Vivemos em um mundo com muitos perigos, alguns são visíveis, permitindo planejar estratégias para ficar em segurança e outros sempre estiveram próximos, embora, sem o auxílio de instrumentos especiais nunca poderíamos perceber. Nos últimos meses, um perigo invisível se faz presente em nossas vidas. O vírus da COVID-19, mais um entre muitos, assolou a humanidade independente de sua condição social, econômica, cultural, física e sanitária.
Profissionais de diversas áreas tiveram que enfrentar o vírus de maneira direta ou indireta no combate a disseminação do vírus, muitos até mesmo perderam sua condição de trabalho e renda. Algumas atividades laborais precisaram continuar, outras se transformaram e, infelizmente, inúmeras até irão se extinguir. Neste cenário a reflexão sobre o eu interior devia ter se tornado o principal esforço para a melhoria da situação. Perdas aconteceram e ainda acontecerão com maior ou menor intensidade, sejam elas econômicas, educacionais, profissionais, familiares e de vidas, a pergunta que devemos fazer é: o que aprendemos com tudo isso?
Não temos a resposta, pois a subjetividade de cada indivíduo permite ou não refletir sobre seu momento. Os aprendizados são múltiplos e o momento de cada um, seu amadurecimento, difere de maneira distinta uns dos outros. No entanto, podemos descrever sobre a nossa experiência como “positivados”. Um de nós vivenciou a experiência de ser positivado com o vírus da COVID-19, enfrentando a ‘montanha-russa’ dos sintomas e do estado de quarentena, já o outro positivado com a necessidade de continuar esperançoso com o ensimesmamento que pode permitir transformação pessoal e social. Faremos o relato do positivado com COVID-19 para refletir sobre o positivado com esperança.
“Nos dias que se seguem, todo o cuidado é pouco, em vários momentos que estava ensimesmado, descobrindo que meu desejo mais importante é viver, questionei o que vem depois da vida?
Sim, que luxo ter esse momento para repensar o propósito da vida, tentei em projetos pessoais encontrar a felicidade, em muitas coisas supérfluas sem saber nada sobre a vida. Agora, positivado por um vírus que pode ser mortal, pondero sobre o tempo que gastei, que não usei ou que nem sei, pois, nunca me preocupei em aproveitar.
Como o tempo passou e eu nem mesmo sou capaz de lembrar? O que conquistei? Que legado deixei, se deixei algum? Estar positivado nesse caso, foi estar vivo, pois, confrontei minha existência em instantes de lamentos e de lamúrias as escuras solitário entre paredes de um quarto. Um momento sozinho, em que poucos souberam ou se dignificaram a escutar. Agora, posso dizer que durante todos os dias da minha jornada sempre busquei por algo que eu imaginava precisar ou necessitar para viver.
Diferentemente dessa situação de positivado, ensimesmado, a minha procura foi reconhecer o sentido da vida e da minha própria existência. Confesso que somente durante essas horas e dias, passei a perceber ter empenhado minha rotina em correr atrás de coisas quem já não fazem mais diferença.
Estou entendo o verdadeiro sentido da palavra vida, ela tem apenas quatro letras, uma palavra cheia de significado. Lamento ver que muitos estão perdendo ela de forma banal e abrupta, outros nem percebem ela se esvair.
Estar positivado transformou meu desejo de ser melhor, almejo mudanças gerais e que elevem meu padrão. Uma coisa posso dizer: já não sou mais quem eu era, estou deixando de ser quem eu pensei que fui um dia, e sou sincero, se é que fui algo um dia. Que grande reflexão, só cheguei a ela ao confrontar minha existência.
Hoje, após passar por essa experiência pessoal e íntima, reflito sobre certas ações em minha trajetória e concordo com vários poetas anônimos que dizem ser a vida uma caixinha de surpresas. Embora, todos os desafios que nos são impostos, hoje posso dizer que precisamos viver. Esse é o verdadeiro ideal, aprender sobre o que realmente nos é necessário.
Definir a vida sempre é muito arriscado, mas o medo de errar é viver, por isso incentivo a todos. Viva Intensamente Dedicando Amor. A experiência terrena é curta, não podemos demorar em aprender que precisamos viver ela para encontrar nosso propósito”.
Essa experiência contada em primeiro plano, sobre o momento de reflexão ao confrontar a existência pessoal também nos permitiu pensar sobre estar positivado com o desejo de transformação. Uma crença interior que destaca a compreensão da vida como um descobrir sobre si mesmo. O princípio é perceber que estamos vivos somente quando nos fragmentamos, nos dividimos e nos separamos em pequenas partes doando nosso tempo e talentos aos outros. Nesse momento espalhamos ou disseminamos nosso amor pelos outros, como o polem que precisa se dissipar para encontrar outras flores e assim permitir a perpetuação dos frutos.
Pessoas individualistas que não vivenciam experiências coletivas, são como flores que se fecham em si mesmas, após a passagem de sua beleza e cheiro agradável, nada resta e são esquecidas. Que sejamos flores que desabrocham para aprender receber e dividir aquilo que temos de melhor para produzir frutos que marcarão nosso legado, pois serão frutos que deixarão muitas sementes.
Roberto Carlos Garcia da Silva
Graduando em Enfermagem e Técnico em Enfermagem.
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