Os estudantes, pós-isolamento social, estão enfrentando dificuldades pela quebra de linearidade no processo de socialização que experimentaram. As regras de sociabilidade aprendidas são frágeis, e a ausência de uma maior vivência coletiva impediu o desenvolvimento de empatia.
O isolamento social apenas agravou uma situação em que a individualização da sociedade e o uso excessivo dos dispositivos móveis impactam na maneira de se relacionar com o outro. Soma-se à meritocracia, que intensifica a competição; a necessidade de comparação constante com os outros; o agorismo das respostas rápidas e curtas; o desejo de recompensa imediata; e o sentimento de ter sempre uma satisfação plena.
Esse novo cenário social que as juventudes estão enfrentando resulta no aumento do número de síndromes emocionais (depressão, estresse e ansiedade), além de descaracterizar a maneira de viver coletivamente, afetando sua forma e conteúdo (SIMMEL, 1983). Uma consequência é o tempo que os professores estão dedicando em suas aulas para dar orientações sobre regras de convívio e resolução de conflitos. O ensino do conteúdo programático que deveria gerar aprendizado e, por fim, resultar na autonomia do sujeito. Está sendo perdido pelas longas intervenções para reprimendas, orientações, conselhos e mesmo punições.
Muitos estudantes não percebem que os passeios fora da escola, jogos, dinâmicas e atividades em grupo (mesmo em duplas) estão sendo reduzidos em razão do alvoroço, desrespeito, desorganização e preguiça em atender a proposta do professor. Uma sugestão elaborada como capaz de mitigar essa realidade é aplicar no Ensino Fundamental e o Médio uma prática muito comum e necessária na Educação Infantil, a semana de adaptação. Parece deslocada essa sugestão, mas, no retorno das aulas, a primeira semana deveria servir para articulação dos profissionais no desenvolvimento de atividades que despertem e enfatizem as regras de sociabilidade para uma melhor coletividade.
A escola precisa proporcionar um espaço de conversa aberta, autoavaliação e dinâmicas de grupo, visando proporcionar maior conhecimento sobre o outro e por fim gerar empatia. Todos precisam se envolver ou continuaremos durante o ano letivo com uma resposta pronta que diz: o problema é o professor ou o componente curricular que não agrada à turma.
Atuando como professor de História nos anos finais na rede municipal de educação de Florianópolis, tenho a oportunidade de estar com três turmas de sexto ano. A relação é agradável, em alguns momentos você pensa: o que estou fazendo aqui? Conflitos, picuinhas, ciúmes, inveja, egoísmo, palavrões, xingamentos e muita maldade entre os estudantes. Em outros, a satisfação de ensinar e perceber o aprendizado acontecer é algo extraordinário. Sem contar os abraços, frases de carinho, desenhos dos estudantes retratando o professor e os sorrisos. Ah, os sorrisos! Não é apenas o reconhecimento, é aquilo que afeta a autoestima de qualquer profissional, a realização pessoal.
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