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Apresentação Dossiê “Racismos: Corpos, políticas, cidades, poderes e dominações em tempos de ódios” (2023)

 


Organizadores:
Daniel Machado da Conceição
Hélen Rejane Silva Maciel Diogo
Jefferson Virgílio


É com muito prazer que apresentamos o dossiê  com os textos componentes deste número da revista Captura Críptica. O dossiê conta com um total de vinte e três publicações, entre artigos científicos, resenhas, uma entrevista, uma tradução e uma carta, além de uma lista de verbetes que consideramos saudável para fomentar discussões e ações futuras. O dossiê foi organizado principalmente entre um trabalho coletivo de seis mãos, mas não seria possível sem as dezenas de pareceristas, autores e autoras, além da enorme disponibilidade de Leonardo Teixeira, editor-chefe da revista, que sempre ao longo de trocas de mensagens, pedidos de parecer e atualizações sobre os andamentos dos encaminhamentos nos auxiliou para tornar o trabalho concluído. A edição conta ainda com produções do artista Afrokalípticoque nos brinda com algumas de suas artes na capa da edição e ao longo do dossiê.

Antes de apresentar, muito resumidamente, cada um dos materiais que compõem este número, pensamos em introduzir aos leitores e às leitoras sobre a escolha da temática e sobre o título deste dossiê. 

Compreendemos que no cenário nacional, desde muito antes da nossa constituição, e infelizmente, quase cinco décadas após a sua promulgação, em praticamente toda a história das invasões de corpos terceiros no atual território brasileiro o racismo foi incluído como projeto que inviabilize o país como uma nação próspera. 

Quando as primeiras armadas chegaram nas Américas, já tendo legitimidade externa para usurpar territórios - e corpos - terceiros, o racismo aqui se instalou sob os auspícios da igreja católica e das grandes monarquias e economias do globo.  Esta particular forma de contato, destrutivo e explorador, trouxe ao longo de mais de cinco séculos relevantes danos para todo o corpo autóctone que aqui se encontrava e para todos aqueles e aquelas que em algum grau são descendentes naturais destes e que lutam para sobreviver até os dias de hoje. O direito esteve presente em praticamente todos os atos que legitimam os atos de extermínio, de exploração e de roubo que foram realizados em nosso país desde então. 

Um outro conjunto de corpos, pretos, foram levados  à  diáspora pelo mecanismo da exploração comercial de corpos terceiros, popularmente conhecida como escravidão. Ainda que a disciplina histórica alardeie pouco mais de três séculos como o período de existência da escravidão negra em terras brasileiras, sabemos que há registos que se mantém até a atualidade, não curiosamente também projetados contra corpos de pessoas pretas. Na atualidade, inclusive, as novas formas de escravidão podem assumir facetas menos escancaradas, como o célebre quartinho de dormir da empregada, o caseiro do sítio ou mesmo a exploração de menores de idade para o turismo sexual nas regiões norte e nordeste do país. Novamente, o direito esteve presente, legitimando, cada um dos momentos históricos em que diferentes formas de discriminação de corpos negros se manifestaram no território nacional.

Estes dois conjuntos de corpos não estão sozinhos, mesmo na atualidade. Sabemos de situações análogas contra outras populações etnicamente marcadas, como as populações ciganas, o grande conglomerado populacional que o IBGE insiste em chamar de pardos, assim como mais recentemente os imigrantes que buscaram refúgio neste país vindo de países como a Venezuela, o Haiti, entre inúmeros outros países, notadamente dos continentes do sul do mundo: América Latina, Ásia e África. Curiosamente não temos uma grande leva de imigrantes da região norte, com exceção talvez de oriundos da Ucrânia, com conhecidos episódios de racismo, classismo e sexismo provocados por um parlamentar nacional no além-mar.

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https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/capturacriptica/article/view/6229






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