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Rostos que merecem ser reconhecidos
Tese: Estudante-trabalhador e a socialização profissional: contradições da Lei do Jovem Aprendiz na região da Grande Florianópolis/SC
Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do título de Doutor em Educação.
Orientador: Prof. Alexandre Fernandez Vaz, Dr.
RESUMO
A pesquisa pretendeu compreender a contradição inerente à condição do estudante-trabalhador – mais especificamente, o jovem trabalhador em regime de contrato especial com base na Lei 10.097/2000, conhecida como a Lei da Aprendizagem. As contradições intrínsecas ao objeto se apresentam como uma problemática que deve ser identificada e analisada, pois, se por um lado, a autonomia adquirida pelo jovem em seu meio social amplia seu campo de possibilidades e a reorganização de seu projeto de vida, por outro, sua entrada antecipada no mundo adulto acelera a reprodução do novo modelo capitalista, que tem como base não mais a produção e, sim, o consumo. Os dados foram produzidos a partir das discussões presentes no Fórum de Aprendizagem Catarinense e da aplicação de 669 questionários preenchidos por jovens aprendizes vinculados a entidades qualificadoras na grande Florianópolis que aceitaram participar da pesquisa (num total de 11 entidades). Como resultado, podemos dizer que a Lei cumpre com seus propósitos, seja com relação à possibilidade de oportunizar aos jovens uma experiência profissional, incentivar a escolarização, gerar renda e garantir condições de trabalho adequadas, seja, ainda, antecipando a adultização, incluindo-os na sociedade de consumo e formando-os para o novo cenário do mundo do trabalho. Independente disso, as contradições presentes nesse processo indicam que a Lei possui importância como dispositivo capaz de movimentar as relações e tensionar as relações entre juventude, formação profissional e trabalho.
Palavras-chave: Escolarização; Formação; Jovem Aprendiz; Qualificação; Trabalho.
DISPONÍVEL EM:
https://drive.google.com/file/d/1VbgjFQ1BgsG2fPSsWF94_jmSsJaXCW2Y/view?usp=sharing
O vácuo que a pandemia está deixando nas categorias de base
Uma das características do fenômeno esportivo é a busca pela quantificação ou contagem de escores, que difere da ludicidade presente no jogo e reiniciada continuamente. No esporte a perspectiva é avançar, os registros das marcas, dos recordes, dos resultados, dos títulos e do próprio tempo para sua realização. A quantificação dos resultados conta a história de diversas modalidades e dos seus heróis, os campeões.
No futebol, por exemplo, uma partida é realizada em 90 minutos, mais o tempo extra de acréscimos indicados pela arbitragem. A percepção do tempo está relacionada com o tipo de interação, já foi dito que em uma partida morna ou ruim, o tempo não passa. Em outras, o embate é tão empolgante que o tempo voa. Semelhança encontramos quando nosso time está perdendo, os minutos são como segundos e a relação se inverte quando estamos vencendo e sendo pressionados pelo adversário, os minutos se arrastam em lentidão. Quem não vivenciou tal relação com o relógio durante uma partida, com um gol redentor nos acréscimos, não saberá o que estamos dizendo.
O tempo cronológico (Khronos), limitado aos 90 e poucos minutos serve para descrever o embate, o entretenimento. O ato do espetáculo precisa somar também o tempo dedicado aos preparativos para a partida e sua posterior repercussão. Atletas, torcedores, apoio logístico, segurança, equipe médica, ambulância, policiamento, secretaria do clube e os veículos de imprensa, fazem esse tempo acontecer e em muitas oportunidades eternizam lances, derrotas e vitórias.
Para o espetáculo acontecer diversos tempos são necessários, é outro lado da bola, exemplo da formação de atletas. Um tempo contado em horas e anos de dedicação, mais precisamente pela idade dos atletas que pertencem às categorias de base (sub-11, sub-13, sub-15, sub-17, sub-20 e sub-23).
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https://ludopedio.org.br/arquibancada/o-vacuo-que-a-pandemia-esta-deixando-nas-categorias-de-base/
Astros são corpos celestes também no universo do futebol
O atleta
Na sociedade a pessoa de destaque é reconhecida como eminente, um verdadeiro astro. Na astronomia um astro é identificado como corpo celeste, exemplo dos planetas, cometas, estrelas e satélites. A interação entre os corpos celestes envolve a força gravitacional ou de atração, e pode manter um sistema em órbita, caso do nosso sistema solar. Se pensarmos nas interações presentes no futebol, talvez possamos perceber certa similitude dos nossos eminentes astros e outros corpos celestes.
