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O acúmulo de uma herança invisível – resenha do livro Os herdeiros, de Bourdieu e Passeron (2014)

 


A  palavra  herdeiro,  no  Código  Civil  brasileiro,  possibilita  identificar  dois  tipos  ou espécies:  herdeiros  legítimos  e  testamentários.  Do  latim, hereditarius significa  que  a  pessoa recebe  algo  ou  é  alvo  do  efeito  de  uma  determinada  situação,  ou  seja,  é  aquele  que  sucede alguém que morreu, recebendo seus bens. A herança também pode significar o aprendizado de uma  tradição,  arte  ou  ciência, proporcionando  a continuidade do  que  foi  transmitido para  as gerações que se seguem. 

O livro Os herdeiros(2014) destaca essa relação e apresenta as categorias incipientes que consolidariam os futuros trabalhos do sociólogo Pierre Bourdieu. Nesta obra em parceria com Jean-Claude Passeron, os termos campo, habitus, dominação masculina, poder simbólico e reprodução ainda não se constituem como categorias, mas eles são facilmente observados na maneira com que os autores descrevem os dados e no desvelamento do objeto de estudo. Escrito em 1964, o livro é anterior às obras A reprodução(1970), Homo academicus (1984) e A nobreza de Estado(1989), este último ainda não traduzido para o português. 

A obra está dividida em três capítulos: “A escolha dos eleitos”; “Jogos sérios e jogos de seriedade”; “Aprendizes ou aprendizes de feiticeiro?”, todos os títulos muito apropriados. Também  encontramos  uma  conclusão  e  apêndices  com  os  gráficos  e  tabelas  dos  dados empíricos retirados de um conjunto de enquetes realizadas nos quadros do Centro de Sociologia Europeia. Na recente tradução para o português, feita por Ione Valle, consta ainda uma breve apresentação da obra.

Os autores dialogam com Karl Marx ao utilizar o conceito de dominação como forma relacional  no  jogo  das  disposições  sociais  de  classes,  e  ao  acionar  a  categoria capital. O sociólogo Émile Durkheim, por sua vez, auxilia os autores a pensarem na perspectiva crítica a ilusão   irrealista   de   toda   reforma   educacional   construída   sobre   bases,   exclusivamente, psicológicas,  além  de  questionar  o  ideal  de  homogeneidade,  o  qual  a  escola  seria  capaz  de produzir. Já Max Weber contribui com a descrição do tipo ideal de estudante, apresentado no capítulo três, e com as questões do poder carismático na relação entre professor e aluno. 

O objetivo dos autores foi desvelar as relações presentes no sistema de ensino francês. O  livro  se  constituiu  como  um  relatório  de  pesquisa  e  expõe  em  suas  linhas  resultados  que apresentam  como  o  estudante  de  classe  mais  favorecida  constrói  sua  trajetória  escolar  de maneira mais fácil que o estudante de classe menos favorecida.

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