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As águas de março já não significam renovação, sera?

 





Um sábado, que iniciou chuvoso em Florianópolis/SC, finaliza o segundo mês do ano. Notícias nos telejornais informam sobre a necessidade do isolamento social e que os cuidados sanitários devem ser redobrados. O sentimento de pesar, impotência, angústia e desalento, permite ao olhar pela janela, lembrar da música “Águas de março”, composição do Tom Jobim, de 1972. Talvez, a lembrança esteja ligada a um pensamento de renovação, estamos por iniciar mais um mês de março, carentes de esperança.

Tom Jobim, que durante o período da ditadura militar no Brasil sofreu com desconfianças e certa perseguição, foi considerado subversivo, principalmente, após a assinatura com outros músicos de um manifesto e a negativa em apresentar-se no Festival Internacional da Canção, promovido pela Rede Globo. Era um momento em que o compositor questionava sua obra e era assombrado pelo sucesso da música Garota de Ipanema. Um estado de desilusão que após um dia cansativo resultou no primeiro esboço da letra que apontava para uma esperança, pois, “são as águas de março fechando o verão, é a promessa de vida no teu coração.” 

A canção fez parte de três álbuns. O primeiro de 1972, o segundo de 1973 e o terceiro aparecendo em 1974 (uma versão em dueto com Elis Regina), que trouxe à obra o sucesso comercial e a consagração. A lembrança dessa história e a mensagem que essa bela canção procura transmitir, remetem à nossa situação contemporânea. No ano de 2020, a pandemia da COVID-19 se disseminou pelo mundo. No Brasil, há um ano as primeiras medidas sanitárias e de isolamento social foram aplicadas. Ano em que as águas de março não fecharam o verão, mas apenas o estenderam.

Uma enxurrada de desinteresse, negacionismo, irresponsabilidade, desunião, ideologização, arrogância, insensibilidade, insanidade, autoritarismo, negligência etc., provocou uma enchente com muita lama e sujeira. Interessante que, guardadas as devidas proporções, o modelo de gestão no executivo federal se assemelha ao vivido por Tom Jobim na década de 1970, momento de incerteza e insegurança, no qual a desinformação era projeto. 


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http://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/as-aguas-de-marco-ja-nao-significam-renovacao-sera/


Nota:

Elis Regina & Tom Jobim – “Águas de Março” – 1974. Disponível em:  https://www.youtube.com/watch?v=E1tOV7y94DY&ab_channel=FedericoMocciaro.  Acesso em: 27 fev. de 2021. 

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