Orbitando o jogador de futebol há elementos como: (1) a família; (2) a estrutura do clube com seu quadro profissional que inclui: dirigentes e técnicos que percebem o potencial atlético e de investimento, pois, a lógica capitalista permeia a relação desde sua aprovação em uma categoria de base; (3) empresários, caçadores de talentos que investem na possibilidade de gerenciar a carreira dos jovens atletas, transformando a atividade lúdica em trabalho remunerado com vínculos contratuais; (4) as grandes empresas patrocinadoras que desejam vincular sua marca aos “heróis” modernos, estimulando o consumo de seus produtos; (5) a mídia que promove e ganha com o debate, atingindo a massa de espectadores ávidos por informações e (6) os torcedores, os quais mobilizam o clubismo.
Não apenas estes seis elementos, corpos celestes, orbitam o jogador, poderíamos enumerar outros ou mesmo desdobrar os já citados. Nessa breve observação os seis são suficientes para observarmos a força gravitacional que exercem sobre o jogador de futebol. O que devemos perceber é a variedade de relações presentes no sujeito atleta e na prática esportiva por ele desenvolvida.
A medida que a estrutura capitalista e produtivista é incorporada ao futebol, a mudança de sentido de um amadorismo para o profissionalismo, o capital social amplia-se engendrando novas relações com empresários, patrocinadores, mídia e torcedores. Estes elementos acabam por conduzir o atleta, impactando sua tomada de decisão, a chamada pressão externa ao campo que é muito discutida, mas pouco analisada fora dos debates acalorados e especulativos.
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https://ludopedio.org.br/arquibancada/astros-sao-corpos-celestes-tambem-no-universo-do-futebol/
A cabeça insustentável feita sustentável
A trajetória da hominização começa a partir da relação do homem com o meio ambiente, o momento em que o mesmo se identifica em posição oposta a natureza, externa. Suas necessidades imediatas passam pelo sentido de segurança e de sobrevivência em busca de “conforto”. Podemos entender o conforto como a necessidade voltada para o combate do frio, umidade etc. O desenvolvimento da capacidade de enfrentar a natureza e seus desafios passa do combate direto para o processo de transformação da natureza. Em uma história linear e progressista se identificam vínculos com a natureza pelo temor ao desconhecido, logo os mitos e deuses tomam forma dos elementos e das mais diversas manifestações.
As eras passam e a relação que o homem desenvolve com a natureza externa a ele intensifica-se com momentos de maior dependência em períodos de escassez. Momentos estes que estavam ligados a própria sazonalidade do meio ambiente. Edgar Morin nos faz pensar que o sentido de global só aparece no final do século XV com as grandes navegações e explorações. Momento de novas descobertas que marcam a superação da natureza, pois o homem circula por espaços antes não imaginados. O próprio conceito de terra como uma esfera, um globo, é transformada neste período histórico, os últimos temores sobre a natureza se esvaem e o homem torna-se soberano de si mesmo e, principalmente, da terra como um todo. "Eis, portanto os começos do que chamamos Tempos Modernos, e que deveria chamar-se era planetária. A era planetária começa com a descoberta de que a terra não é senão um planeta e com a entrada em comunicação das diversas partes desse planeta" (MORIN, 2002, p. 21).
Essa nova situação colocou em contato civilizações e povos diversos, culturas que desenvolveram de maneira singular uma relação com o ambiente. Novos conhecimentos são apreendidos e servem de trampolim para outros mais. O cerne da nova ciência é a possibilidade de ampliar os saberes e de controlar a natureza, ou no mínimo reproduzi-la.
As novas necessidades de uma população global se alteram e criam-se expectativas e interesses, as relações de produção que outrora eram voltadas para subsistência ganham magnitudes, já não se produz para si, é necessário produzir para muitos outros. A ciência contínua seus avanços e descobertas, com base no conceito de que “nada se cria tudo se transforma” são introduzidos e a necessidade de conhecer a especificidade é o eixo central. A natureza externa passa a ser um produto a ser trabalhado para “beneficio” de todos. O desencantamento do mundo (Weber) e o esclarecimento (Adorno) são conceitos que ilustram a relação que o homem acaba por desenvolver com a natureza, os últimos resquícios dos mitos são substituídos pela ciência que assume seu lugar através do conhecimento e reconhecimento que adquire sobre os fenômenos da natureza e sua transformação. "Assim, os desenvolvimentos disciplinares das ciências não só trouxeram as vantagens da divisão do trabalho, mas também os inconvenientes da superespecialização, do confinamento e do despedaçamento do saber. Não só produziram o conhecimento e a elucidação, mas também a ignorância e a cegueira" (MORIN, 2003, p. 15).
