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Violência no futebol: quem é o culpado? (parte I)

 



Procurar os culpados pela violência no futebol nos faz pensar sobre a participação dos próprios jogadores. O desempenho durante a partida, envolve o antes e o depois, afeta a emoção dos torcedores fora de campo, o que permite comparar o futebol como um concerto. Uma grande orquestra, os torcedores são os músicos e os jogadores estão na condição de maestros do espetáculo.

Ao lado das quatro linhas o torcedor reproduz o que vê em campo. As muitas brigas, xingamentos e ameaças entre atletas, usadas para desestabilizar o adversário, inflamam animosidades do lado de fora do gramado e que não ficam restritas ao período da partida.  

O torcedor na arquibancada acompanha seu maestro com atenção, respondendo a cada indicação da nota mais aguda ou grave, principalmente quando essa é expressa através do comportamento agressivo e ríspido contra outro companheiro de trabalho.

A importância da regência dos jogadores é reconhecida na frase: “vocês da imprensa”. Proferida para se referir aos profissionais da mídia esportiva – virou até nome de podcast esportivo[1] – e provoca uma manipulação obducta, pois, os profissionais do futebol sabem que agindo assim promovem o engajamento em suas redes sociais e deixam de assumir sua responsabilidade.

O que perguntamos de maneira repetida, é: vai acabar a violência no futebol? Presumivelmente, não! Para acabar a violência no futebol, há necessidade de a sociedade deixar de ser violenta, uma utopia. Entretanto, lutamos para fazê-la diminuir, pois, como espaço de confraternização a cólera não é condizente.

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https://ludopedio.org.br/arquibancada/violencia-no-futebol-quem-e-o-culpado-parte-i/





O quanto eles sabem para nossa atualidade

 




Os pensadores Comenius (1592-1670) e Rousseau (1712-1778) são dois grandes intelectuais que dedicaram atenção à educação. As propostas idealizadas por ambos são objeto de estudo nos cursos de formação de professores e não é sem motivo que isso acontece, afinal suas reflexões permanecem atemporais, pois falam sobre a importância da educação, como realizá-la e o resultado esperado.

Suas propostas permanecem relevantes, pois, um dos maiores desafios na sociedade contemporânea é identificar, qual o processo mais eficiente para formação das novas gerações? Os modelos de ensino são variados, utilizam metodologias que prometem conduzir crianças e jovens pelo caminho que leva ao mundo adulto, isto é, um lugar que remete à aquisição de responsabilidade, compromisso, amadurecimento, dedicação e orientado pela ética do trabalho.

As instituições de ensino aparecem com o papel de extrema importância para transmissão dos valores aceitos e reconhecidos. Realizar uma formação voltada para aquisição de habilidades, competências e atitudes, que significam a internalização de uma certa socialização, não é uma atividade simples, pois, as exigências tendem a não considerar o handcap dos indivíduos.

Articular dois autores, Comenius e Rousseau, com contexto de vida e propostas, embora, distantes devido ao período histórico, permite observar possíveis pontos de divergência e de aproximação que podem ser orientados para ajudar a entender o ambiente da formação, com o cuidado de não promover o anacronismo.

Comenius e Rousseau, na atualidade, ajudam a perceber o dilema que há sobre a decisão do tipo de formação. Suas ideias estão pautadas na condição da criança em relação ao aprendizado e, consequentemente, do “homem” durante sua sociabilidade.

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http://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/o-quanto-eles-sabem-para-nossa-atualidade/





Apresentação - A socialização secundária: uma conciliação entre escola e trabalho.

 Semana PIBID IFSul-rio-grandense.

Apresentação - A socialização secundária: uma conciliação entre escola e trabalho.

Obrigado professora Márcia Rostas e coordenadores do Projeto PIBID IFSul. 


Movimento Resiste, PIBID em luta!











Escola, bolinhas de papel e cidadania

 


O exercício da docência, isto é, estar em sala de aula com as novas gerações é um momento único para perceber as tensões de uma sociedade em contínua transformação. O processo de socialização secundária é papel da escola, assim como seus conteúdos e as regras de sociabilidade que deveriam culminar com o desenvolvimento de uma maior cidadania, privilegiando a razão, exaltação do ideal iluminista.

Na sociedade contemporânea pensar o papel da escola, seu propósito na transmissão dos valores e conhecimentos, é algo indiscutível e primordial. Indiscutível por ser a instituição que faz a mediação da nova geração com a sociedade, e primordial como necessidade para não perder a condição de instituição socializadora. Os vários interesses que envolvem o controle da escola (educação) e, especialmente, seu currículo, apontam para sua importância estratégica na construção do modelo de sociedade futura.

A cidadania é expressão que não apenas significa direito e reconhecimento civil, descreve também deveres para manutenção da vida coletiva. No entanto, a sociedade da liberdade, igualdade e ‘pouca’ fraternidade, enfatiza mais os direitos pessoais deturpando boa parte do processo que culmina com aquilo que se deseja combater, uma desenfreada aquisição e manutenção de privilégios.

No exercício da cidadania, sempre que pedimos um exemplo, a imagem do jogar papel no chão é uma das primeiras indicações. Na escola em alguns momentos é surpreendente, pois, a bolinha de papel é seu correlato e perceber a sujeira no chão das salas de aula significa identificar um descompasso.

Minha percepção quando encontro papel no chão, as referidas bolinhas, percebo que como educador e como instituição escolar, erramos. Uma falha que para alguns pode ser relevada, justificada na afirmação de que a sociedade sempre foi assim, uma Síndrome de Gabriela como na música “Modinha para Gabriela”, de Dorival Caymmi. Outros, alegam a irreverência da sociedade contemporânea que não estipula limites ou ainda que a desestruturação das instituições, entre elas a escola, é a causa das mazelas do mundo.

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http://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/escola-bolinhas-de-papel-e-cidadania/ 








Webinar Educação Profissional e seu importante Papel para a Retomada da Economia

 


Fundação FAT

Participe do novo ciclo de webinars da Escola Técnica FAT e entenda como o ensino técnico e profissionalizante pode alavancar a carreira de jovens e adultos, ampliando horizontes no mercado de trabalho. O primeiro tema é: “Educação Profissional e seu importante Papel para a Retomada da Economia e Aumento da Empregabilidade.”








Antivacina e alto rendimento esportivo, uma falácia sem sustentação

 



A polêmica sobre a aplicação da vacina contra COVID-19 tem gerado no mundo e, especialmente no Brasil, um debate escandaloso. A cultura da imunização vacinal em nosso país foi conquistada com muito empenho e organização. Nas primeiras horas de vida o infante é apresentado às picadas de agulhas, as quais se seguirão por meses e anos, conforme o calendário de vacinação, protegendo o organismo de vários vírus e bactérias.

