Seja bem-vindo!

Total de visualizações de página

Webinário "Indústria Cultural e Esporte/Futebol" - INCT Futebol

Webinário da Linha "Mídias, Torcidas e Movimentos Antirracistas" do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Estudos de Futebol Brasileiro (INCT Futebol).

Temática: "Indústria Cultural e Esporte/Futebol"

Convidado: Prof. Dr. Alexandre Fernandez Vaz (UFSC)

Mediadores: 

Prof. Dr. Cristiano Mezzaroba (UFS)

Prof. Dr. Daniel Machado da Conceição (INCT)





DISPONÍVEL EM:

https://www.youtube.com/watch?v=AXr4xpZRP-E&t=4033s



Nova edição da revista Contemporânea, uma quase revista, organizada pelos Prof. Dr. Daniel Machado da Conceição e Prof. Dr. Alexandre Fernandez Vaz.



VINICIUS JR. E OS EMBATES DO NOSSO TEMPO: O RACISMO E O ESPORTE

    Antes de completar 24 anos, Vinicius Junior, do Real Madrid e da seleção brasileira, é hoje uma das principais vozes antirracistas que conhecemos. Alvo de seguidas agressões simbólicas por parte principalmente de torcedores adversários, o jogador profissional vem marcando gols não apenas no gramado, mas fora dele, com diversas ações que respondem, de forma contundente, a seus agressores. Igualmente, Vini Jr. vem desestabilizando o ensurdecedor silêncio que grande parte do establishment do futebol exercita frente a práticas racistas na Europa, mas também em muitos outros estádios pelo mundo afora.

    O número temático que faz a Contemporânea, a nossa quase revista, voltar a ser publicada, se compõe de textos que se dedicam ao racismo no esporte, ou, dito de outra maneira, das relações entre o primeiro e o segundo. Colaboradoras e colaboradores, com exceção de um, são vinculados a universidades federais do Brasil. O primeiro deles, Neilton de Sousa Ferreira Júnior, é de Viçosa, Minas Gerais. Ele abre os trabalhos de maneira instigante, ao reconstruir uma história do esporte olímpico para dizer de seu intrínseco caráter racista. O trabalho seguinte é resultado de uma parceria entre Beatriz de França Alves e Cristiano Mazzaroba, de
Sergipe, e Daniel Machado da Conceição, de Santa Catarina. O trio faz um breve e preciso inventário da presença do racismo no esporte – via, por exemplo, estereótipos corporais direcionados a pessoas negras –, perguntando sobre as possibilidades de sua superação.

    A terceira contribuição faz um pequeno giro para encontrar a interseccionalidade no futebol feminino em suas práticas pós cancelamento da proibição do jogo para as mulheres brasileiras. A contundência do texto é obra de Caroline Soares de Almeida, que retoma questões que vêm dos anos 1980 para pensar sobre algumas das representações sobre mulheres futebolistas, mostrando como raça, classe social, gênero e sexualidade, determinam as formas de a imprensa esportiva, dominada por homens, tratar do jogo delas.

    Um novo giro se encontra no quarto texto deste temático, que não se refere exatamente ao esporte, mas ao jogo de capoeira e suas vicissitudes como história plasmada da sociedade brasileira. Os autores e as autoras localizam formas de racismo nesse existir, assim como apostam em possibilidades, justamente pela crítica radical, de sua superação. O grupo é liderado por Christian Muleka Mwewa, do Mato Grosso do Sul, ladeado por Alex Sander da Silva, da Universidade do Extremo Sul Catarinense, e por Juliani L. C. Ferreira e Aline Ortega Soloaga, também do estado do Centro-Oeste brasileiro.

Para fechar, Antonio Jorge Gonçalves Soares, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte, traz algo novo para o debate, ao observar os primeiros episódios de agressão contra Vini Jr. que foram publicizados, em 2023. O autor recorre ao conceito de casta como operador analítico para a compreensão do aparente paradoxo entre a ascensão social de jogadores negros e a persistência do racismo, o que mostra, entre outros pontos, a impossibilidade de a sociedade liberal cumprir suas promessas de igualdade e meritocracia.

Autoras e autores, muito obrigado. Leitoras e leitores, que desfrutem, pensem, discordem, concordem, critiquem. Sigamos nesse debate que é dos mais importantes para as tentativas de construção de um esporte e de uma sociedade que sejam fontes de menos sofrimento.

Alexandre Fernandez Vaz
Daniel Machado da Conceição
Florianópolis, junho de 2024.




