈF recebe os professores Alexandre Vaz e Daniel Machado para uma conversa sobre a obra "Cultura do Narcisismo", do historiador e crítico social estadunidense, Christopher Lasch.

Apresentação: Neilton de Sousa Ferreira Júnior

Alexandre Vaz é Doutor pela Leibniz Universität Hannover, Alemanha; Professor Titular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde atua no Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas e lidera o Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea; editor dos Cadernos de Formação RBCE e da Poled - Revista de Políticas Educativas. Pesquisador CNPq 1C.

Daniel Machado é Doutor e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Possui graduação em Ciências Sociais - Licenciatura e Bacharelado pela UFSC. Articulista na coluna "No outro lado da bola" no Portal Ludopédio. Pesquisador associado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (NEPESC/UFSC), participa do Grupo Esporte e Sociedade. Pesquisador na Associação Brasileira sobre Dupla Carreira (ABDC). Membro do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Estudos de Futebol Brasileiro (INCT), coordena com o Prof. Dr. Sílvio Ricardo da Silva (UFMG) a linha Produção e Carreira de Futebolistas.




Entre vira-latas e heróis, o racismo no futebol brasileiro

 



Introdução

Nas duas últimas Copas do Mundo de futebol Masculino, 2018 e 2022, o canto “eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor.” deixou de ser a principal canção que embala a torcida brasileira nos estádios de futebol. O sentimento e a expressão dos torcedores podem ter mudado devido ao processo político e social vivenciado no país recentemente, que talvez tenha influenciado a superação do paradoxo, orgulho e amor, cantados na mesma frase para afirmar pertencimento.

A canção que substituiu e está sendo exaltada pela torcida brasileira nos estádios da Copa do Mundo deixou de falar do povo e passou a reconhecer os protagonistas das conquistas nos   mundiais   de   futebol.   Tal   reconhecimento   merece   destaque   ao   apontar   o   perfil socioeconômico dos torcedores que frequentam a Copa do Mundo, uma classe afortunada, acostumada com os privilégios da branquitude e seu desprezo pelas classes populares. 

No entanto, os privilegiados cantam, dançam e enaltecem, jogadores pretos. O trecho da música diz que: “em 58 foi Pelé; 62 foi o Mané; 70 o Esquadrão; 94 Romário e 2002 Fenômeno.” Atletas pretos e pardos, com protagonismo reconhecido sem considerar ou desconsiderar sua cor, isto é, o racismo ordinário vivenciado no país, parece se fazer presente. Conforme Santos (1984, p. 41), “nosso preconceito racial, zelosamente guardado, vem à tona, quase sempre, num momento de competição. (O futebol é um caso mais típico de ‘momento de competição’).”

O racismo ordinário como adjetivo é assim identificado por fazer parte da ordem do dia, um processo repetitivo, corriqueiro, habitual, regular que está presente em todos os momentos, naturalizado como algo normal e sem questionamentos, pois, como nação, nosso sentimento antirracista está ainda em construção. No sentido figurado, é obsceno, mau-caráter e indecente. O racismo se faz ordinário por meio de práticas legitimadas em narrativas históricas, científicas, sociais, culturais, religiosas e políticas, que continuam a dar conformidade às relações pessoais e interpessoais na sociedade brasileira.

Os heróis de hoje, cantados em alto brado nos estádios de futebol, são representantes da brasilidade que deu certo nos gramados da bola.  Mas, nem sempre foi assim, a trajetória da inserção de pessoas pretas na modalidade exigiu resiliência, insistência e resistência. “O futebol aportou por aqui elitista e racista, cheio de nove-horas e de não me toques, prática proibida para pretos, mulatos e brancos pobres.  

Durou décadas até chegar ao povo e engrandecer-se” (MILAN,  2014, p.  139). Durante o século XX, nas primeiras décadas, os pretos estavam excluídos do futebol, o ideal do amadorismo destaca a prática desinteressada, viver do esporte era sua corrupção.