Muitas crianças são protegidas e salvas das enfermidades que poderiam deixar sequelas graves, inclusive, eu, meus filhos e provavelmente você que lê este texto, também. Quando uma vacina foi esquecida ou no reaparecimento de uma doença, realizamos nova aplicação: foi assim que aprendemos e era assim que agíamos, sem nenhuma polêmica desnecessária. Ao organizarmos uma viagem dentro ou fora do país, é preciso se certificar que as vacinas estão em dia, procedimento comum como no exemplo da imunização contra febre-amarela (a depender do nosso país de destino, geralmente países tropicais).

O desenvolvimento das vacinas é um avanço da ciência e das tecnologias à ela relacionadas. O paradoxo do cientificismo é ser encarado como outra fé, mas que enfrentou sempre ceticismo que nega crer no que vê. Dúvidas e questionamentos estiveram presentes nas mais variadas descobertas, como na constatação da importância da lavagem das mãos para realização de procedimentos cirúrgicos. Resistências sempre existiram, e em sua grande maioria, em razão de desconhecimento e petulância.

Em um passado não muito distante o movimento antivacina procurava destacar a pertinência do tratamento terapêutico como alternativo, além de questionar a mercantilização da cura. Não se pode negar que o argumento possuía e possui fundamento, pois, no mundo capitalista, a cura é um negócio lucrativo. A guerra entre marcas e patentes é uma triste constatação dessa verdade. Algo do movimento antivacina ‘raiz’ diz respeito à intervenção científica como negócio e não à negação da existência de doenças, pregam uma alternativa à cura, no seu formato “mais natural”.

A ciência tem contribuído para transformação da sociedade e da humanidade, seus efeitos podem ser observados em muitas áreas e profissões, nossa maior longevidade atesta sua importância. No esporte não é diferente: podemos identificar que o desenvolvimento das muitas modalidades passa pela intervenção científica ou técnica, ações no corpo, sejam dentro ou fora dele. Poderíamos arriscar afirmar que o esporte moderno configura-se como manifestação da ciência, técnicas e tecnologias em seu formato corporal, quando o alto desempenho nos “enfeitiça” em relação às possibilidades que o corpo pode chegar.

Dentro do corpo o destaque está na nutrição, na medicina, fisiologia, nos aspectos biomecânicos e psicológicos etc., e fora dele, na educação física, ergonomia, mecânica, engenharia etc. O esporte, enquanto veículo ideológico da modernidade, representa a eficiência da técnica para superação da natureza interna ou externa, isto é, desenvolvimento científico que se manifesta explicitamente na dimensão corporal.

O corpo que serve de referência é um corpo atlético, dos atletas de alto rendimento. O professor e pesquisador Fernando Bitencourt (IFSC), no livro “O ciborgue e o futebol: corpo, biopoder e illusio no reino do quero-quero” (2020),[1] descreve como o corpo do jogador de futebol é atravessado pelas intervenções tecnocientíficas, tornando-se um ciborgue, a partir de sua experiência etnográfica acompanhando uma grande equipe da elite do futebol brasileiro.


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https://ludopedio.org.br/arquibancada/antivacina-e-alto-rendimento-esportivo-uma-falacia-sem-sustentacao/



#opentowork - FAÇA CONTATO E VAMOS CONVERSAR!

 


"A  ciência  não  é  uma  coleção  de  livros,  nem tampouco uma gesticulação. É um estilo de vida." (Alberto Guerreiro Ramos)


Possui graduação em Ciências Sociais - Licenciatura pela Universidade Federal de Santa Catarina (2013), graduação em Ciências Sociais - Bacharelado pela Universidade Federal de Santa Catarina (2014), mestrado em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (2015) e doutorado em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (2021). Atualmente é educador social e coordenador educacional no Projeto Aprendiz Faepesul da Fundação de Apoio á Educação, Pesquisa e Extensão da UNISUL.

Integra o Núcleo de Estudos e Pesquisa Educação e Sociedade Contemporânea (NEPESC/CED/UFSC), participa do Grupo Esporte e Sociedade. Atuação como Professor de Sociologia no Ensino Médio Regular e EJA, Educador Social, Tutor à Distância e Conteudista para programa de capacitação profissional. 


CURRÍCULO LATTES - PROFISSIONAL

http://lattes.cnpq.br/2349066033166809




Projeto Aprendiz FAEPESUL 2021 - compilado de imagens.






Rostos que merecem ser reconhecidos



Ler o texto “Olhos d’água” (2016) da Conceição Evaristo é mergulhar na pergunta que ela faz sobre “qual a cor dos olhos da minha mãe?” A leitura do texto em alguns momentos aflorou uma sensível familiaridade, além de permitir relembrar experiências com as mulheres negras que estavam presentes na minha infância. Outra leitura incrível foi “O quarto de despejo” (2014) da Carolina Maria de Jesus que estimula ainda mais minha reflexão iniciada no questionamento sobre a cor dos olhos, mas que acabo perguntando a mim mesmo como eram os rostos das mulheres negras na minha infância?

Fiquei impressionado que sabia alguns nomes, porém, não lembrava de seus rostos, suas feições e detalhes que as diferenciavam. O que mais causou desconforto foi identificar que suas fisionomias são como borrões. Lembrei da estatura, cores de roupas, acessórios que gostavam, os lenços nas cabeças e os cuidados com os cabelos. Também recordo que sempre foram ótimas cozinheiras. Era maravilhoso visitá-las, sempre tinham boas refeições e saborosas sobremesas. Suas casas estavam perfumadas, limpas e organizadas.

Uma tia, em especial, minha madrinha de acordo com a tradição religiosa seguida por boa parte da família, sempre tinha uma flor de Jasmim em um copo ou um pequeno vaso em cima da mesa de sua casa. Ela era impregnada pelo doce perfume de Jasmim e hoje, toda vez que sinto o cheiro dessa flor, sou transportado para o apartamento dela no bairro Pestano em Pelotas/RS.

Certo, essa parece ser uma boa memória, mas qual o rosto das mulheres negras em minha infância? Sei que muitas ficavam em casa, dedicando seu tempo à família. Outras eram empregadas domésticas, faxineiras e tinham professoras com parentesco um pouco mais distantes, sem maiores contatos ou grande influência em minha vida.

Ao constatar essa realidade, penso sobre o que impede de lembrar seus rostos, fazendo ver apenas vultos familiares. Percebo, a partir do livro “Homens Invisíveis” (2004) do Fernando Braga da Costa, que as pessoas que realizam atividades subalternas são invisibilizadas ou, simplesmente, não são percebidas. A mesma percepção relaciono com minhas “tias”: mulheres negras e também os homens negros, que sofreram com a invisibilidade de suas atividades laborais e subalternas.

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Tese: Estudante-trabalhador e a socialização profissional: contradições da Lei do Jovem Aprendiz na região da Grande Florianópolis/SC 

Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do título de Doutor em Educação. 