@nepesc.ufsc
 



Sobre valores esportivos, rivalidades e contradições: a dupla GRENAL em evidência

 



Dificilmente algum(a) brasileiro(a) não se sentiu tocado diante das enchentes, inundações e grande destruição que acometeu boa parte do território gaúcho a partir de final de abril de 2024 e boa parte de todo o mês de maio. A mídia brasileira mobilizou sua estrutura e seus profissionais e fez uma ampla e, por vezes, saturada cobertura diante daquela situação em que a realidade, impactada pela resposta voraz da natureza às ações humanas, ia se apresentando por meio da chuva que não parava, da destruição que aumentava e assustava, da grande quantidade de pessoas que buscava se salvar e encontrar um abrigo para depois tratar de seguir sua vida.

Como é próprio desses momentos, de forma semelhante ao que vimos recentemente com a pandemia de Covid-19, circulam discursos que enfatizam a tomada de consciência, a solidariedade, a empatia, a união, etc. Não foi diferente com a tragédia enfrentada pelo Rio Grande do Sul, principalmente em Porto Alegre e sua região metropolitana. E, num estado em que o futebol é parte da cultura e explicita aspectos de sua historicidade combativa, que contribui para a divisão clubística dos gaúchos na formação daquilo ao qual hoje se tornou banal se referir pelo termo “polarização” (no senso comum da política, por exemplo, embora bastante errôneo, por sinal, como se houvesse uma esquerda, que é quase centro, versus uma direita, que está bem para seu extremo), o azul, representado pelo Grêmio, e o vermelho, representado pelo Internacional, não ficam de fora dos acontecimentos e reflexões.

Com toda sua estrutura impactada e comprometida para treinamentos e jogos, as duas equipes, em estratégia inédita, no dia 21 de maio, uniram-se para divulgar uma campanha para ajudar na reconstrução dos lugares atingidos pelas enchentes, com a ação intitulada “Jogando Junto – Pela reconstrução do RS”, mobilizando atletas, dirigentes (o presidente gremista, Alberto Guerra, e o presidente colorado, Alessandro Barcellos), torcedores, empresas e a mídia de forma geral. A junção das duas instituições clubísticas gerou a criação de uma imagem, na cor roxa, resultado da mescla entre o azul gremista e o vermelho colorado. Divulgou-se que as equipes iriam ceder espaços em seus uniformes e também em suas mídias sociais para dar visibilidade a empresas que participassem de ações para a reconstrução do Estado e das pessoas afetadas. Cogitou-se, também, a possibilidade do Grêmio ceder seu centro de treinamento ao Inter, e o Inter, por sua vez, ceder o Estádio Beira Rio para jogos do Grêmio. Segundo dados do Portal Terra, na data da publicação da matéria, a estratégia já havia viabilizado o montante de R$ 28 milhões.

CONTINUAR LENDO EM: https://www.inctfutebol.com.br/post/sobre-valores-esportivos-rivalidades-e-contradi%C3%A7%C3%B5es-a-dupla-grenal-em-evid%C3%AAncia


MEZZAROBA, Cristiano. SANFELICE, Gustavo. CONCEIÇÃO, Daniel. Sobre valores esportivos, rivalidades e contradições: a dupla GRENAL em evidência. Bate-pronto, INCTFUTEBOL, Florianópolis, V.1, n.16, 2024.   

Sobre valores esportivos, rivalidades e contradições: a dupla GRENAL em evidência

 


Dificilmente algum(a) brasileiro(a) não se sentiu tocado diante das enchentes, inundações e grande destruição que acometeu boa parte do território gaúcho a partir de final de abril de 2024 e boa parte de todo o mês de maio. A mídia brasileira mobilizou sua estrutura e seus profissionais e fez uma ampla e, por vezes, saturada cobertura diante daquela situação em que a realidade, impactada pela resposta voraz da natureza às ações humanas, ia se apresentando por meio da chuva que não parava, da destruição que aumentava e assustava, da grande quantidade de pessoas que buscava se salvar e encontrar um abrigo para depois tratar de seguir sua vida.

Como é próprio desses momentos, de forma semelhante ao que vimos recentemente com a pandemia de Covid-19, circulam discursos que enfatizam a tomada de consciência, a solidariedade, a empatia, a união, etc. Não foi diferente com a tragédia enfrentada pelo Rio Grande do Sul, principalmente em Porto Alegre e sua região metropolitana. E, num estado em que o futebol é parte da cultura e explicita aspectos de sua historicidade combativa, que contribui para a divisão clubística dos gaúchos na formação daquilo ao qual hoje se tornou banal se referir pelo termo “polarização” (no senso comum da política, por exemplo, embora bastante errôneo, por sinal, como se houvesse uma esquerda, que é quase centro, versus uma direita, que está bem para seu extremo), o azul, representado pelo Grêmio, e o vermelho, representado pelo Internacional, não ficam de fora dos acontecimentos e reflexões.

CONTINUAR LENDO EM:

https://www.inctfutebol.com.br/post/sobre-valores-esportivos-rivalidades-e-contradi%C3%A7%C3%B5es-a-dupla-grenal-em-evid%C3%AAncia