Quando penso em tudo que estou realizando como indivíduo e de como posso manter o registro de grande parte das realizações e das reflexões que faço, sejam delírios idealistas, ensaios criativos ou ponderações com uma adequada argumentação. Lembro que minha condição é distinta de meus ancestrais que, em razão da ênfase de uma cultural oral ou por falta da oportunidade de instrução, não puderam produzir registros deixando suas histórias como lembranças. Uma pequena parte de suas vidas permaneceu por anos e mesmo décadas na memória de familiares, mas que com o tempo se perderam acompanhadas da morte daqueles que ainda mantinham algumas recordações.
Suas vidas foram impedidas de se tornarem imortais, histórias que foram esquecidas e que perderam a conexão com os descendentes, pois não deixaram recordações, sejam elas: imagens, objetos ou escritos. Quem são eles? O que fizeram? O registro de suas vidas se foi, porém, sua existência terrena ainda ecoa ao permitir que eu, nesse momento, pense sobre eles. Desejo, deixar meu apreço mesmo não os conhecendo, talvez muitos de seus sonhos eu, hoje, represente uma certa concretização. Pode parecer prepotência, no entanto, quando se constrói uma história que não só foi invisibilizada como também foi esquecida, posso rogar por alçar um legado que valoriza e reconheça todos que vieram antes de mim.
Minha história só é possível, devido às histórias que existiram antes. Hoje, como resultado, uma certeza eu tenho, cada palavra de meus escritos registram não dados de pesquisas ou conhecimentos adquiridos sobre um determinado tema. A escrita que aqui deixo, perpétua minha própria existência. Isto é, o escritor sempre deixa algo de si nas linhas que publica. Logo, estou nesse texto e em outras publicações, deixando um pouco da minha personalidade, mesmo que em pequenos fragmentos. Ao escrever expresso por meio da escrita alguns pensamentos, representações de uma dada visão de mundo, reflexões sobre a vida e a sociedade na qual tive a oportunidade de viver. Assim, entendo que deixo uma recordação para que no futuro os interessados (descendentes) possam reconstruir parte de quem eu sou. Portanto, escrevo para não ser esquecido e, quem sabe, conquistar a dita imortalidade.
Nossa existência, quando já não estamos presentes, é recontada por meio das recordações, enquanto elas estiverem materializadas serão fragmentos para que alguém sempre possa lembrar e dizer que estivemos por aqui. Escrever garante no futuro um diálogo com o leitor que acessar as páginas escritas ou, pelo menos, permite continuar sussurrando conselhos quando o que restar forem apenas palavras que representam recordações.
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