Orientador: Prof. Alexandre Fernandez Vaz, Dr. 


RESUMO

 A pesquisa pretendeu compreender a contradição inerente à condição do estudante-­trabalhador – mais especificamente, o jovem trabalhador em regime de contrato especial com base na Lei 10.097/2000, conhecida como a Lei da Aprendizagem. As contradições intrínsecas ao objeto se apresentam como uma problemática que deve ser identificada e analisada, pois, se por um lado, a autonomia adquirida pelo jovem em seu meio social amplia seu campo de possibilidades e a reorganização de seu projeto de vida, por outro, sua entrada antecipada no mundo adulto acelera a reprodução do novo modelo capitalista, que tem como base não mais a produção e, sim, o consumo. Os dados foram produzidos a partir das discussões presentes no Fórum de Aprendizagem  Catarinense  e  da  aplicação  de  669  questionários  preenchidos  por  jovens aprendizes  vinculados  a  entidades  qualificadoras  na  grande  Florianópolis  que  aceitaram participar da pesquisa (num total de 11 entidades). Como resultado, podemos dizer que a Lei cumpre com seus propósitos, seja com relação à possibilidade de oportunizar aos jovens uma experiência  profissional,  incentivar  a  escolarização,  gerar  renda  e  garantir  condições  de trabalho  adequadas,  seja,  ainda,  antecipando  a  adultização,  incluindo­-os na  sociedade  de consumo e formando-os para o novo cenário do mundo do trabalho. Independente disso, as contradições presentes nesse processo indicam que a Lei possui importância como dispositivo capaz de movimentar as relações e tensionar as relações entre juventude, formação profissional e trabalho.  

Palavras-chave: Escolarização; Formação; Jovem Aprendiz; Qualificação; Trabalho. 


DISPONÍVEL EM: 

https://drive.google.com/file/d/1VbgjFQ1BgsG2fPSsWF94_jmSsJaXCW2Y/view?usp=sharing








O vácuo que a pandemia está deixando nas categorias de base

 


Uma das características do fenômeno esportivo é a busca pela quantificação ou contagem de escores, que difere da ludicidade presente no jogo e reiniciada continuamente. No esporte a perspectiva é avançar, os registros das marcas, dos recordes, dos resultados, dos títulos e do próprio tempo para sua realização. A quantificação dos resultados conta a história de diversas modalidades e dos seus heróis, os campeões.

No futebol, por exemplo, uma partida é realizada em 90 minutos, mais o tempo extra de acréscimos indicados pela arbitragem. A percepção do tempo está relacionada com o tipo de interação, já foi dito que em uma partida morna ou ruim, o tempo não passa. Em outras, o embate é tão empolgante que o tempo voa. Semelhança encontramos quando nosso time está perdendo, os minutos são como segundos e a relação se inverte quando estamos vencendo e sendo pressionados pelo adversário, os minutos se arrastam em lentidão. Quem não vivenciou tal relação com o relógio durante uma partida, com um gol redentor nos acréscimos, não saberá o que estamos dizendo.

O tempo cronológico (Khronos), limitado aos 90 e poucos minutos serve para descrever o embate, o entretenimento. O ato do espetáculo precisa somar também o tempo dedicado aos preparativos para a partida e sua posterior repercussão. Atletas, torcedores, apoio logístico, segurança, equipe médica, ambulância, policiamento, secretaria do clube e os veículos de imprensa, fazem esse tempo acontecer e em muitas oportunidades eternizam lances, derrotas e vitórias.

Para o espetáculo acontecer diversos tempos são necessários, é outro lado da bola, exemplo da formação de atletas. Um tempo contado em horas e anos de dedicação, mais precisamente pela idade dos atletas que pertencem às categorias de base (sub-11, sub-13, sub-15, sub-17, sub-20 e sub-23).

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https://ludopedio.org.br/arquibancada/o-vacuo-que-a-pandemia-esta-deixando-nas-categorias-de-base/


Astros são corpos celestes também no universo do futebol

 



O atleta

Na sociedade a pessoa de destaque é reconhecida como eminente, um verdadeiro astro. Na astronomia um astro é identificado como corpo celeste, exemplo dos planetas, cometas, estrelas e satélites. A interação entre os corpos celestes envolve a força gravitacional ou de atração, e pode manter um sistema em órbita, caso do nosso sistema solar. Se pensarmos nas interações presentes no futebol, talvez possamos perceber certa similitude dos nossos eminentes astros e outros corpos celestes.

Orbitando o jogador de futebol há elementos como: (1) a família; (2) a estrutura do clube com seu quadro profissional que inclui: dirigentes e técnicos que percebem o potencial atlético e de investimento, pois, a lógica capitalista permeia a relação desde sua aprovação em uma categoria de base; (3) empresários, caçadores de talentos que investem na possibilidade de gerenciar a carreira dos jovens atletas, transformando a atividade lúdica em trabalho remunerado com vínculos contratuais; (4) as grandes empresas patrocinadoras que desejam vincular sua marca aos “heróis” modernos, estimulando o consumo de seus produtos; (5) a mídia que promove e ganha com o debate, atingindo a massa de espectadores ávidos por informações e (6) os torcedores, os quais mobilizam o clubismo.

Não apenas estes seis elementos, corpos celestes, orbitam o jogador, poderíamos enumerar outros ou mesmo desdobrar os já citados. Nessa breve observação os seis são suficientes para observarmos a força gravitacional que exercem sobre o jogador de futebol. O que devemos perceber é a variedade de relações presentes no sujeito atleta e na prática esportiva por ele desenvolvida.

A medida que a estrutura capitalista e produtivista é incorporada ao futebol, a mudança de sentido de um amadorismo para o profissionalismo, o capital social amplia-se engendrando novas relações com empresários, patrocinadores, mídia e torcedores. Estes elementos acabam por conduzir o atleta, impactando sua tomada de decisão, a chamada pressão externa ao campo que é muito discutida, mas pouco analisada fora dos debates acalorados e especulativos.

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https://ludopedio.org.br/arquibancada/astros-sao-corpos-celestes-tambem-no-universo-do-futebol/



A cabeça insustentável feita sustentável



A trajetória da hominização começa a partir da relação do homem com o meio ambiente, o momento em que o mesmo se identifica em posição oposta a natureza, externa. Suas necessidades imediatas passam pelo sentido de segurança e de sobrevivência em busca de “conforto”. Podemos entender o conforto como a necessidade voltada para o combate do frio, umidade etc. O desenvolvimento da capacidade de enfrentar a natureza e seus desafios passa do combate direto para o processo de transformação da natureza. Em uma história linear e progressista se identificam vínculos com a natureza pelo temor ao desconhecido, logo os mitos e deuses tomam forma dos elementos e das mais diversas manifestações.