O homem ao colocar a ciência como norteadora de sua vida definiu um risco a sua própria existência. A transformação da matéria-prima fornecida pela natureza para transformação em produtos para consumo, acarreta mudanças no meio ambiente. Alterações de curso de rios, elevação de vales, achatamento de montanhas e desmatamento são efeitos visíveis, além de inúmeros recursos extraídos e não são visíveis, mas afetam a vida e a sociedade moderna. A migração do campo para cidade faz com que cresça a aglomeração nos centros urbanos, possibilita a ampliação de monoculturas que se estendem por grandes extensões de terra mudando a paisagem em várias regiões. Anteriormente, as pessoas tinham a possibilidade no campo ou em áreas mais afastadas dos centros urbanos de trabalharem para própria subsistência, atualmente, tudo que é consumido deve vir de origem industrial, isto é, transformado.
A ciência como legitimadora do certo e errado articula com órgãos burocráticos e de controle, no caso a vigilância sanitária, descontinuando até mesmo pequenas criações para subsistência. A alegação é o risco à saúde pública devido a parasitas, mas a fiscalização sobre a extração grotesca junto à natureza e que põe em perigo a existência da humanidade não recebe o mesmo peso no conceito de saúde pública.
O estatuto que determinadas especialidades adquiriram no desenrolar dos anos justifica tais atitudes em algumas áreas, porém, acabam por esquecer outras. A ciência, ou melhor, o conhecimento também agora é produto vendável e de alto valor, ser expert em algo supostamente assegura uma vida de conforto. Interessante que acabamos voltando para o instante em que o homem em busca de conforto e segurança se retira da natureza primeira e parte em busca de dominá-la.
O questionamento a ser feito está na relação homem e natureza pautada pelo domínio e uso do primeiro sobre a segunda. A maneira que a humanidade constrói seu conhecimento não faz com que perceba sua dependência do planeta que a acolhe. É necessária uma mudança no ensino, a maneira de pensar a educação não deve ser pautada apenas na necessidade de especialistas, deve ser pensada na formação diletante e holística dos indivíduos.
Um grande intelectual contemporâneo Edgar Morin, evoca o desafio atual da globalidade como um desafio da complexidade, devemos entender que quanto mais planetários se tornam os problemas, mais inseparáveis da humanidade eles se tornam. A capacidade intelectual (ciência) sendo incapaz de perceber o contexto e a complexidade planetária tende a tornar-se irresponsável. Portanto, a cultura humanística busca libertar o que há de melhor no sujeito, seus sonhos, aspirações, preocupações e solidariedade, a cultura cientifica separa e fragmenta as partes isolando-as em caixas de conhecimento. Em contrapartida, amplia as possibilidades humanas, mas, infelizmente, acaba por não refletir sobre o destino humano. Sua ênfase está na frase: “A reforma do ensino deve levar a reforma do pensamento, e a reforma do pensamento deve levar a reforma do ensino” (MORIN, 2003, p. 20). Isto representa uma cabeça bem-feita e não uma cabeça bem-cheia, tal possibilidade traz a capacidade de melhor organizar os conhecimentos, não apenas isolando com o intuito de acumular, seu objetivo é a ampliação de horizontes por meio do qual o sujeito percebe o alcance de suas mãos, ou melhor, suas ações. Pois, cada ação reflete no todo, mesmo que a ação possa parecer isolada.
Pensar os desafios para educação do futuro, tendo por base o pensamento do Edgar Morin, nos faz refletir que um percurso longo está à espera para ser percorrido. No processo de secularização a educação desenvolve-se com um projeto racionalista e, atualmente, possui seu foco na formação tecnicista. O conhecimento torna-se especializado e consequentemente o reconhecimento também está atrelado ao mesmo, pois, os sujeitos buscam dentro do que entendemos como sociedade, a ascensão por meio da aquisição de uma formação para exercer e viver sua vida cotidiana.
No entanto, a proposta do autor é alertar para fragmentação do conhecimento e a falta de percepção da complexidade das interações que o sujeito realiza. Mais do que ser um sujeito único no sentido de sua individualidade ele é peça de um todo e é transpassado pelo todo. Suas ações são integradas e integrantes de uma complexidade maior do que a observada pelo sujeito. Este é o desafio da educação do futuro despertar os sujeitos para compreenderem mais do que podem ver com seus próprios olhos e do lugar onde se encontram.
