Aline
Kathleen dos Santos
Clara
Suzana Santana
Guilherme
Teo dos Santos
Hilquias
Meneses Santos Gomes
Discentes
do Curso de Licenciatura em Educação Física Universidade
Federal de Sergipe
O
termo fake
news
corresponde às notícias falsas publicadas por
meios de comunicação como se fossem informações reais com o
intuito de prejudicar ou legitimar um ponto de vista de uma pessoa ou
grupo. No atual cenário brasileiro mediante à pandemia do novo
coronavírus, essa prática tornou-se uma grande adversária da saúde
pública dificultando o combate à doença, pois muitas delas, além
de serem espalhadas em formato jornalístico, também são veiculadas
por figuras de autoridade, como o próprio presidente da República
Jair Messias Bolsonaro, acarretando numa maior credibilidade à falsa
informação. Mas quais os prejuízos que essa prática traz à
população em meio à pandemia?
Até
2019 sabia-se que dentro da família Coronaviridae
existem
quatro gêneros: alfacoronavírus, betacoronavírus, gamacoronavírus
e deltacoronavírus e seis espécies de Coronavírus com sintomas de
gripe comum que infectam os humanos (229E, OC43, NL63 e HKU1,
SARS-Cov e MERS-Cov) estas últimas de origem zoonótica, associadas
as doenças com síndromes respiratórias possivelmente fatais
(Chaves & Bellei, 2020; Zhu et
al.,
2020).
Em
31 de dezembro de 2019, em Wuhan, China, foi descoberto o sétimo
elemento dessa família de Coronavírus. Esse novo agente, o SARS-Cov
2, causador da covid-19 com alto grau de contágio, toma em 2020
grande proporção no mundo caracterizando uma pandemia (disseminação
mundial de uma nova doença).
A
partir disso, diante de um cenário nebuloso em que a mídia é usada
para informar à população sobre a doença, surge outro grave
problema. A desinformação através das fake
news,
tendo a mídia como nosso maior meio de informação, a depender dos
usos que se façam dos veículos midiáticos, tão letal quanto a
covid-19. Esse conjunto de veículos é importante para a sociedade,
no sentido de nos ligar à realidade, procurando garantir a vida da
população mundial, mas, por outro lado, há a possibilidade de
manipulação em massa, inclusive, usando um fato verdadeiro, mas
deturpando a maneira como ele é “contado” ou o momento que ele
ressurge, com fins ideológicos.
O
fenômeno fake
news
se tornou algo bastante frequente e de fácil acesso diante da
facilidade da propagação de notícias por meio de redes sociais,
que estão ao alcance de uma grande parcela da população mundial a
partir dos nossos dispositivos móveis, tendo como principais temas a
política,
economia, esporte, cultura, entre outros. Com
a
atual pandemia mundial do novo coronavírus, as fake
news
vieram a se tornar um problema de saúde pública, como na divulgação
de eficácia de medicamentos de fácil acesso sem as devidas
comprovações científicas no combate à covid-19, vindo a ter um
impacto negativo no tratamento de outras doenças, como o medicamento
Ivermectina (utilizado no tratamento de infestações por parasitas
como oncocercose e estrongiloidíse), quem tem causado problemas
hepáticos em usuários no Brasil.
O
medicamento supracitado faz parte do chamado “kit covid” composto
por medicamentos sem eficácia contra à doença, como por exemplo a
cloroquina (eficaz no tratamento da malária, lupus e artrite
reumatóide), mas divulgado (por instâncias governamentais de vários
níveis de poder, mas também por instituições médicas, o que é
algo que chama atenção) como eficiente ‘tratamento precoce’. O
maior incentivador do uso desse “kit” é o presidente Jair
Bolsonaro que age como “garoto propaganda” e dissemina ainda mais
fake
news
relacionadas à cura e prevenção da covid-19 e coloca em risco a
saúde da população que se arrisca a utilizar tais medicamentos.
Outro
problema agravado foi o movimento antivacina, vindo a ser
influenciado também pelo presidente Jair Bolsonaro, que durante a
pandemia teve seu discurso voltado em questionar a eficácia das
vacinas, em especial a Coronavac, desenvolvida a partir da parceira do Instituto Instituto
Butantan com a biofarmacêutica chinesa Sinovac Biotec, vacina esta
aprovada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),
ideologizando a questão, em conflito de interesses políticos com o
então governador de São Paulo, outrora aliado político, e agora,
adversário declarado. Tal atitude incentiva as pessoas a não
aceitarem serem vacinadas pela insegurança e medo que as notícias
falsas criam sobre a vacina e suas possíveis consequências e levam
ao negacionismo da ciência.
Para
combater as fake
news
o Ministério da Saúde criou o serviço “Saúde sem Fake News”
que funciona por meio do WhatsApp, em que a população pode mandar a
informação recebida para o número disponibilizado, e depois de
analisada o cidadão receberá como resposta um selo ilustrando se a
informação é verdadeira ou falsa, sanando suas dúvidas sobre o
conteúdo. Tal serviço ajuda no enfrentamento à problemática, mas
é destinado à um público limitado já que nem todos conhecem o
serviço e possuem acesso à esse meio de comunicação. Além do
mais, embora seja uma iniciativa necessária, cumpre questionar se o
Presidente da República não ajudasse a gerar as fake
news,
já seria de grande valia o serviço público prestado.
É
notório que a questão das fake
news
traz graves prejuízos à sociedade, pois quem acredita, além de
aderir à falsa informação ou recomendação, espalha para outras
pessoas de maneira equivocada. Durante a pandemia houve um
agravamento desse problema e vemos o retrato disso em nossa atual
situação com alto número de infectados e mortos em decorrência da
covid-19 todos os dias. Além da falta de vacina existente no país,
as fake
news
nos levaram a essa triste realidade, pois estimulam os cidadãos a
ignorar a máscara, álcool em gel, trazem “falsa sensação” de
proteção por conta do “kit covid”, entre tantos outros
absurdos.
REFERÊNCIAS:
CHAVES,
T. S. S.; BELLEI, N. SARS-CoV-2, o novo Coronavírus: uma reflexão
sobre a Saúde Única (One Health) e a importância da medicina de
viagem na emergência de novos patógenos. Revista
de Medicina,
v. 99, n. 1, 2020. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/167173/159662. Acesso: 3 fev. 2021.
ZHU,
N. et
al.
A Novel Coronavirus from Patients with Pneumonia in China, 2019. The
New England Journal of Medicine,
v. 382, p. 727-733, feb. 2020. Disponível
em: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2001017.
Acesso: 3 fev. 2021.
[1] Desde março de 2020 temos experienciado a dura e preocupante realidade da pandemia de covid-19, que, no Brasil, desde que chegou, encontrou, infelizmente, "fértil terreno" para sua disseminação intensificada. Ao campo educacional de modo geral, restou a experimentação com o chamado "modo remoto de ensino".
Assim, na disciplina "Saúde, Sociedade e Educação Física" (ministrada pelo Prof. Dr. Cristiano Mezzaroba), ofertada ao curso de Licenciatura em Educação Física na Universidade Federal de Sergipe, de outubro de 2020 a fevereiro de 2021, procuramos trazer o contexto da saúde coletiva com o da Educação Física, aproveitando o contexto atual para fazer discussões e reflexões pertinentes tanto à formação docente como uma formação cidadã.
Os/as discentes participantes, em pequenos grupos, foram estimulados a escrever ensaios teóricos considerando a experiência social de viver na/com a pandemia, podendo articular às mais variadas temáticas, como valores humanos, a relação saúde x doença, política, mídia, tecnologias, ciência, religião, educação, cultura, esporte, fake news etc.
Dos quatro textos recebidos, dois grupos aceitaram reescrever seus ensaios em versões reduzidas, os quais são publicados agora.
O primeiro deles, "Consequências das 'fake news' na sociedade em tempos de pandemia" - de autoria de Aline Kathleen dos Santos, Clara Suzana Santana, Guilherme Teo dos Santos e Hilquias Meneses Santos Gomes, como explicita no título, tece um panorama dos impactos das fake news na sociedade brasileira, prejudicando o enfrentamento da pandemia.
O segundo texto, a ser publicado posteriormente, de autoria de Ana Miriam dos Santos Cardos, Carolayne Jhenyfer Correia Montes dos Santos, Jean Carlos Alves da Costa e Jennifer Benigna da Silva Santos, tem como título "COVID-19: o impacto da quarentena sobre o nível de atividade física", e procurou analisar as questões em torno das práticas corporais em contexto mais restringido devido aos perigos da contaminação pelo novo vírus àqueles que realizam suas práticas corporais cotidianamente.
Boa leitura e reflexões... o conhecimento salva vidas! Viva o SUS! Viva a UNIVERSIDADE PÚBLICA BRASILEIRA!
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