As eras passam e a relação que o homem desenvolve com a natureza externa a ele intensifica-se com momentos de maior dependência em períodos de escassez. Momentos estes que estavam ligados a própria sazonalidade do meio ambiente. Edgar Morin nos faz pensar que o sentido de global só aparece no final do século XV com as grandes navegações e explorações. Momento de novas descobertas que marcam a superação da natureza, pois o homem circula por espaços antes não imaginados. O próprio conceito de terra como uma esfera, um globo, é transformada neste período histórico, os últimos temores sobre a natureza se esvaem e o homem torna-se soberano de si mesmo e, principalmente, da terra como um todo. "Eis, portanto os começos do que chamamos Tempos Modernos, e que deveria    chamar-se era planetária. A era planetária começa com a descoberta de que a terra não é senão um planeta e com a entrada em comunicação das diversas partes desse planeta" (MORIN, 2002, p. 21).

Essa nova situação colocou em contato civilizações e povos diversos, culturas que desenvolveram de maneira singular uma relação com o ambiente. Novos conhecimentos são apreendidos e servem de trampolim para outros mais. O cerne da nova ciência é a possibilidade de ampliar os saberes e de controlar a natureza, ou no mínimo reproduzi-la.

As novas necessidades de uma população global se alteram e criam-se expectativas e interesses, as relações de produção que outrora eram voltadas para subsistência ganham magnitudes, já não se produz para si, é necessário produzir para muitos outros. A ciência contínua seus avanços e descobertas, com base no conceito de que “nada se cria tudo se transforma” são introduzidos e a necessidade de conhecer a especificidade é o eixo central. A natureza externa passa a ser um produto a ser trabalhado para “beneficio” de todos. O desencantamento do mundo (Weber) e o esclarecimento (Adorno) são conceitos que ilustram a relação que o homem acaba por desenvolver com a natureza, os últimos resquícios dos mitos são substituídos pela ciência que assume seu lugar através do conhecimento e reconhecimento que adquire sobre os fenômenos da natureza e sua transformação. "Assim, os desenvolvimentos disciplinares das ciências não só trouxeram as vantagens da divisão do trabalho, mas também os inconvenientes da superespecialização, do confinamento e do despedaçamento do saber. Não só produziram o conhecimento e a elucidação, mas também a ignorância e a cegueira" (MORIN, 2003, p. 15).

O homem ao colocar a ciência como norteadora de sua vida definiu um risco a sua própria existência. A transformação da matéria-prima fornecida pela natureza para transformação em produtos para consumo, acarreta mudanças no meio ambiente. Alterações de curso de rios, elevação de vales, achatamento de montanhas e desmatamento são efeitos visíveis, além de inúmeros recursos extraídos e não são visíveis, mas afetam a vida e a sociedade moderna. A migração do campo para cidade faz com que cresça a aglomeração nos centros urbanos, possibilita a ampliação de monoculturas que se estendem por grandes extensões de terra mudando a paisagem em várias regiões. Anteriormente, as pessoas tinham a possibilidade no campo ou em áreas mais afastadas dos centros urbanos de trabalharem para própria subsistência, atualmente, tudo que é consumido deve vir de origem industrial, isto é, transformado.

A ciência como legitimadora do certo e errado articula com órgãos burocráticos e de controle, no caso a vigilância sanitária, descontinuando até mesmo pequenas criações para subsistência. A alegação é o risco à saúde pública devido a parasitas, mas a fiscalização sobre a extração grotesca junto à natureza e que põe em perigo a existência da humanidade não recebe o mesmo peso no conceito de saúde pública.

O estatuto que determinadas especialidades adquiriram no desenrolar dos anos justifica tais atitudes em algumas áreas, porém, acabam por esquecer outras. A ciência, ou melhor, o conhecimento também agora é produto vendável e de alto valor, ser expert em algo supostamente assegura uma vida de conforto. Interessante que acabamos voltando para o instante em que o homem em busca de conforto e segurança se retira da natureza primeira e parte em busca de dominá-la.

O questionamento a ser feito está na relação homem e natureza pautada pelo domínio e uso do primeiro sobre a segunda. A maneira que a humanidade constrói seu conhecimento não faz com que perceba sua dependência do planeta que a acolhe. É necessária uma mudança no ensino, a maneira de pensar a educação não deve ser pautada apenas na necessidade de especialistas, deve ser pensada na formação diletante e holística dos indivíduos.

Um grande intelectual contemporâneo Edgar Morin, evoca o desafio atual da globalidade como um desafio da complexidade, devemos entender que quanto mais planetários se tornam os problemas, mais inseparáveis da humanidade eles se tornam. A capacidade intelectual (ciência) sendo incapaz de perceber o contexto e a complexidade planetária tende a tornar-se irresponsável. Portanto, a cultura humanística busca libertar o que há de melhor no sujeito, seus sonhos, aspirações, preocupações e solidariedade, a cultura cientifica separa e fragmenta as partes isolando-as em caixas de conhecimento. Em contrapartida, amplia as possibilidades humanas, mas, infelizmente, acaba por não refletir sobre o destino humano. Sua ênfase está na frase: “A reforma do ensino deve levar a reforma do pensamento, e a reforma do pensamento deve levar a reforma do ensino” (MORIN, 2003, p. 20). Isto representa uma cabeça bem-feita e não uma cabeça bem-cheia, tal possibilidade traz a capacidade de melhor organizar os conhecimentos, não apenas isolando com o intuito de acumular, seu objetivo é a ampliação de horizontes por meio do qual o sujeito percebe o alcance de suas mãos, ou melhor, suas ações. Pois, cada ação reflete no todo, mesmo que a ação possa parecer isolada.

Pensar os desafios para educação do futuro, tendo por base o pensamento do Edgar Morin, nos faz refletir que um percurso longo está à espera para ser percorrido. No processo de secularização a educação desenvolve-se com um projeto racionalista e, atualmente, possui seu foco na formação tecnicista. O conhecimento torna-se especializado e consequentemente o reconhecimento também está atrelado ao mesmo, pois, os sujeitos buscam dentro do que entendemos como sociedade, a ascensão por meio da aquisição de uma formação para exercer e viver sua vida cotidiana.

No entanto, a proposta do autor é alertar para fragmentação do conhecimento e a falta de percepção da complexidade das interações que o sujeito realiza. Mais do que ser um sujeito único no sentido de sua individualidade ele é peça de um todo e é transpassado pelo todo. Suas ações são integradas e integrantes de uma complexidade maior do que a observada pelo sujeito. Este é o desafio da educação do futuro despertar os sujeitos para compreenderem mais do que podem ver com seus próprios olhos e do lugar onde se encontram.