Ao procurarmos fazer com que as várias disciplinas se relacionem de maneira interdisciplinar como um modelo ideal para a resolução dos problemas, arriscamos acabar por não perceber que continuamos assumindo a divisão das disciplinas e que apenas queremos colocá-las em diálogo. Devemos questionar o próprio modelo de ciência que resulta em especialistas/experts, pois “descobrimos, porém, que a ciência também pode produzir ignorância, pois o conhecimento fecha-se na especialização” (MORIN, 2002, p. 10). Pensar a complexidade é identificar o conhecimento e não os conhecimentos. A cabeça bem feita não é fomentada em terra arrasada! A cabeça bem feita se desenvolve concomitante à natureza, respeitando seus limites e potencialidades. Isto é, necessitamos ainda durante nossa formação aprender a ter outra relação com a natureza. Uma brincadeira simples de criança mostra nossa ação atual, exemplo a construção de castelos de areia que logo depois são destruí-los, é a manifestação de como nos comportamos frente a natureza, nós criamos, destruímos e criamos de novo. Neste processo cristalizamos a relação de domínio e a imagem de que o recurso simplesmente volta a estar à disposição sempre que queremos e de maneira inesgotável.
Necessitamos aceitar a proposta de Morin e reformular nossa relação com a natureza e o nosso conhecimento. A cabeça bem feita é uma construção nova ou um religar, um retornar. Precisamos retroceder ao momento que nos separamos da natureza, quando conscientemente decidimos transformar ela em coisa. Existe a necessidade de entender que somos parte da natureza tanto quanto os minerais, animais e vegetais. Devemos absorver tal entendimento em tenra idade e não deixar que se consolide através de categorias nas quais não fazemos parte, pelo simples fato de termos a razão como diferencial. A racionalidade nos trouxe até aqui, mas ao persistimos em seu extremo, dando ênfase à racionalização das nossas atitudes e ações, portanto, será ainda mais insustentável nosso conhecimento em busca de conforto.
Referências:
MORIN, Edgar. Terra-Pátria. Porto Alegre. Porto Alegre: Sulina, 2002.
O uso dos equipamentos e o papel do operador
Por Daniel Machado da Conceição
O debate social e político no ritmo das redes sociais
A saturação de informações é uma nova realidade que tende a influenciar como encaramos as esferas social e política, que ganham aceleração no ritmo das redes sociais. Em meados dos anos 2000, redes sociais como Orkut e Facebook surgem agregando a possibilidade de novos vínculos, permitindo a formação de um espaço no ambiente virtual que aproxima pessoas, não estando mais limitadas pela distância ou barreiras fronteiriças.
O Orkut foi a rede social que deu início ao processo. Nela se publicavam fotografias (imagens) e breves comentários, muito semelhante aos fóruns de discussão. O Facebook, por sua vez, explorava outras ferramentas virtuais como o reconhecido “curtir” e, rapidamente, se popularizou.
Em 2010 e 2014, o Facebook foi uma arena virtual na qual o debate social e, principalmente, político encontrou um campo fértil. As postagens nos perfis virtuais foram somadas a grupos ou comunidades de interesse. Empresas e veículos de comunicação começaram a produzir material para ser publicado e compartilhado nesse ambiente. Temas ligados à política ganharam magnitude e uma arena de disputa. No entanto, não podemos esquecer que em 2010 o acesso à internet não estava disseminado e se restringia a um grupo populacional mais abastado, muito diferente da realidade nas eleições majoritárias em 2014 e 2018.
Em 2014, a popularização do acesso à internet através dos dispositivos móveis como smartphones viabilizou o alcance das redes sociais como um dos principais veículos para o debate público. Muitas das manifestações populares como Não é só 20 centavos, megaeventos, corrupção e impeachment, foram potencializadas ao utilizar esses aplicativos, uma imagem de protagonismo dos usuários que inocentemente no ambiente virtual não percebiam a influência da mídia tradicional orientando os temas e pautas.
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Live sobre Dilema(s) para a formação do estudante-atleta no Brasil
Associação Brasileira sobre Dupla Carreira.
Duplacarreirabrasil
A organização do III Seminário Internacional sobre Dupla Carreira convida para uma conversa a respeito dos dilema(s) para a formação do estudante-atleta no Brasil.
Mais informações em:
https://www.instagram.com/duplacarreirabrasil/
Políticas públicas para as juventudes!
As políticas públicas para juventude são muito importantes à medida que esse grupo, faixa etária ou geração, recebe a exigência de ter protagonismo. A legislação sobre juventude representa processos sócio-históricos e que marcam a conquista de direitos individuais, sem esquecer os deveres com a vida coletiva. No entanto, alguns projetos e leis não são pensadas de maneira articulada e acabam por interferir uma na outra. Como na metáfora do “cobertor curto”, para cobrir os pés, destapa-se a cabeça e vice-versa.
As leis e programas podem ser construções calcadas em boas intenções, procurando atender a demandas da juventude ligadas à escolarização, saúde, trabalho, renda, lazer e diversão, apenas para citar algumas. Na ânsia por dar uma resposta, as políticas de juventude que deveriam ser convergentes podem se tornar incongruentes, isto é, com ações e objetivos que se sobrepõem ou se contradizem, impactando negativamente uma na outra.
