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A miopia social e o papel da educação

 


Nas últimas semanas, foi necessário atualizar meus óculos, avaliar o grau da miopia (enxergar longe) e astigmatismo (enxergar nem perto e nem longe). Trata-se de um procedimento que deve ser realizado com certa frequência por ter origem em uma doença degenerativa. Sua correção só pode acontecer com intervenção cirúrgica, em alguns casos com lentes de contato e, mais comumente, com o uso de óculos. 

Minhas falhas de visão foram observadas por uma dedicada professora quando eu tinha 11 anos. Escrita errada, leitura equivocada e olhos quase fechados ao dirigirem-se ao quadro dispararam o alerta. Alguns familiares usavam óculos, um histórico de doenças da visão existia, mas a família, no primeiro momento, preferia aceitar que os erros eram justificados por outros motivos reconhecidos hoje nas mais diversas síndromes e que, na época, facilmente eram atribuídos a um retardo, má vontade ou falta dela, tachando-me de adjetivos que identificavam os erros pessoais na escola. 

A partir da observação de uma professora sensível aos dilemas de seu estudante, uma nova realidade me foi apresentada. O desconforto dos óculos foi rapidamente superado pelos benefícios que proporcionavam. A pretensão em fazer esse breve relato é para destacar o papel dos professores que atuam sem estar restritos ao ensino do conteúdo, também dedicando atenção aos educandos de maneira singular. Um agradecimento deve ser feito a eles. A experiência com a atualização das lentes dos meus óculos possibilita, igualmente, pensar que a vida em sociedade, sua realidade, precisa de tempos em tempos passar por correção, para não ficarmos com um olhar desfocado, distorcido ou embaçado.

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