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Questões raciais: reflexões no campo educacional e esportivo

 


Ao iniciar essa conversa, quero dizer que estou realizando nos últimos anos a minha própria desconstrução, tenho procurado aprender e compreender sobre minha identidade e ancestralidade. Um processo que passa pelo reconhecimento e valorização, um exercício que se faz constante, só o debate pode desvelar as práticas naturalizadas e como gosto de dizer remover os constrangimentos.

Quando falo constrangimento, recordo da fala de um colega professor que fez o convite para que com outros dois colegas (uma professora e um professor também negros) participássemos de uma conversa sobre racismo. Realizamos uma reunião de preparação/organização e logo no início o organizador, disse: – professores, estou constrangido, não sei como falar com vocês! A preocupação dele era genuína, ele queria proporcionar um ambiente agradável, uma conversa prazerosa, mas naquele instante percebeu estar desconfortável. O constrangimento estava silenciando-o, logo, conseguiu perceber e estender essa situação para a sala de aula, identificou que quando realizava debates sobre o tema racismo, o constrangimento promove um silêncio que impede aprofundar inúmeras questões.

Abrir a conversa com este relato faz refletir a respeito da formação dos professores, ponderando, a partir do título, sobre o campo educacional e Educação Física. Não quero me alongar a respeito do papel da escola, acredito que compreendemos sua função na sociedade moderna.

A escola não está fora da sociedade, portanto os valores culturais podem ser observados durante os processos sociais de interação dos indivíduos. Questões como racismo, gênero, diferenças corporais e de inclusão (capacitismo), são vivenciadas de maneira brutal e violenta na escola e na disciplina/componente curricular Educação Física. Estas questões são importantes, pois, podem ser observadas por ações como: palavras, comportamentos, invisibilidades, risadas etc.

A conversa sobre questões raciais não deve estar restrita apenas a escuta da população negra. Um esforço de luta contra o racismo não basta, como alardeado por Ângela Davis precisamos ser antirracistas, nesse caso é um movimento de desconstrução pessoal, pois, antecipo, transformo, faço meu ensimesmamento visando rever posturas que não devem continuar se repetindo.

O preconceito é um empecilho, pois, a partir de pré-noções, pré-conceitos ou opiniões, tomamos decisões e julgamos o outro de maneira desfavorável. Com base em estigmas, marcadores que identificamos na aparência do outro, os estereótipos, agimos com maior ou menor sociabilidade. Oracy Nogueira nos ajuda entender que no Brasil a cor da pele e os traços corporais negroides, são definidores do preconceito de marca.

Os preconceitos encarados como modelos mentais nos conduzem a uma segunda expressão, discriminação, o ato ou ação de discriminar. O efeito é a separação, segregação e distinção dos indivíduos, atribuindo que alguns são melhores e iguais, outros, piores e diferentes. No contemporâneo, uma nova palavra acompanha nosso cotidiano, a injúria. Nesse caso, destacamos a injustiça, aquilo que é contrário ao direito. Se com base em preconceito realizo atos discriminatórios estou atacando o direito do outro, o principal deles, sua condição de humano.

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https://ludopedio.org.br/arquibancada/questoes-raciais-reflexoes-no-campo-educacional-e-esportivo/



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