Um exemplo, não muito distante, aconteceu em 2014, quando os programas educacional e esportivo realizaram no mesmo final de semana as provas do Exame Nacional do Ensino Médio e os Jogos Escolares Brasileiros. Os estudantes-atletas na época tiveram que escolher em qual evento participar, passando uma mensagem de que a formação escolar e a formação esportiva não fazem parte de uma dupla carreira, supondo uma necessária separação.
No atual momento, educação e trabalho entram em desajuste, pois, o Novo Ensino Médio que deve ampliar o tempo diário de permanência na escola, tornando-o integral, interfere na Lei da Aprendizagem (10.097/2000). No primeiro momento um tempo elevado de escola desajusta a concomitância com a jornada de trabalho ou, mesmo, como outra formação. No caso, do jovem aprendiz estudante de escola pública estadual, significa a redução de oportunidades de inserção, pois, sua jornada de quatro horas não estará mais adequada para empresas com expediente até às 18 horas. Isso porque no período matutino as aulas terminam mais tarde e no período vespertino começam mais cedo, impossibilitando o deslocamento, descanso, alimentação e a jornada laboral em horário comercial.
Outro ponto está relacionado à construção de itinerários formativos e às trilhas de aprendizagem que são orientadas pela escola do jovem, incompatibilizando os programas de capacitação profissional que seguem a Portaria 723/2012 para elaboração do conteúdo. Mesmo no eixo ou trilha profissionalização, os conteúdos das entidades qualificadores (Sistema S, Escolas Técnicas Profissionalizantes e Entidades Sem Fins Lucrativos) podem, não ser reconhecidos como válidos para a formação para o trabalho desenvolvida pela escola, pois, na Aprendizagem falamos da formação pelo trabalho.
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http://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/politicas-publicas-para-as-juventudes/
Texto apresentado na banca de tese Estudante-trabalhador e a socialização profissional: contradições da Lei do Jovem Aprendiz na região da Grande Florianópolis/SC
Quero antes de mais nada agradecer a presença de todos, saibam que os bons fluidos e energias trazem conforto e acolhida. Identificar novos amigos e ver os rostos familiares é um alento, porém, também aumenta minha responsabilidade.
Familiares e amigos, muito obrigado por estarem aqui.
Professores e professoras, membros da banca, que alegria compartilhar esse momento com vocês. É uma mistura de sentimentos, euforia e insegurança, essa última não quero atribuir a vocês com quem tive a oportunidade de conviver nos últimos 13 anos, com maior ou menor envolvimento, mas não posso negar quer ser avaliado gera sempre certa preocupação.
Não se preocupem, pois, a insegurança é ainda um resquício do meu processo de socialização familiar e escolar, com tantos “nãos”, por exemplo: - não é pra ti!; - não acredito que foi você que fez; - não adianta tentar; ou, - não faz, tu não vai conseguir!
Mensagens que continuam ecoando e são acionadas em momentos como esse, algumas vezes paralisam, intimidando, outras, quando questiono servem para encorajar, mas nem sempre é fácil. Pessoalmente, estou me desconstruindo como homem, negro, esposo e pai, alguém que mesmo com alguns temores é muito feliz por ter tentado.
Chegar até esse momento da minha formação foi possível devido às políticas de ações afirmativas, sou fruto e resultado concreto dessa proposta de transformação que é prospectiva, que pensa o futuro e não se resume a uma reparação com o passado.
Agradeço a todos que lutaram e lutam para criação e manutenção dessa política. Sou feliz por estudar em uma universidade pública e de qualidade, lutemos por ela, ela é nossa!
Professor Alexandre acompanhou essa caminhada e sabe que procurei na universidade cursar sempre uma ou duas disciplinas a mais do que exigido por semestre, sempre quando foi possível e às vezes quando não. O desejo não era acelerar a formação para antecipar a conclusão, era sim para aproveitar ao máximo as oportunidades de aprender em uma universidade pública e de qualidade.
Faço essa abertura pensando desmistificar um certo vitimismo ou, por outro lado, a exaltação do mérito pessoal. Na verdade, é um sentimento que quer dizer, não foi fácil, mas estou aqui e, penso, estou melhor que quando comecei.
Os membros da banca são avaliadores extremamente qualificados para discutir o resultado da pesquisa que envolve os jovens aprendizes. Que grande honra contar com a participação de cada um, por aceitarem ler e contribuir com esse trabalho.
Professor Alexandre foi um orientador incansável, um facilitador, incentivador e solícito.
Professora Marisol, representa os professores e professoras que me receberam na graduação em Ciências Sociais.
Professora Ione, representa os professores e professoras que pude conhecer na pós-graduação. Eu fui um entusiasta “aluno repente”, explico, que essa é uma expressão utilizada para designar os alunos que participam mais de uma vez das muitas disciplinas ofertadas pela professora.
