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O alambrado que separa também marca ausência e sonho

 


A pandemia tirou os torcedores dos estádios, a proibição de aglomeração de pessoas mudou a maneira como assistimos aos jogos, especificamente, de como os ouvimos. Os potentes microfones captam os sons das falas, elogios, gritos e xingamentos. As conversas ao pé do ouvido ficaram audíveis e revelam muito da dinâmica e sociabilidade futebolística em campo.

Em alguns jogos, as crianças até precisam sair da sala. Não que o futebol deva pregar um moralismo beático, porém sempre surpreende ver pessoas exercendo sua profissão e os palavrões servirem como adjetivação e motivação. Lembro que o técnico Abel Ferreira, contratado pela Sociedade Esportiva Palmeiras/SP, em coletiva após sua expulsão de um jogo destacou que futebol não é igreja. Concordo com ele, mas isso não quer dizer que aceito seu argumento como justificativa, pois escola também não é igreja e, se eu como professor proferir um palavrão para adjetivar um educando, o que irá acontecer? Interessante refletir sobre que linha tênue dá liberdade para proferir xingamentos sem ser enquadrado como assédio moral (conversa para outro momento).

Enquanto passamos a ouvir mais sobre o jogo de futebol em campo, também começamos a perder detalhes que agora estão mediados pela transmissão dos jogos. Estar no estádio é acompanhar as partidas sem replay, o que exige outra sensibilidade. São cheiros, sons e uma vidência que permite observar a movimentação dos jogadores em todo o campo, o movimento das torcidas, as disputas por espaços, a participação dos técnicos, dos suplentes no banco de reserva, dos dirigentes, a movimentação da segurança (polícia) e muitos outros detalhes que widescreen não pode captar integralmente.

Minha proposta não é discutir sobre os efeitos positivos ou negativos a respeito de como assistir aos jogos, preferências e gostos impactam na subjetividade do sujeito que decide como pretende acompanhar esse momento festivo. Pretendo pontuar sobre a ausência dos torcedores nos estádios, de maneira específica a respeito de um elemento na estrutura do jogo que perdeu seu sentido, o alambrado.

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