    Ao procurarmos fazer com que as várias disciplinas se relacionem de maneira interdisciplinar como um modelo ideal para a resolução dos problemas, arriscamos acabar por não perceber que continuamos assumindo a divisão das disciplinas e que apenas queremos colocá-las em diálogo. Devemos questionar o próprio modelo de ciência que resulta em especialistas/experts, pois “descobrimos, porém, que a ciência também pode produzir ignorância, pois o conhecimento fecha-se na especialização” (MORIN, 2002, p. 10). Pensar a complexidade é identificar o conhecimento e não os conhecimentos. A cabeça bem feita não é fomentada em terra arrasada! A cabeça bem feita se desenvolve concomitante à natureza, respeitando seus limites e potencialidades. Isto é, necessitamos ainda durante nossa formação aprender a ter outra relação com a natureza. Uma brincadeira simples de criança mostra nossa ação atual, exemplo a construção de castelos de areia que logo depois são destruí-los, é a manifestação de como nos comportamos frente a natureza, nós criamos, destruímos e criamos de novo. Neste processo cristalizamos a relação de domínio e a imagem de que o recurso simplesmente volta a estar à disposição sempre que queremos e de maneira inesgotável.

           Necessitamos aceitar a proposta de Morin e reformular nossa relação com a natureza e o nosso conhecimento. A cabeça bem feita é uma construção nova ou um religar, um retornar. Precisamos retroceder ao momento que nos separamos da natureza, quando conscientemente decidimos transformar ela em coisa. Existe a necessidade de entender que somos parte da natureza tanto quanto os minerais, animais e vegetais. Devemos absorver tal entendimento em tenra idade e não deixar que se consolide através de categorias nas quais não fazemos parte, pelo simples fato de termos a razão como diferencial. A racionalidade nos trouxe até aqui, mas ao persistimos em seu extremo, dando ênfase à racionalização das nossas atitudes e ações, portanto, será ainda mais insustentável nosso conhecimento em busca de conforto.

Referências:

MORIN, Edgar. Terra-Pátria. Porto Alegre. Porto Alegre: Sulina, 2002.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. RJ: Bertrand Brasil, 2003.







 

O uso dos equipamentos e o papel do operador

 


Por Daniel Machado da Conceição


O texto faz parte do conteúdo de capacitação profissional de jovens aprendizes, tema Uso e cuidado com os equipamentos.

A estrutura de nossas empresas estão atualmente pensadas para que os equipamentos possibilitem e tenham um melhor desempenho. Porém, algumas vezes as normas não são respeitadas e sempre pequenas adaptações são realizadas. Isto pode ser observado em locais nos quais equipamentos acabam sendo instalados sem seguir as normas técnicas específicas ou sem a estrutura adequada para seu funcionamento. Tal fato ocorre por falta de fiação (comprimento dos cabos), distância para fontes de energia elétrica e locais pouco ventilados provocam aquecimentos de componentes eletrônicos. Devemos estar atentos para ambientes com temperaturas excessivas, com excesso de pó ou de umidade, principalmente, a umidade decorrente da proximidade com o mar. Gambiarras não devem ser toleradas. Muitas causas de acidentes no ambiente de trabalho são provenientes de adaptações em equipamentos ou o uso inadequado para determinada atividade. Pequenas correções e ajustes nas adequações seguindo as normas de instalação e manutenção podem prolongar a vida útil de máquinas e equipamentos.

Devemos sempre ter cuidado com a energia elétrica. Fios desencapados devem ser rapidamente sinalizados para que as correções sejam providenciadas. Interruptores e tomadas também devem funcionar adequadamente sem o chamado “mau contato”. O desgaste de peças pode provocar curto-circuito ou sobrecarga de energia nos equipamentos levando-os a queima de fusíveis, peças elétricas e/ou circuitos internos. Em locais onde a rede elétrica sofre com quedas ou variações de tensão, mesmo que mínimas, devem ser utilizados filtros de linha que evitam a queima do equipamento principal. Assim, como o uso de estabilizadores que como o próprio nome indica, estabilizam as variações/alternâncias elétricas proporcionando maior segurança para os equipamentos conectados a ele. Uma terceira forma de proteção e de extrema segurança é o nobreak. Esse equipamento garante não só a proteção quanto a estabilidade da rede elétrica como também serve de bateria permitindo a continuidade das operações mesmo com a queda de energia. O nobreak, que literalmente podemos traduzir para a expressão “não pára” ou “sem intervalo” é garantia que o sistema não perca as informações com uma queda repentina de energia elétrica. O que pode gerar transtornos para os clientes e mesmo para você como colaborador responsável pelo atendimento que, infelizmente, foi interrompido subitamente.

Tenha cuidado no momento da limpeza para não utilizar panos encharcados com água, álcool ou outro produto de limpeza. Lembre-se de utilizar panos úmidos, com objetivo de limpar a parte externa dos equipamentos, sem comprometer peças ou componentes que podem ter uma oxidação acelerada em razão de líquido no seu interior (mesmo que ele evapore em seguida).

Não esqueça, “ninguém nasceu sabendo”. Hoje já virou um bordão ou chavão popular e essa verdade simples é muito importante e pode evitar que você realize algum procedimento equivocado com os equipamentos. Se não sabe como proceder, pergunte! Pedir ajuda não é nada ruim. Os sábios pedem ajuda, pois são humildes o suficiente para buscar conhecimento ou informações, portanto, sede sábios! Cuidar dos equipamentos e instrumentos no ambiente de trabalho é parte de nossas atribuições como colaboradores. Precisamos ter consciência que os equipamentos auxiliam nosso trabalho, agilizam, proporcionam proteção e segurança.

Conhecer os equipamentos e seu funcionamento evita inconvenientes. Receber treinamento é uma obrigação da empresa, mas nosso papel de colaboradores comprometidos é o de não se contentar apenas com instruções orais. Precisamos aprender o pleno funcionamento dos instrumentos para reduzir o tempo perdido em tarefas ou procedimentos desnecessários. Identifique se existem sinais de mau funcionamento, mau contato de componentes, fiação aparente e desencapada. Além disso, organize os materiais que serão necessários para estar ao seu alcance sem atrapalhar o desenrolar das atividades. Mantenha o local limpo e conserve os equipamentos para que sua vida útil atinja o esperado.

Não esqueça de aprender sempre. Lembre-se que a tecnologia se renova ou inova com grande facilidade e os novos equipamentos são menores e cada vez mais sensíveis. Assim, aprenda a trabalhar com cuidado, pois parte do seu reconhecimento profissional está pautado na sua responsabilidade e cuidado sobre o que está nas suas mãos.




O debate social e político no ritmo das redes sociais

 



A saturação de informações é uma nova realidade que tende a influenciar como encaramos as esferas social e política, que ganham aceleração no ritmo das redes sociais. Em meados dos anos 2000, redes sociais como Orkut e Facebook surgem agregando a possibilidade de novos vínculos, permitindo a formação de um espaço no ambiente virtual que aproxima pessoas, não estando mais limitadas pela distância ou barreiras fronteiriças.