Professora Márcia, representa os novos vínculos e amizades que vou desenvolvendo ao ampliar a rede de contatos. Sua acolhida foi extraordinária.
Professor Matheus, representa os colegas de graduação que se afirmam como novos pesquisadores e intelectuais brasileiros.
Professor Cristiano, é um parceiro de escrita e alguém para dividir as agruras da vida acadêmica, sempre rigoroso, compreensível e um incentivador.
Professora Danielle, representa os colegas do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea - NEPESC. Recentemente, tive a oportunidade de dizer ela que seu exemplo e de todos os outros, serviu para impulsionar o meu desejo de cursar a pós-graduação.
Professor Fábio, igualmente, representa um grupo de professores que possuem grande generosidade intelectual, estão sempre dispostos a dar conselhos ou orientações que fazem grande diferença.
Professores, mais uma vez obrigado por participarem da minha formação.
Estendo esse agradecimento aos servidores do Centro de Ciências da Educação e da Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Educação.
Agradeço aos jovens e as instituições, entidades qualificadoras que participaram da pesquisa.
Aproveito para agradecer ao Programa de Bolsas Universitárias de Santa Catarina Pós-Graduação - UNIEDU/FUMDES, que proporcionou um apoio fundamental para realização da pesquisa e para formação desse pesquisador.
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A pesquisa surge de uma vivência e de uma inquietação, a primeira por realizar atividades profissionais ligadas a aprendizagem, oportunidade que acontece em 2012, e a segunda, os estudos que realizei durante a graduação e mestrado que envolveram a escolarização do estudante-atleta despertavam aproximações e comparações com o estudante-trabalhador.
Assim, nos últimos anos foi dedicada atenção ao estudante-trabalhador, especificamente, o jovem aprendiz. Jovens que se inserem no mercado de trabalho por meio da Lei da Aprendizagem (10.097/2000), um dispositivo que obriga empresas de médio e grande porte a contratarem jovens com idade entre 14 e 24 anos na proporção de 5% a 15% do seu quadro funcional.
A Lei como política para juventude possui objetivos específicos, proporcionar renda, experiência profissional, continua escolarização, condições de trabalho adequadas e erradicação do trabalho infantil. Portanto, visa proporcionar, ao jovem formação profissional e inserção no mundo do trabalho, ações que supostamente garantam uma maior empregabilidade e sua autonomia.
A Aprendizagem, nesta ótica, parece ser um dispositivo capaz de promover mudanças significativas na trajetória de vida dos jovens, uma vez que o contato com o mercado de trabalho e as experiências provenientes, podem ensejar novos campos de possibilidades. Em suma, a aquisição de capitais cultural, social e econômico, favorecem o acesso a conhecimentos que ampliam as oportunidades de futuro, podendo o jovem reorientar ou construir novos projetos pessoais a partir das experiências na empresa contratante.
O tema do estudante-trabalhador possui relevância quando pensamos sobre as transformações nas relações de trabalho e nos meios de produção. Portanto, possibilita observar uma nova experiência de vida em meio a um mundo globalizado, com relações de trabalho flexíveis e precarizadas.
Ao mapear os jovens inseridos em programas de aprendizagem, pode-se atestar ou refutar a hipótese de que a lei amplia o campo de possibilidades, bem como, proporciona mudança e transformação social de um grupo populacional identificado como protagonista de suas ações no Século XXI. A pergunta norteadora da pesquisa questiona: como a Lei da Aprendizagem, uma política pública voltada para juventude, tem contribuído para mudanças de perspectivas sociais, econômicas e mesmo culturais dos jovens aprendizes? Em outras palavras, a socialização profissional desenvolvida por meio da Lei de Aprendizagem (Lei 10.097/2000) promove transformações na autonomia do jovem?
Para responder essa questão identificamos algumas contradições que são inerentes ao objeto e que procuramos tensionar: (1) condições de trabalho x entrada antecipada; (2) experiência profissional x força de trabalho barata; (3) reconhecimento social x endividamento precoce; (4) status de trabalhador x posição inferior na hierarquia empresarial; (5) respeito ao desenvolvimento físico, moral e emocional x adultização; e, (6) escolarização contínua e concomitante x jornada de trabalho.
Essas contradições são dilemas vivenciados pelos jovens durante seu itinerário formativo, tal constatação reforça a importância da investigação sobre os impactos da Lei da Aprendizagem. As contradições afetam diretamente o aprendiz em seu momento de maior transformação pessoal – posterior à infância e anterior à vida adulta – e durante o processo de socialização profissional.