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https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/capturacriptica/article/view/6161



Apresentação Dossiê “Racismos: Corpos, políticas, cidades, poderes e dominações em tempos de ódios” (2023)

 


Organizadores:
Daniel Machado da Conceição
Hélen Rejane Silva Maciel Diogo
Jefferson Virgílio


É com muito prazer que apresentamos o dossiê  com os textos componentes deste número da revista Captura Críptica. O dossiê conta com um total de vinte e três publicações, entre artigos científicos, resenhas, uma entrevista, uma tradução e uma carta, além de uma lista de verbetes que consideramos saudável para fomentar discussões e ações futuras. O dossiê foi organizado principalmente entre um trabalho coletivo de seis mãos, mas não seria possível sem as dezenas de pareceristas, autores e autoras, além da enorme disponibilidade de Leonardo Teixeira, editor-chefe da revista, que sempre ao longo de trocas de mensagens, pedidos de parecer e atualizações sobre os andamentos dos encaminhamentos nos auxiliou para tornar o trabalho concluído. A edição conta ainda com produções do artista Afrokalípticoque nos brinda com algumas de suas artes na capa da edição e ao longo do dossiê.

Antes de apresentar, muito resumidamente, cada um dos materiais que compõem este número, pensamos em introduzir aos leitores e às leitoras sobre a escolha da temática e sobre o título deste dossiê. 

Compreendemos que no cenário nacional, desde muito antes da nossa constituição, e infelizmente, quase cinco décadas após a sua promulgação, em praticamente toda a história das invasões de corpos terceiros no atual território brasileiro o racismo foi incluído como projeto que inviabilize o país como uma nação próspera. 

Quando as primeiras armadas chegaram nas Américas, já tendo legitimidade externa para usurpar territórios - e corpos - terceiros, o racismo aqui se instalou sob os auspícios da igreja católica e das grandes monarquias e economias do globo.  Esta particular forma de contato, destrutivo e explorador, trouxe ao longo de mais de cinco séculos relevantes danos para todo o corpo autóctone que aqui se encontrava e para todos aqueles e aquelas que em algum grau são descendentes naturais destes e que lutam para sobreviver até os dias de hoje. O direito esteve presente em praticamente todos os atos que legitimam os atos de extermínio, de exploração e de roubo que foram realizados em nosso país desde então. 

Um outro conjunto de corpos, pretos, foram levados  à  diáspora pelo mecanismo da exploração comercial de corpos terceiros, popularmente conhecida como escravidão. Ainda que a disciplina histórica alardeie pouco mais de três séculos como o período de existência da escravidão negra em terras brasileiras, sabemos que há registos que se mantém até a atualidade, não curiosamente também projetados contra corpos de pessoas pretas. Na atualidade, inclusive, as novas formas de escravidão podem assumir facetas menos escancaradas, como o célebre quartinho de dormir da empregada, o caseiro do sítio ou mesmo a exploração de menores de idade para o turismo sexual nas regiões norte e nordeste do país. Novamente, o direito esteve presente, legitimando, cada um dos momentos históricos em que diferentes formas de discriminação de corpos negros se manifestaram no território nacional.

Estes dois conjuntos de corpos não estão sozinhos, mesmo na atualidade. Sabemos de situações análogas contra outras populações etnicamente marcadas, como as populações ciganas, o grande conglomerado populacional que o IBGE insiste em chamar de pardos, assim como mais recentemente os imigrantes que buscaram refúgio neste país vindo de países como a Venezuela, o Haiti, entre inúmeros outros países, notadamente dos continentes do sul do mundo: América Latina, Ásia e África. Curiosamente não temos uma grande leva de imigrantes da região norte, com exceção talvez de oriundos da Ucrânia, com conhecidos episódios de racismo, classismo e sexismo provocados por um parlamentar nacional no além-mar.

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https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/capturacriptica/article/view/6229






Vinícius Júnior, o racismo entre bode expiatório e antropofagia


Interessante refletir sobre o racismo e suas inúmeras maneiras de aparição. No Brasil, o racismo estrutural se faz ordinário, afetando relações pessoais e interpessoais. No esporte sua evidência está marcada na figura do bode expiatório, atletas que participaram da Copa do Mundo de Futebol e foram culpados pelo fracasso. O mais conhecido deles é o goleiro Barbosa, outros também fazem parte desse grupo, em sua maioria atletas pretos.

A justificativa aponta para uma fraqueza pessoal, seja ela física, emocional, intelectual ou técnica, podem estar separadas ou todas juntas diagnosticando a incompetência, não só profissional, mas também pessoal do atleta. As ofensas racistas são a externalização de um ato de expurgo idealizado como necessário para que o ocorrido não volte acontecer. Culpar alguém aplaca a frustração que o pecado da derrota promoveu.

A relação racista e racializada está no fato de geralmente serem os atletas negros escolhidos como bode expiatório. Sua vida, pessoal e profissional, é alçada ao cenário principal para justificar o injustificável, mas que ameniza a dor coletiva ao direcionar o sofrimento sacrificial a outro.

No entanto, a relação racismo e bode expiatório parece fácil conjugar, o desafio está quando atletas bem-sucedidos pessoal e profissionalmente, são xingados e bestializados pelos torcedores, entre eles no cenário internacional temos Romelu Lukaku, Mario Balotelli e, atualmente, o principal alvo da barbárie civilizatória é Vini Júnior. 

Jogadores alegres, diferenciados em campo e que se posicionam frente às injustiça. São homens pretos de sucesso, com uma trajetória de mobilidade social possibilitada pelo esporte. Especialmente, Vini Júnior, que está no Real Madrid, clube de maior prestígio internacional, mantém uma rotina regrada demonstrando muito profissionalismo, dedica atenção na busca pela excelência e fora dos holofotes das arenas esportivas não figura nas páginas sociais ou de fofocas. Sempre é arriscado usar a expressão, mas o Vinícius é um “bom moço.”

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https://ludopedio.org.br/arquibancada/vinicius-junior-o-racismo-entre-bode-expiatorio-e-antropofagia/

A RESPONSABILIDADE DO ESTADO NO COMBATE AO RACISMO ESTRUTURAL



HOJE será dia de conversarmos sobre um assunto muito atual, o racismo estrutural e seus danos à sociedade.

Receberemos em nosso canal, Daniel da Conceição, Doutor e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), linha de pesquisa Sociologia e História da Educação. Graduação em Ciências Sociais - Licenciatura e Bacharelado pela UFSC.


Disponível em:




A falta de utopias dá espaço para uma pessoa MÁ e um CACO

 


Uma coisa tenho que concordar com as pessoas, o mundo está muito chato. Está difícil manter amizades, frequentar alguns espaços, comprar mercadorias e serviços sem questionar a índole dos indivíduos e das organizações. As relações não estão apenas líquidas como evaporaram em meio ao avanço de ideologias excludentes, nefastas e mortíferas. Isso acontece porque o fascismo da extrema-direita voltou a ganhar espaço, seus adeptos disseminam ignorância que infecta a sociedade com ódio e rancor.

Um discurso raso que não agrega e apenas excluiu, passou a ocupar o lugar das antigas utopias. Contrário aos sonhos de uma terra prometida, o atrativo do discurso fascista está no fato de ser concreto e direto, isto é, eu sou bom, o outro é mau. Eu sou “bem-nascido” no meu país e o outro é estrangeiro. Eu sou superior, o outro por sua vez é inferior e nem deveria existir.

Os xingamentos e as agressões físicas são manifestações da violência, expressão da chatice que inebria a sociedade. No passado as chamadas piadinhas e brincadeiras eram corriqueiras pelo desconhecimento do que era considerado uma ofensa. Com a maior civilidade e sensibilidade sobre as palavras, tais expressões e comportamentos tornam o mundo chato, pois, continuamos ouvindo adjetivações que indicam a repetição de erros, com o agravante de sabermos suas consequências.

O mundo está chato, porque as pessoas ficaram chatas, sem utopias e sem desejo de participar de uma coletividade. Parece que a frase: jamais fomos modernos; faz muito sentido. Essa chatice significa que perdemos nossos sonhos, dando espaço para exaltação da pessoa MÁ e um CACO. Que mundo maçante em que a ignorância é valorizada, a agressão é comemorada, a ameaça significa coragem, impunidade é dom divino, e, hipocrisia passou a ser moralidade. Realmente, a sociedade está chata!

CONTINUAR LENDO EM:

http://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/a-falta-de-utopias-da-espaco-para-uma-pessoa-ma-e-um-caco/


A Importância da Educação Profissional - Fundação FAT


Cursos técnicos: fazer ou não fazer? Por onde começar? Participe do webinar da Escola Técnica FAT e entenda como o ensino técnico profissional pode ajudá-lo a alavancar sua carreira.

Professores Daniel Nascimento e Daniel Machado da Conceição.





Pinóquio do novo século: a socialização profissional necessária à transformação da “marionete” em “menino de verdade”

 


Palavras-chave: Ética de Trabalho, Jovem Aprendiz, Mercado de Trabalho, Processo Civilizador, Socialização Profissional.

Resumo

A sociedade industrial utilizou inúmeros dispositivos para criar um mundo novo. Um dos instrumentos utilizado como veículo para propagar a nova ideologia foram as histórias e contos infantis. Ao refletir sobre sua importância na formação de um imaginário que professa a idealização de um caráter formador de ações e atitudes. A proposta do ensaio procura articular reflexões da Sociologia do Trabalho e da Sociologia das Profissões, elaborando uma analogia com o livro “As aventuras de Pinóquio” do autor Carlo Collodi (2014). A pergunta que norteia o ensaio propõe discutir: o que é necessário para que o jovem deixe de ser reconhecido como “marionete” e seja aceito como “menino de verdade”? No processo de socialização profissional, o jovem aprendiz deve incorporar os valores aceitos pelo mercado de trabalho. Valores estes que passam por uma ética pelo trabalho e recebem destaque como características potenciais de sua empregabilidade. As aventuras do boneco de madeira e a relação com vários personagens permite identificar ações formativas que são valorizadas e devem ser externalizadas durante o itinerário formativo na aprendizagem.

DISPONÍVEL EM: https://periodicos.ufjf.br/index.php/csonline/article/view/37806






DOSSIÊ - JUVENTUDES E CAMPO DE POSSIBILIDADES: UMA APRESENTAÇÃO

 


Palavras-chave: Juvetude, Campos de Possibilidade.

Resumo: Apresentação Dossiê Juventude e Campo de Possibilidades.


DISPONÍVEL EM: https://periodicos.ufjf.br/index.php/csonline/article/view/39810






O acúmulo de uma herança invisível – resenha do livro Os herdeiros, de Bourdieu e Passeron (2014)

 


A  palavra  herdeiro,  no  Código  Civil  brasileiro,  possibilita  identificar  dois  tipos  ou espécies:  herdeiros  legítimos  e  testamentários.  Do  latim, hereditarius significa  que  a  pessoa recebe  algo  ou  é  alvo  do  efeito  de  uma  determinada  situação,  ou  seja,  é  aquele  que  sucede alguém que morreu, recebendo seus bens. A herança também pode significar o aprendizado de uma  tradição,  arte  ou  ciência, proporcionando  a continuidade do  que  foi  transmitido para  as gerações que se seguem. 

O livro Os herdeiros(2014) destaca essa relação e apresenta as categorias incipientes que consolidariam os futuros trabalhos do sociólogo Pierre Bourdieu. Nesta obra em parceria com Jean-Claude Passeron, os termos campo, habitus, dominação masculina, poder simbólico e reprodução ainda não se constituem como categorias, mas eles são facilmente observados na maneira com que os autores descrevem os dados e no desvelamento do objeto de estudo. Escrito em 1964, o livro é anterior às obras A reprodução(1970), Homo academicus (1984) e A nobreza de Estado(1989), este último ainda não traduzido para o português. 

A obra está dividida em três capítulos: “A escolha dos eleitos”; “Jogos sérios e jogos de seriedade”; “Aprendizes ou aprendizes de feiticeiro?”, todos os títulos muito apropriados. Também  encontramos  uma  conclusão  e  apêndices  com  os  gráficos  e  tabelas  dos  dados empíricos retirados de um conjunto de enquetes realizadas nos quadros do Centro de Sociologia Europeia. Na recente tradução para o português, feita por Ione Valle, consta ainda uma breve apresentação da obra.

Os autores dialogam com Karl Marx ao utilizar o conceito de dominação como forma relacional  no  jogo  das  disposições  sociais  de  classes,  e  ao  acionar  a  categoria capital. O sociólogo Émile Durkheim, por sua vez, auxilia os autores a pensarem na perspectiva crítica a ilusão   irrealista   de   toda   reforma   educacional   construída   sobre   bases,   exclusivamente, psicológicas,  além  de  questionar  o  ideal  de  homogeneidade,  o  qual  a  escola  seria  capaz  de produzir. Já Max Weber contribui com a descrição do tipo ideal de estudante, apresentado no capítulo três, e com as questões do poder carismático na relação entre professor e aluno. 

O objetivo dos autores foi desvelar as relações presentes no sistema de ensino francês. O  livro  se  constituiu  como  um  relatório  de  pesquisa  e  expõe  em  suas  linhas  resultados  que apresentam  como  o  estudante  de  classe  mais  favorecida  constrói  sua  trajetória  escolar  de maneira mais fácil que o estudante de classe menos favorecida.

(...)

CONTINUAR LENDO EM:

https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/capturacriptica/article/view/5743

https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/capturacriptica/article/view/5743/4950




Atuação como Professor de História 2022 - rede municipal de Florianópolis/SC

 


Educa Floripa 17.11.2022

 


Programa Educa Floripa 17.11.22

Entrevista com o Prof. Dr. Daniel Machado da Conceição, sobre ações afirmativas e Lei da Aprendizagem.



O aumento de casos de racismo no Brasil - Projeto Fala Preto

 


Projeto Fala Preto 

O aumento de casos de racismo no Brasil

Hoje teremos a honra de receber nosso amigo Daniel Conceição, onde iremos discutir sobre a importância de tratarmos da questão do racismo, antes velado e que hoje encontra terreno fértil para ser cultivado.

Doutor em Educação, Mestre em Educação e Cientista Social pela UFSC. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (NEPESC/CED/UFSC.


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Processos educativos em Os Trapalhões

 


No ano de 1988, a escola de samba Unidos do Cabuçu do Rio de Janeiro/RJ, criou um samba enredo em homenagem aos Trapalhões. A letra dizia que “Didi, Dedê, Mussum e Zacarias, seu mundo é encanto e magia.”

Em minha infância na década de 1980 e adolescência nos anos 1990 foram embaladas por essa melodia humorística. Os domingos a noite ou em posteriores inserções na programação semanal da principal rede de televisão do país, as brincadeiras e piadas que envolviam o quarteto eram produzidas e reproduzidas à exaustão. Os principais bordões dos personagens deixavam as telas da televisão e invadiam as conversas nos diversos espaços públicos e privados.

Cada personagem era estereotipado, Dedê representava o homem branco que aproveitava o privilégio da branquitude, um galã, mas por ser o oposto da virilidade masculina sua sexualidade ficava sob suspeita, motivo de muitas piadas da trupe. Didi era paradoxal, um homem nordestino que representava milhões de brasileiros humildes que sacrificavam suas vidas em busca da tão sonhada mobilidade social, porém, também era exemplo da malandragem cultuada pela capacidade de improvisar, evitar o trabalho e no final sempre se dar bem.

Zacarias era um homem do interior, emotivo, medroso, desajeitado, inseguro e de fala estridente, devido a sua aparência muitas piadas lhe eram direcionadas. Mussum, o homem negro estereotipado com características de força física, beberão, mulherengo, apaixonado por futebol e samba, além de ser avesso ao trabalho.

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Uma escolha paradoxal

 


Os estudantes, pós-isolamento social, estão enfrentando dificuldades pela quebra de linearidade no processo de socialização que experimentaram. As regras de sociabilidade aprendidas são frágeis, e a ausência de uma maior vivência coletiva impediu o desenvolvimento de empatia.

O isolamento social apenas agravou uma situação em que a individualização da sociedade e o uso excessivo dos dispositivos móveis impactam na maneira de se relacionar com o outro. Soma-se à meritocracia, que intensifica a competição; a necessidade de comparação constante com os outros; o agorismo das respostas rápidas e curtas; o desejo de recompensa imediata; e o sentimento de ter sempre uma satisfação plena.

Esse novo cenário social que as juventudes estão enfrentando resulta no aumento do número de síndromes emocionais (depressão, estresse e ansiedade), além de descaracterizar a maneira de viver coletivamente, afetando sua forma e conteúdo (SIMMEL, 1983). Uma consequência é o tempo que os professores estão dedicando em suas aulas para dar orientações sobre regras de convívio e resolução de conflitos. O ensino do conteúdo programático que deveria gerar aprendizado e, por fim, resultar na autonomia do sujeito. Está sendo perdido pelas longas intervenções para reprimendas, orientações, conselhos e mesmo punições.

Muitos estudantes não percebem que os passeios fora da escola, jogos, dinâmicas e atividades em grupo (mesmo em duplas) estão sendo reduzidos em razão do alvoroço, desrespeito, desorganização e preguiça em atender a proposta do professor. Uma sugestão elaborada como capaz de mitigar essa realidade é aplicar no Ensino Fundamental e o Médio uma prática muito comum e necessária na Educação Infantil, a semana de adaptação. Parece deslocada essa sugestão, mas, no retorno das aulas, a primeira semana deveria servir para articulação dos profissionais no desenvolvimento de atividades que despertem e enfatizem as regras de sociabilidade para uma melhor coletividade.

A escola precisa proporcionar um espaço de conversa aberta, autoavaliação e dinâmicas de grupo, visando proporcionar maior conhecimento sobre o outro e por fim gerar empatia. Todos precisam se envolver ou continuaremos durante o ano letivo com uma resposta pronta que diz: o problema é o professor ou o componente curricular que não agrada à turma.

Atuando como professor de História nos anos finais na rede municipal de educação de Florianópolis, tenho a oportunidade de estar com três turmas de sexto ano. A relação é agradável, em alguns momentos você pensa: o que estou fazendo aqui? Conflitos, picuinhas, ciúmes, inveja, egoísmo, palavrões, xingamentos e muita maldade entre os estudantes. Em outros, a satisfação de ensinar e perceber o aprendizado acontecer é algo extraordinário. Sem contar os abraços, frases de carinho, desenhos dos estudantes retratando o professor e os sorrisos. Ah, os sorrisos! Não é apenas o reconhecimento, é aquilo que afeta a autoestima de qualquer profissional, a realização pessoal.

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CBN MARINGÁ/PR - ENTREVISTA | DANIEL MACHADO (05/10/2022) #NOARNACBN

 


CBN Maringá

Entrevista com Daniel Machado da Conceição, coordenador educacional do Instituto Abre

Tema: Estágio e jovem aprendiz.

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Questões raciais: reflexões no campo educacional e esportivo

 


Ao iniciar essa conversa, quero dizer que estou realizando nos últimos anos a minha própria desconstrução, tenho procurado aprender e compreender sobre minha identidade e ancestralidade. Um processo que passa pelo reconhecimento e valorização, um exercício que se faz constante, só o debate pode desvelar as práticas naturalizadas e como gosto de dizer remover os constrangimentos.

Quando falo constrangimento, recordo da fala de um colega professor que fez o convite para que com outros dois colegas (uma professora e um professor também negros) participássemos de uma conversa sobre racismo. Realizamos uma reunião de preparação/organização e logo no início o organizador, disse: – professores, estou constrangido, não sei como falar com vocês! A preocupação dele era genuína, ele queria proporcionar um ambiente agradável, uma conversa prazerosa, mas naquele instante percebeu estar desconfortável. O constrangimento estava silenciando-o, logo, conseguiu perceber e estender essa situação para a sala de aula, identificou que quando realizava debates sobre o tema racismo, o constrangimento promove um silêncio que impede aprofundar inúmeras questões.

Abrir a conversa com este relato faz refletir a respeito da formação dos professores, ponderando, a partir do título, sobre o campo educacional e Educação Física. Não quero me alongar a respeito do papel da escola, acredito que compreendemos sua função na sociedade moderna.

A escola não está fora da sociedade, portanto os valores culturais podem ser observados durante os processos sociais de interação dos indivíduos. Questões como racismo, gênero, diferenças corporais e de inclusão (capacitismo), são vivenciadas de maneira brutal e violenta na escola e na disciplina/componente curricular Educação Física. Estas questões são importantes, pois, podem ser observadas por ações como: palavras, comportamentos, invisibilidades, risadas etc.

A conversa sobre questões raciais não deve estar restrita apenas a escuta da população negra. Um esforço de luta contra o racismo não basta, como alardeado por Ângela Davis precisamos ser antirracistas, nesse caso é um movimento de desconstrução pessoal, pois, antecipo, transformo, faço meu ensimesmamento visando rever posturas que não devem continuar se repetindo.

O preconceito é um empecilho, pois, a partir de pré-noções, pré-conceitos ou opiniões, tomamos decisões e julgamos o outro de maneira desfavorável. Com base em estigmas, marcadores que identificamos na aparência do outro, os estereótipos, agimos com maior ou menor sociabilidade. Oracy Nogueira nos ajuda entender que no Brasil a cor da pele e os traços corporais negroides, são definidores do preconceito de marca.

Os preconceitos encarados como modelos mentais nos conduzem a uma segunda expressão, discriminação, o ato ou ação de discriminar. O efeito é a separação, segregação e distinção dos indivíduos, atribuindo que alguns são melhores e iguais, outros, piores e diferentes. No contemporâneo, uma nova palavra acompanha nosso cotidiano, a injúria. Nesse caso, destacamos a injustiça, aquilo que é contrário ao direito. Se com base em preconceito realizo atos discriminatórios estou atacando o direito do outro, o principal deles, sua condição de humano.

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Ações afirmativas e uma trajetória antes, durante e depois



Quem é o Daniel que escreve essas linhas? Ele é natural de Pelotas/RS, homem preto, morador de Florianópolis há pelo menos 23 anos, casado, com duas filhas e um filho. Realizou atividades profissionais na função de assistente administrativo, almoxarife, auxiliar de depósito, vendedor, motorista entregador. Também foi assistente administrativo na Secretaria Municipal de Saúde e agente de pesquisa na agência do IBGE em Florianópolis/SC. Nos períodos de desemprego, na condição de informalidade trabalhou como pintor, servente de pedreiro, entrevistador de pesquisa de opinião e segurança de eventos.

Em 2008, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) realizou o seu primeiro vestibular com ações afirmativas. O Daniel foi aprovado no curso de Ciências Sociais e a partir da sua inserção no Ensino Superior tornou-se professor, educador, pesquisador, coordenador educacional e consultor. Destacar essa trajetória não é com propósito de vanglória pessoal, nem servir de modelo meritocrático ou crítica pela oportunidade tardia. Talvez o sentimento envolva todas as hipóteses ou nenhuma delas! O primeiro objetivo é afirmar que, por meio da educação, podemos transformar vidas. Quebrar correntes que impedem ou limitam a construção dos projetos pessoais, sejam eles: escolar, carreira e vida. A educação é uma possibilidade de romper com o círculo vicioso da pobreza. Não quero parecer inocente ao realizar essa afirmação, não desconsidero que a escola é excludente, ela seleciona os mais aptos e a inflação dos diplomas provoca redução nos salários.

As transformações que a educação possibilita são reais. Falo de um homem negro, em uma sociedade de estrutura racista que atribui a determinados grupos populacionais posições específicas na divisão social do trabalho. Com a escolarização inicial, o Daniel realizou atividades subalternas sem grande prestígio social, ao avançar para um novo nível estava apto para atividades de média complexidade, logo, com a formação superior lhe é permitido estar em outra sala, acessar outros espaços, conhecimentos e saberes. Que movimento espetacular!

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UMA TRAJETÓRIA FEMININA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA: TÁTICA E AGÊNCIA

 


RESUMO

Questões de gênero, heteronormatividades e o machismo estrutural ainda estão arraigadas a comportamentos e atitudes que causam sofrimento ou exigem grande resiliência das mulheres. Se faz necessário ponderar sobre a inserção feminina no Ensino Técnico e Profissionalizante, discutindo desafios, resistências e táticas para efetivação de uma carreira profissional. Partindo de uma entrevista realizada de forma virtual com uma egressa da Escola Técnica Federal de Santa Catarina, da década de 1980, apresentamos sua trajetória de estudante, e pretendemos responder com esse trabalho: como a realização da formação Técnico em Mecânica para uma mulher significa uma ruptura do destino esperado? Sua trajetória é relevante para discutir os valores de feminilidade durante sua infância e juventude, os quais em certa medida são questionados ao escolher o curso de formação Técnico em Mecânica.

Palavras-chave: Agência. Educação técnico profissional. Mulheres. Tática.


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https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/6356

https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/6356/2395





Entre mascotes e totens, apenas uma marca

 



Mesmo para aqueles que não acompanham futebol, como no caso de um dos autores, acabamos recebendo informações por familiares e amigos. Somos informados sobre os últimos acontecimentos no mundo da bola e o seu outro lado através deles que acompanham com maior destreza o ritmo das informações nas redes sociais.

Algo compartilhado por eles foi a descoberta em uma das redes sociais do canal FutParódias no Youtube. A criatividade da equipe que mantém o canal é extraordinária e vale o elogio. Entre as muitas paródias, uma dedica atenção às mascotes dos clubes de futebol, e serve de estímulo para escrever sobre um outro lado da bola.

A expressão mascote tem origem na língua francesa, na palavra “mascotte”. Seu significado carrega felicidade, capacidade de produzir sorte ou afastar os maus espíritos, marca de pertencimento e indica identidade coletiva. Em geral, são pessoas, animais ou coisas que são humanizadas, destacando virtudes associadas ao grupo. As mascotes são um fenômeno da imaginação, um símbolo, um ícone de referência para o coletivo, para os seus e para outros.

A figura da mascote nas equipes esportivas acontece de maneira mais sistemática nos Estados Unidos. O apelo comercial voltado para o consumo serve de incentivo para criação dos símbolos de reconhecimento e valorização, estes marcam um lugar e estampam os mais variados produtos.

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LÁGRIMAS, SANGUE, LEITE, SUOR, SALIVA E SÊMEN: FLUIDOS DO CORPO NEGRO QUE MOVEM O MOTOR CHAMADO BRASIL

 


Resumo:

O texto apresenta reflexões oriundas de estudos sobre relações raciais e racialização desenvolvidos na última década pelo autor. O método histórico foi utilizado em uma pesquisa de caráter exploratório que identifica representações do corpo negro na sociedade brasileira. O objetivo foi perceber os fluidos produzidos por esse corpo - sangue, suor, lágrima, leite, saliva e sêmen - os quais contam a história de uma diáspora. A analogia do país como um motor será empregada para dar significado aos fluidos do corpo negro, utilizados para mover as engrenagens do desenvolvimento brasileiro. O resultado permite desvelar, a partir desses fluidos, um processo estrutural que se perpetua com o tempo, ganhando sempre novos sentidos e ressignificações. Os fluidos, portanto, expressam um lugar na hierarquia social atribuído à população negra no Brasil.

Palavras-chave: 

Corpo negro, Escravização, Fluídos, Racismo.


ACESSO EM:

https://portaldeperiodicos.animaeducacao.com.br/index.php/Poiesis/article/view/12708/10317

https://portaldeperiodicos.animaeducacao.com.br/index.php/Poiesis/article/view/12708



Violência no futebol: quem é o culpado? (parte I)

 



Procurar os culpados pela violência no futebol nos faz pensar sobre a participação dos próprios jogadores. O desempenho durante a partida, envolve o antes e o depois, afeta a emoção dos torcedores fora de campo, o que permite comparar o futebol como um concerto. Uma grande orquestra, os torcedores são os músicos e os jogadores estão na condição de maestros do espetáculo.

Ao lado das quatro linhas o torcedor reproduz o que vê em campo. As muitas brigas, xingamentos e ameaças entre atletas, usadas para desestabilizar o adversário, inflamam animosidades do lado de fora do gramado e que não ficam restritas ao período da partida.  

O torcedor na arquibancada acompanha seu maestro com atenção, respondendo a cada indicação da nota mais aguda ou grave, principalmente quando essa é expressa através do comportamento agressivo e ríspido contra outro companheiro de trabalho.

A importância da regência dos jogadores é reconhecida na frase: “vocês da imprensa”. Proferida para se referir aos profissionais da mídia esportiva – virou até nome de podcast esportivo[1] – e provoca uma manipulação obducta, pois, os profissionais do futebol sabem que agindo assim promovem o engajamento em suas redes sociais e deixam de assumir sua responsabilidade.

O que perguntamos de maneira repetida, é: vai acabar a violência no futebol? Presumivelmente, não! Para acabar a violência no futebol, há necessidade de a sociedade deixar de ser violenta, uma utopia. Entretanto, lutamos para fazê-la diminuir, pois, como espaço de confraternização a cólera não é condizente.

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O quanto eles sabem para nossa atualidade

 




Os pensadores Comenius (1592-1670) e Rousseau (1712-1778) são dois grandes intelectuais que dedicaram atenção à educação. As propostas idealizadas por ambos são objeto de estudo nos cursos de formação de professores e não é sem motivo que isso acontece, afinal suas reflexões permanecem atemporais, pois falam sobre a importância da educação, como realizá-la e o resultado esperado.

Suas propostas permanecem relevantes, pois, um dos maiores desafios na sociedade contemporânea é identificar, qual o processo mais eficiente para formação das novas gerações? Os modelos de ensino são variados, utilizam metodologias que prometem conduzir crianças e jovens pelo caminho que leva ao mundo adulto, isto é, um lugar que remete à aquisição de responsabilidade, compromisso, amadurecimento, dedicação e orientado pela ética do trabalho.

As instituições de ensino aparecem com o papel de extrema importância para transmissão dos valores aceitos e reconhecidos. Realizar uma formação voltada para aquisição de habilidades, competências e atitudes, que significam a internalização de uma certa socialização, não é uma atividade simples, pois, as exigências tendem a não considerar o handcap dos indivíduos.

Articular dois autores, Comenius e Rousseau, com contexto de vida e propostas, embora, distantes devido ao período histórico, permite observar possíveis pontos de divergência e de aproximação que podem ser orientados para ajudar a entender o ambiente da formação, com o cuidado de não promover o anacronismo.

Comenius e Rousseau, na atualidade, ajudam a perceber o dilema que há sobre a decisão do tipo de formação. Suas ideias estão pautadas na condição da criança em relação ao aprendizado e, consequentemente, do “homem” durante sua sociabilidade.

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