O Orkut foi a rede social que deu início ao processo. Nela se publicavam fotografias (imagens) e breves comentários, muito semelhante aos fóruns de discussão. O Facebook, por sua vez, explorava outras ferramentas virtuais como o reconhecido “curtir” e, rapidamente, se popularizou. 

Em 2010 e 2014, o Facebook foi uma arena virtual na qual o debate social e, principalmente, político encontrou um campo fértil. As postagens nos perfis virtuais foram somadas a grupos ou comunidades de interesse. Empresas e veículos de comunicação começaram a produzir material para ser publicado e compartilhado nesse ambiente. Temas ligados à política ganharam magnitude e uma arena de disputa. No entanto, não podemos esquecer que em 2010 o acesso à internet não estava disseminado e se restringia a um grupo populacional mais abastado, muito diferente da realidade nas eleições majoritárias em 2014 e 2018. 

Em 2014, a popularização do acesso à internet através dos dispositivos móveis como smartphones viabilizou o alcance das redes sociais como um dos principais veículos para o debate público. Muitas das manifestações populares como Não é só 20 centavos, megaeventos, corrupção e impeachment, foram potencializadas ao utilizar esses aplicativos, uma imagem de protagonismo dos usuários que inocentemente no ambiente virtual não percebiam a influência da mídia tradicional orientando os temas e pautas. 

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http://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/o-debate-social-e-politico-no-ritmo-das-redes-sociais/

Live sobre Dilema(s) para a formação do estudante-atleta no Brasil



ACESSO EM:

https://www.youtube.com/watch?v=vYcM6iLjeS4&ab_channel=dcbrasil
 

Associação Brasileira sobre Dupla Carreira.

Duplacarreirabrasil

A organização do III Seminário Internacional sobre Dupla Carreira convida para uma conversa a respeito dos dilema(s) para a formação do estudante-atleta no Brasil.

Mais informações em:

https://www.dcbrasil.org/

https://www.instagram.com/duplacarreirabrasil/ 




Políticas públicas para as juventudes!

 



As políticas públicas para juventude são muito importantes à medida que esse grupo, faixa etária ou geração, recebe a exigência de ter protagonismo. A legislação sobre juventude representa processos sócio-históricos e que marcam a conquista de direitos individuais, sem esquecer os deveres com a vida coletiva. No entanto, alguns projetos e leis não são pensadas de maneira articulada e acabam por interferir uma na outra. Como na metáfora do “cobertor curto”, para cobrir os pés, destapa-se a cabeça e vice-versa.

As leis e programas podem ser construções calcadas em boas intenções, procurando atender a demandas da juventude ligadas à escolarização, saúde, trabalho, renda, lazer e diversão, apenas para citar algumas. Na ânsia por dar uma resposta, as políticas de juventude que deveriam ser convergentes podem se tornar incongruentes, isto é, com ações e objetivos que se sobrepõem ou se contradizem, impactando negativamente uma na outra.

Um exemplo, não muito distante, aconteceu em 2014, quando os programas educacional e esportivo realizaram no mesmo final de semana as provas do Exame Nacional do Ensino Médio e os Jogos Escolares Brasileiros. Os estudantes-atletas na época tiveram que escolher em qual evento participar, passando uma mensagem de que a formação escolar e a formação esportiva não fazem parte de uma dupla carreira, supondo uma necessária separação.

No atual momento, educação e trabalho entram em desajuste, pois, o Novo Ensino Médio que deve ampliar o tempo diário de permanência na escola, tornando-o integral, interfere na Lei da Aprendizagem (10.097/2000). No primeiro momento um tempo elevado de escola desajusta a concomitância com a jornada de trabalho ou, mesmo, como outra formação. No caso, do jovem aprendiz estudante de escola pública estadual, significa a redução de oportunidades de inserção, pois, sua jornada de quatro horas não estará mais adequada para empresas com expediente até às 18 horas. Isso porque no período matutino as aulas terminam mais tarde e no período vespertino começam mais cedo, impossibilitando o deslocamento, descanso, alimentação e a jornada laboral em horário comercial. 

Outro ponto está relacionado à construção de itinerários formativos e às trilhas de aprendizagem que são orientadas pela escola do jovem, incompatibilizando os programas de capacitação profissional que seguem a Portaria 723/2012 para elaboração do conteúdo. Mesmo no eixo ou trilha profissionalização, os conteúdos das entidades qualificadores (Sistema S, Escolas Técnicas Profissionalizantes e Entidades Sem Fins Lucrativos) podem, não ser reconhecidos como válidos para a formação para o trabalho desenvolvida pela escola, pois, na Aprendizagem falamos da formação pelo trabalho. 

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Texto apresentado na banca de tese Estudante-trabalhador e a socialização profissional: contradições da Lei do Jovem Aprendiz na região da Grande Florianópolis/SC

 



Quero antes de mais nada agradecer a presença de todos, saibam que os bons fluidos e energias trazem conforto e acolhida. Identificar novos amigos e ver os rostos familiares é um alento, porém, também aumenta minha responsabilidade.

Familiares e amigos, muito obrigado por estarem aqui.

Professores e professoras, membros da banca, que alegria compartilhar esse momento com vocês. É uma mistura de sentimentos, euforia e insegurança, essa última não quero atribuir a vocês com quem tive a oportunidade de conviver nos últimos 13 anos, com maior ou menor envolvimento, mas não posso negar quer ser avaliado gera sempre certa preocupação. 

Não se preocupem, pois, a insegurança é ainda um resquício do meu processo de socialização familiar e escolar, com tantos “nãos”, por exemplo: - não é pra ti!; - não acredito que foi você que fez; - não adianta tentar; ou, - não faz, tu não vai conseguir!

Mensagens que continuam ecoando e são acionadas em momentos como esse, algumas vezes paralisam, intimidando, outras, quando questiono servem para encorajar, mas nem sempre é fácil. Pessoalmente, estou me desconstruindo como homem, negro, esposo e pai, alguém que mesmo com alguns temores é muito feliz por ter tentado.

Chegar até esse momento da minha formação foi possível devido às políticas de ações afirmativas, sou fruto e resultado concreto dessa proposta de transformação que é prospectiva, que pensa o futuro e não se resume a uma reparação com o passado.

Agradeço a todos que lutaram e lutam para criação e manutenção dessa política. Sou feliz por estudar em uma universidade pública e de qualidade, lutemos por ela, ela é nossa!

Professor Alexandre acompanhou essa caminhada e sabe que procurei na universidade cursar sempre uma ou duas disciplinas a mais do que exigido por semestre, sempre quando foi possível e às vezes quando não. O desejo não era acelerar a formação para antecipar a conclusão, era sim para aproveitar ao máximo as oportunidades de aprender em uma universidade pública e de qualidade. 

Faço essa abertura pensando desmistificar um certo vitimismo ou, por outro lado, a exaltação do mérito pessoal. Na verdade, é um sentimento que quer dizer, não foi fácil, mas estou aqui e, penso, estou melhor que quando comecei.

Os membros da banca são avaliadores extremamente qualificados para discutir o resultado da pesquisa que envolve os jovens aprendizes. Que grande honra contar com a participação de cada um, por aceitarem ler e contribuir com esse trabalho. 

Professor Alexandre foi um orientador incansável, um facilitador, incentivador e solícito.

Professora Marisol, representa os professores e professoras que me receberam na graduação em Ciências Sociais.

Professora Ione, representa os professores e professoras que pude conhecer na pós-graduação. Eu fui um entusiasta “aluno repente”, explico, que essa é uma expressão utilizada para designar os alunos que participam mais de uma vez das muitas disciplinas ofertadas pela professora.

Professora Márcia, representa os novos vínculos e amizades que vou desenvolvendo ao ampliar a rede de contatos. Sua acolhida foi extraordinária.

Professor Matheus, representa os colegas de graduação que se afirmam como novos pesquisadores e intelectuais brasileiros.

Professor Cristiano, é um parceiro de escrita e alguém para dividir as agruras da vida acadêmica, sempre rigoroso, compreensível e um incentivador. 

Professora Danielle, representa os colegas do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea - NEPESC. Recentemente, tive a oportunidade de dizer ela que seu exemplo e de todos os outros, serviu para impulsionar o meu desejo de cursar a pós-graduação.

Professor Fábio, igualmente, representa um grupo de professores que possuem grande generosidade intelectual, estão sempre dispostos a dar conselhos ou orientações que fazem grande diferença. 

Professores, mais uma vez obrigado por participarem da minha formação. 

Estendo esse agradecimento aos servidores do Centro de Ciências da Educação e da Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Educação.

Agradeço aos jovens e as instituições, entidades qualificadoras que participaram da pesquisa.

Aproveito para agradecer ao Programa de Bolsas Universitárias de Santa Catarina Pós-Graduação - UNIEDU/FUMDES, que proporcionou um apoio fundamental para realização da pesquisa e para formação desse pesquisador.

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A pesquisa surge de uma vivência e de uma inquietação, a primeira por realizar atividades profissionais ligadas a aprendizagem, oportunidade que acontece em 2012, e a segunda, os estudos que realizei durante a graduação e mestrado que envolveram a escolarização do estudante-atleta despertavam aproximações e comparações com o estudante-trabalhador. 

Assim, nos últimos anos foi dedicada atenção ao estudante-trabalhador, especificamente, o jovem aprendiz. Jovens que se inserem no mercado de trabalho por meio da Lei da Aprendizagem (10.097/2000), um dispositivo que obriga empresas de médio e grande porte a contratarem jovens com idade entre 14 e 24 anos na proporção de 5% a 15% do seu quadro funcional.

A Lei como política para juventude possui objetivos específicos, proporcionar renda, experiência profissional, continua escolarização, condições de trabalho adequadas e erradicação do trabalho infantil. Portanto, visa proporcionar, ao jovem formação profissional e inserção no mundo do trabalho, ações que supostamente garantam uma maior empregabilidade e sua autonomia. 

A Aprendizagem, nesta ótica, parece ser um dispositivo capaz de promover mudanças significativas na trajetória de vida dos jovens, uma vez que o contato com o mercado de trabalho e as experiências provenientes, podem ensejar novos campos de possibilidades. Em suma, a aquisição de capitais cultural, social e econômico, favorecem o acesso a conhecimentos que ampliam as oportunidades de futuro, podendo o jovem reorientar ou construir novos projetos pessoais a partir das experiências na empresa contratante. 

O tema do estudante-trabalhador possui relevância quando pensamos sobre as transformações nas relações de trabalho e nos meios de produção. Portanto, possibilita observar uma nova experiência de vida em meio a um mundo globalizado, com relações de trabalho flexíveis e precarizadas. 

Ao mapear os jovens inseridos em programas de aprendizagem, pode-se atestar ou refutar a hipótese de que a lei amplia o campo de possibilidades, bem como, proporciona mudança e transformação social de um grupo populacional identificado como protagonista de suas ações no Século XXI. A pergunta norteadora da pesquisa questiona: como a Lei da Aprendizagem, uma política pública voltada para juventude, tem contribuído para mudanças de perspectivas sociais, econômicas e mesmo culturais dos jovens aprendizes? Em outras palavras, a socialização profissional desenvolvida por meio da Lei de Aprendizagem (Lei 10.097/2000) promove transformações na autonomia do jovem?

Para responder essa questão identificamos algumas contradições que são inerentes ao objeto e que procuramos tensionar: (1) condições de trabalho x entrada antecipada; (2) experiência profissional x força de trabalho barata; (3) reconhecimento social x endividamento precoce; (4) status de trabalhador x posição inferior na hierarquia empresarial; (5) respeito ao desenvolvimento físico, moral e emocional x adultização; e, (6) escolarização contínua e concomitante x jornada de trabalho.

Essas contradições são dilemas vivenciados pelos jovens durante seu itinerário formativo, tal constatação reforça a importância da investigação sobre os impactos da Lei da Aprendizagem. As contradições afetam diretamente o aprendiz em seu momento de maior transformação pessoal – posterior à infância e anterior à vida adulta – e durante o processo de socialização profissional. 

Os dados foram produzidos a partir das discussões presentes no Fórum de Aprendizagem Catarinense e da aplicação de 669 questionários preenchidos pelos jovens aprendizes vinculados a entidades qualificadoras na grande Florianópolis que aceitaram participar da pesquisa (total de 11 instituições).

A construção histórica e social da Lei da Aprendizagem representa lutas e conquistas dos trabalhadores. O texto foi dividido em sete partes, uma apresentação e seis capítulos. 

No primeiro capítulo, apresentamos os principais componentes históricos e sociais que permitiram a regulamentação da Lei da Aprendizagem, os motivos ou incentivos para sua criação. 

O capítulo dois traz a relação do pesquisador com o campo, desde a escolha do tema até os meandros metodológicos na construção do objeto. 

O terceiro procura evidenciar parte do debate sobre juventude e políticas públicas que envolvam trabalho, renda e escolarização. 

O capítulo quatro, apresenta os dados produzidos por meio do questionário preenchido pelos jovens aprendizes e uma análise descritiva. 

No quinto capítulo, os dilemas presentes na Lei da Aprendizagem são confrontados com as informações produzidas nos questionários para contextualização das implicações na vivência dos aprendizes vinculados às entidades qualificadoras e empresas da Grande Florianópolis. 

O capítulo final sistematiza as observações e resultados obtidos com o estudo proposto, assim como, traz as considerações finais do pesquisador.

Os dilemas que fazem parte da Lei da Aprendizagem representam uma relação dialética que constitui o sujeito contemporâneo. Uma contínua necessidade de ter sua individualidade reconhecida em meio às afirmações da sociedade que impõe e espera uma postura de acordo com seus princípios. Sociologicamente, falamos da eterna tensão entre indivíduo e sociedade.

Ao procurar compreender o estudante-trabalhador, especificamente, o jovem aprendiz, sujeito que se encontra entre os 14 e 24 anos, que se insere no mercado de trabalho formal através de um contrato especial, entendemos ser possível desvelar os desafios de uma transição para a vida adulta que passa pela formação pelo trabalho. Em meio a essa metamorfose pessoal, o jovem necessita aprender o que é ser trabalhador, conforme o modelo idealizado na vida produtiva.

As incertezas de um mundo no qual a linearidade não mais condiz com aquela vivenciada por gerações anteriores provoca medos e angústias. As muitas encruzilhadas que são apresentadas para o jovem que inicia sua carreira profissional dizem respeito à sua estabilidade e futura aposentadoria, isto é, enquanto a geração dos seus responsáveis vislumbrava uma profissão almejando que em algumas décadas estaria “descansando”, o jovem não tem mais essa projeção de maneira cristalina, ele precisa deslocar seu interesse para questões imediatas, como a sobrevivência e se possível seu bem-estar. Ações que no contemporâneo são identificadas como uma condição de autonomia do sujeito, uma busca constante por liberdade para fazer escolhas e direcionar a própria vida. 

Tal condição perpassa pela gestão de si, o sentimento de melhorar sempre deve ser sua principal característica, servindo para retroalimentar um sistema que ressignifica o modelo do trabalho e do perfil profissional. O trabalhador precisa ter autonomia como profissional, saber contextualizar sua empresa, produtos, serviços e a si mesmo, almejando conquistar seu protagonismo através da atividade profissional. O mundo do trabalho se beneficia desse empenho e desejo, prometendo reconhecimento e uma suposta valorização, o que acaba permitindo intensificar os resultados produtivos do empreendimento. Podemos afirmar que a Lei da Aprendizagem simboliza um movimento de atualização do capitalismo, refletido no perfil do novo trabalhador.

Ser um jovem aprendiz está associado à condição de juventude como um tempo de construção. Sua facilidade de adaptação em uma sociedade repleta de incertezas e a valorização de sua idade plástica, orientam para antecipação de uma formação pelo trabalho. Uma jornada repleta de sonhos, crenças e desafios, em um cenário competitivo e excludente, de autoexploração. 

Destacar a juventude e sua representação social parece permitir no presente vislumbrar o futuro. Possibilita fazer conjecturas sobre o futuro modelo da sociedade. A juvenilização iniciada no século XX deixou de estar restrita à indústria cultural e invadiu as muitas esferas do social. O trabalho não ficou indiferente, seu impacto pode ser observado nas características e no perfil profissional idealizados no presente, com características associadas a representação de juventude, e projetadas para um cenário de maiores incertezas.

Identificar essa mudança, parece contribuir para desvelar as ações que transformam o modelo capitalista, seus discursos e narrativas sobre a autonomia do sujeito. Ser um empreendedor é a afirmação da escolha do mérito e da competição como norteadores das relações em uma sociedade cada vez mais individualizada e individualista.

A partir das observações e análise dos questionários preenchidos por 669 aprendizes na região da Grande Florianópolis/SC, podemos dizer que as argumentações até aqui apresentadas são experienciadas em maior ou menor grau, isto é, os jovens expressam satisfação com a oportunidade de trabalho e de formação. No entanto, também enfrentam dificuldades de adaptação ou de conciliação dos muitos afazeres ainda em tenra idade.

Podemos dizer que a Lei cumpre com seus propósitos, sejam a possibilidade de oportunizar aos jovens uma experiência profissional, incentivar a escolarização, gerar renda, garantir condições de trabalho adequadas e ampliação do campo de possibilidades. Ou, ainda antecipação da adultização, inclusão na sociedade de consumo e formação voltada para o novo cenário do mundo do trabalho. 

As contradições presentes nesse processo indicam que a Lei possui importância como dispositivo capaz de movimentar as relações e tensionar a representação de juventude, formação profissional e trabalho. Ao compreender suas incongruências podemos desvelar mais uma camada do tecido social que tem na juventude uma relação de amor e ódio, enquanto os jovens desejam tornar-se “meninos de verdade” (um paralelo que realizamos com a As aventuras do Pinóquio e seu desejo de ser menino de verdade).







As Olimpíadas e a mudança na maneira de assisti-la


 


Os Jogos Olímpicos da Era Moderna recomeçam com o atraso de um ano, com incertezas e inúmeros procedimentos sanitários que alteram seus rituais, pré e pós competições. Há expectativa de novos recordes, campeões e a afirmação de atletas que demonstraram nos anos anteriores serem promessas de bons resultados.

Diferente dos últimos Jogos, convivemos com uma situação inusitada, a ausência de público durante as competições, algo que se tornou comum no mundo em razão da pandemia de COVID-19. Alguns países com número elevado de vacinados (imunizados) flexibilizaram suas regras de isolamento, exemplo dos Estados Unidos da América e outros no continente europeu, como observado durante a Eurocopa 2021, competição vencida pela seleção de futebol masculino da Itália.

A presença do público embeleza o cenário das competições e sua ausência tem um efeito anímico, permitindo conjecturas que discutiremos, por um bom tempo, como acontece em relação ao Campeonato Brasileiro de Futebol Masculino da Série A 2020, o quanto a torcida poderia contribuir para que a taça de campeão ficasse em outras mãos?

Debates que perduram em muitas rodas de conversa, no entanto, assistir aos Jogos mudou, pois, com o silêncio das arquibancadas escutamos todos os sons produzidos pelos corpos na execução dos movimentos, quedas, trombadas, bloqueios, chutes, lançamentos etc. Sem contar a poética dos eventos com as mensagens de incentivo, cobrança, críticas, xingamentos, provocações, justificações, euforias e tristezas. Houve momentos em que o soluço dos atletas em prantos de dor ou de pesar, foi ouvido para além da imagética de um quadro congelado ou mesmo em movimento.

Na transmissão dos Jogos Olímpicos esse cenário estará ampliado, imagens de corpos e dos sons produzidos por eles, estarão nas telas dos diversos dispositivos telemáticos, assistidos por um público apartado dos seus heróis e ídolos. Os veículos de mídia irão alimentar o interesse dos torcedores por determinadas modalidades, definindo as prioridades de transmissão de acordo com a compatibilidade da grade televisiva. Aqueles privilegiados que podem contratar canais de televisão privados ou plataformas streaming terão acesso aos conteúdos durante as 24 horas do dia e da noite. Portanto, as imagens ampliam-se na mesma magnitude da visibilidade dos corpos e seus feitos esportivos.


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