Os dados foram produzidos a partir das discussões presentes no Fórum de Aprendizagem Catarinense e da aplicação de 669 questionários preenchidos pelos jovens aprendizes vinculados a entidades qualificadoras na grande Florianópolis que aceitaram participar da pesquisa (total de 11 instituições).
A construção histórica e social da Lei da Aprendizagem representa lutas e conquistas dos trabalhadores. O texto foi dividido em sete partes, uma apresentação e seis capítulos.
No primeiro capítulo, apresentamos os principais componentes históricos e sociais que permitiram a regulamentação da Lei da Aprendizagem, os motivos ou incentivos para sua criação.
O capítulo dois traz a relação do pesquisador com o campo, desde a escolha do tema até os meandros metodológicos na construção do objeto.
O terceiro procura evidenciar parte do debate sobre juventude e políticas públicas que envolvam trabalho, renda e escolarização.
O capítulo quatro, apresenta os dados produzidos por meio do questionário preenchido pelos jovens aprendizes e uma análise descritiva.
No quinto capítulo, os dilemas presentes na Lei da Aprendizagem são confrontados com as informações produzidas nos questionários para contextualização das implicações na vivência dos aprendizes vinculados às entidades qualificadoras e empresas da Grande Florianópolis.
O capítulo final sistematiza as observações e resultados obtidos com o estudo proposto, assim como, traz as considerações finais do pesquisador.
Os dilemas que fazem parte da Lei da Aprendizagem representam uma relação dialética que constitui o sujeito contemporâneo. Uma contínua necessidade de ter sua individualidade reconhecida em meio às afirmações da sociedade que impõe e espera uma postura de acordo com seus princípios. Sociologicamente, falamos da eterna tensão entre indivíduo e sociedade.
Ao procurar compreender o estudante-trabalhador, especificamente, o jovem aprendiz, sujeito que se encontra entre os 14 e 24 anos, que se insere no mercado de trabalho formal através de um contrato especial, entendemos ser possível desvelar os desafios de uma transição para a vida adulta que passa pela formação pelo trabalho. Em meio a essa metamorfose pessoal, o jovem necessita aprender o que é ser trabalhador, conforme o modelo idealizado na vida produtiva.
As incertezas de um mundo no qual a linearidade não mais condiz com aquela vivenciada por gerações anteriores provoca medos e angústias. As muitas encruzilhadas que são apresentadas para o jovem que inicia sua carreira profissional dizem respeito à sua estabilidade e futura aposentadoria, isto é, enquanto a geração dos seus responsáveis vislumbrava uma profissão almejando que em algumas décadas estaria “descansando”, o jovem não tem mais essa projeção de maneira cristalina, ele precisa deslocar seu interesse para questões imediatas, como a sobrevivência e se possível seu bem-estar. Ações que no contemporâneo são identificadas como uma condição de autonomia do sujeito, uma busca constante por liberdade para fazer escolhas e direcionar a própria vida.
Tal condição perpassa pela gestão de si, o sentimento de melhorar sempre deve ser sua principal característica, servindo para retroalimentar um sistema que ressignifica o modelo do trabalho e do perfil profissional. O trabalhador precisa ter autonomia como profissional, saber contextualizar sua empresa, produtos, serviços e a si mesmo, almejando conquistar seu protagonismo através da atividade profissional. O mundo do trabalho se beneficia desse empenho e desejo, prometendo reconhecimento e uma suposta valorização, o que acaba permitindo intensificar os resultados produtivos do empreendimento. Podemos afirmar que a Lei da Aprendizagem simboliza um movimento de atualização do capitalismo, refletido no perfil do novo trabalhador.
Ser um jovem aprendiz está associado à condição de juventude como um tempo de construção. Sua facilidade de adaptação em uma sociedade repleta de incertezas e a valorização de sua idade plástica, orientam para antecipação de uma formação pelo trabalho. Uma jornada repleta de sonhos, crenças e desafios, em um cenário competitivo e excludente, de autoexploração.
Destacar a juventude e sua representação social parece permitir no presente vislumbrar o futuro. Possibilita fazer conjecturas sobre o futuro modelo da sociedade. A juvenilização iniciada no século XX deixou de estar restrita à indústria cultural e invadiu as muitas esferas do social. O trabalho não ficou indiferente, seu impacto pode ser observado nas características e no perfil profissional idealizados no presente, com características associadas a representação de juventude, e projetadas para um cenário de maiores incertezas.
Identificar essa mudança, parece contribuir para desvelar as ações que transformam o modelo capitalista, seus discursos e narrativas sobre a autonomia do sujeito. Ser um empreendedor é a afirmação da escolha do mérito e da competição como norteadores das relações em uma sociedade cada vez mais individualizada e individualista.
A partir das observações e análise dos questionários preenchidos por 669 aprendizes na região da Grande Florianópolis/SC, podemos dizer que as argumentações até aqui apresentadas são experienciadas em maior ou menor grau, isto é, os jovens expressam satisfação com a oportunidade de trabalho e de formação. No entanto, também enfrentam dificuldades de adaptação ou de conciliação dos muitos afazeres ainda em tenra idade.
Podemos dizer que a Lei cumpre com seus propósitos, sejam a possibilidade de oportunizar aos jovens uma experiência profissional, incentivar a escolarização, gerar renda, garantir condições de trabalho adequadas e ampliação do campo de possibilidades. Ou, ainda antecipação da adultização, inclusão na sociedade de consumo e formação voltada para o novo cenário do mundo do trabalho.
As contradições presentes nesse processo indicam que a Lei possui importância como dispositivo capaz de movimentar as relações e tensionar a representação de juventude, formação profissional e trabalho. Ao compreender suas incongruências podemos desvelar mais uma camada do tecido social que tem na juventude uma relação de amor e ódio, enquanto os jovens desejam tornar-se “meninos de verdade” (um paralelo que realizamos com a As aventuras do Pinóquio e seu desejo de ser menino de verdade).
As Olimpíadas e a mudança na maneira de assisti-la
Os Jogos Olímpicos da Era Moderna recomeçam com o atraso de um ano, com incertezas e inúmeros procedimentos sanitários que alteram seus rituais, pré e pós competições. Há expectativa de novos recordes, campeões e a afirmação de atletas que demonstraram nos anos anteriores serem promessas de bons resultados.
Diferente dos últimos Jogos, convivemos com uma situação inusitada, a ausência de público durante as competições, algo que se tornou comum no mundo em razão da pandemia de COVID-19. Alguns países com número elevado de vacinados (imunizados) flexibilizaram suas regras de isolamento, exemplo dos Estados Unidos da América e outros no continente europeu, como observado durante a Eurocopa 2021, competição vencida pela seleção de futebol masculino da Itália.
A presença do público embeleza o cenário das competições e sua ausência tem um efeito anímico, permitindo conjecturas que discutiremos, por um bom tempo, como acontece em relação ao Campeonato Brasileiro de Futebol Masculino da Série A 2020, o quanto a torcida poderia contribuir para que a taça de campeão ficasse em outras mãos?
Debates que perduram em muitas rodas de conversa, no entanto, assistir aos Jogos mudou, pois, com o silêncio das arquibancadas escutamos todos os sons produzidos pelos corpos na execução dos movimentos, quedas, trombadas, bloqueios, chutes, lançamentos etc. Sem contar a poética dos eventos com as mensagens de incentivo, cobrança, críticas, xingamentos, provocações, justificações, euforias e tristezas. Houve momentos em que o soluço dos atletas em prantos de dor ou de pesar, foi ouvido para além da imagética de um quadro congelado ou mesmo em movimento.
Na transmissão dos Jogos Olímpicos esse cenário estará ampliado, imagens de corpos e dos sons produzidos por eles, estarão nas telas dos diversos dispositivos telemáticos, assistidos por um público apartado dos seus heróis e ídolos. Os veículos de mídia irão alimentar o interesse dos torcedores por determinadas modalidades, definindo as prioridades de transmissão de acordo com a compatibilidade da grade televisiva. Aqueles privilegiados que podem contratar canais de televisão privados ou plataformas streaming terão acesso aos conteúdos durante as 24 horas do dia e da noite. Portanto, as imagens ampliam-se na mesma magnitude da visibilidade dos corpos e seus feitos esportivos.
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Qualquer filho(a) é digno(a) de ter oportunidades educacionais
Nos últimos tempos estamos nos acostumando com grosseria e falta de empatia explícita. Meu orientador, Professor Alexandre Vaz, diz que alguns comentários dos atuais líderes governistas como que dispensam análise sociológica. Não há meias-palavras ou argumentos para analisar, simplesmente, falam aquilo que pensam sem necessidade de interpretação, apenas com compreensão é possível entendê-los.
O Ministro da Economia Paulo Guedes recentemente comentou que uma das políticas públicas de financiamento estudantil pagou a graduação do “filho do porteiro” que tirou zero na prova do vestibular. Que atrocidade é essa afirmação do Ministro! Ela me fez recordar que em 2007 quando a Universidade Federal de Santa Catarina aderiu às políticas de ações afirmativas, no vestibular para ingresso no ano seguinte, eu fui aprovado para a graduação em Ciências Sociais.
Realizar a matrícula não foi simples. Não que tivesse algum problema com minha documentação, mas havia ações judiciais que queriam embargar o processo, pois, segundo a alegação que traziam, as cotas estavam reduzindo as vagas no nível superior. