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O caso do acaso

      Que caso envolve o acaso sendo que o imprevisto é sua melhor descrição? Como entender o inesperado, o desconhecido e o furtivo? O acaso, no imaginário se relaciona a fenômenos inexplicáveis e que se justificam por si só. O medo e o receio, criados para justificar tal atitude, passam representam eras e que continuam a atemorizar a humanidade.

        A ciência em sua busca constante por conhecimento, em alguns casos nega sua existência, justificando que a crença no suposto milagre só é evidenciada por não saber sua causa aparente. O conceito que atribui toda consequência sendo originária de uma causa é verdadeiro, na medida, em que as reações esperadas correspondem ao que se quer encontrar. Mas, muitas vezes, a sede por ver os resultados almejados pode cegar o olhar, mesmo cauteloso, sobre o resultado do acaso.


     O acaso pode em algum momento ser encarado como aquilo que é novo. Infelizmente, a novidade traz temor e desconhecimento, tudo que causa insegurança se justifica pelo inesperado. Então a causa do acaso é o caso? Talvez o momento de uma variável não pensada, por menor que seja, que possibilita um resultado ou uma ação diferente daquilo que se espera encontrar.

     As diversas leis da natureza desvendadas pela humanidade ainda não dão conta das infinitas probabilidades possíveis. Como lançar uma flecha no espaço, facilmente identificaremos sua causa, e concluímos um efeito ou resultado prático através de cálculos diversos sobre a força do lançamento, peso da flecha, curvatura de lançamento, velocidade etc... Isso é o que esperamos na lógica causa-efeito, mas no momento em que outro corpo atravessar sua trajetória, interromper seu curso, muitas vezes acreditaremos que seja o acaso. Talvez para muitos que trabalham fechados em sua redoma do possível, justificam como sendo um simples erro cálculo ou uma violação da sua experiência. Um procedimento que necessita ser revisto, pois se considerar o acaso do choque entre os dois objetos perceberá ser apenas mais uma variável não presumida anteriormente.

        O acaso mais do que o novo e desconhecido, pode ser dito ser aquilo que sempre existiu, ou melhor, sempre esteve presente, porém não computado. O medo da humanidade é descobrir que o acaso sempre “esteve ali”, o que simboliza nossa mísera capacidade de dar conta do todo. Em outras palavras, nada mais do que nossa inadequação em lidar com o imprevisível e o imponderável que não podemos controlar.


*Texto produzido na disciplina de Estatística Aplicada às Ciências Sociais – INE 5127 (UFSC/2013).

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