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O estudante-atleta: desafios de uma conciliação

Iniciados terminam 1ª volta da 2ª fase na terceira posição

Resumo: A presente dissertação é parte integrante de um projeto de investigação mais amplo, envolvendo o Núcleo de Estudos e Pesquisa Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq) e o Laboratório de Pesquisas em Educação do Corpo (UFRJ/CNPq), o qual tem investigado o processo de formação de atletas no esporte e a concomitância com o processo de escolarização. A questão específica que procuramos investigar no âmbito desse campo de pesquisa em construção diz respeito ao modo como jovens atletas de futebol, com idades entre 14 e 17 anos, integrantes das categorias de base do Avaí Futebol Clube e do Figueirense Futebol Clube, compreendem e se relacionam com a formação e o espaço escolar ao realizarem sua inserção profissional no futebol de maneira simultânea ao período de escolarização. Esse problema de pesquisa emerge da constatação de que, durante a juventude, os atletas devem dar conta de dois projetos de carreira: um no esporte, que exige uma vida ascética e regrada e intensa rotina de treinamento físico, técnico e de competições na busca pela profissionalização; e outro nos bancos escolares, que exige também dedicação, mas com graus variados e com exigências distintas, para obter a certificação escolar. Para entender a relação escola e atleta, realizamos uma investigação etnográfica em duas escolas públicas de Ensino Médio da Rede Pública Estadual de Florianópolis, que possuem parcerias com o Avaí e o Figueirense para atendimento das demandas de escolarização dos atletas alojados nas dependências dos clubes. Ambas as escolas estão localizadas em bairros urbanos da cidade de Florianópolis, na parte insular e continental, próximas às instalações dos clubes de futebol acima referidos. O turno de funcionamento selecionado para observação foi o noturno, pois nele concentra-se a maior parte dos jovens das categorias de base alojados nos dois clubes investigados, e também porque representa a possibilidade para viabilizar as duas atividades, treino e escola, já que, durante o dia, os jovens realizam atividades de formação esportiva. Por meio de observações registradas em diário de campo, acompanhamos parte da rotina escolar de estudantes-atletas de 14 a 17 anos do sexo masculino, compreendendo as categorias sub-15 (infantil) e sub-17 (juvenil). Também foram realizadas entrevistas e conversas informais com gestores das escolas, funcionários do Avaí e do Figueirense (assistentes sociais, psicólogo e pedagogo) responsáveis pelos jovens alojados no clube e pela mediação entre as escolas e a comissão técnica das equipes, bem como com os jovens atletas que frequentavam o Ensino Médio nas instituições escolares pesquisadas. As observações e entrevistas constituem as fontes primárias desta investigação, mas também nos valemos de um instrumento secundário: um questionário aplicado com estudantes-atletas e estudantes não atletas da segunda escola investigada, para perceber relações, efeitos do comportamento e atitudes dos estudantes em relação à sala de aula. Nossos resultados indicam que a escolarização é uma escolha que no meio do futebol ainda não se enquadra como exigência para formação de um excelente atleta. Percebemos que atletas e trabalhadores encaram a escola como obrigação, no entanto, com sentidos diferentes: o primeiro grupo vê a escolaridade como uma imposição para permanecer no processo de formação esportiva, enquanto o segundo grupo encara-a como uma disposição, isto é, uma responsabilidade pessoal que faz a mediação entre o presente e o futuro. Os atletas, em razão de sua rotina de treinamento e viagens, além de sua socialização profissional, vivenciam uma descontinuidade em sua relação com a escola, com professores e com o conteúdo oferecido. A escola, por sua vez, com base naquilo que chamamos como “categorias de acusação”, como “desinteressados”, “descompromissados”, “bagunceiros” ou “alheios à escola”, tende a flexibilizar e compensar suas ações com estes jovens por não desejar atrapalhar ou dificultar ainda suas carreiras. O único ponto de inflexão da escola contra os atletas é o número exagerado de faltas, cujo excesso pode provocar a repetência.


Palavras-chave: Futebol; Formação esportiva; Escolarização; Estudante-atleta.


Autor:

DA CONCEIÇÃO, Daniel Machado. O estudante-atleta: desafios de uma conciliação. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação, Florianópolis, SC, 2015.


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https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/158781/337032.pdf?sequence=1&isAllowed=y

ArtStation - Classroom (visual novel BG), Duy Tung

Um comentário:

  1. Genial ... Me pergunto porque não vejo reportagens, vídeos e matérias a respeito desse assunto de grande importância?

    Deve ser pelo fato de que o ensino não supre as expectativas daqueles que sabem que a escola está sucatiada ... De fato, treinar por um objetivo na carreira de jogador profissional, trará maiores resultados pessoais e financeiros.

    Lamentável a escola ser um motivo de Evasão ...

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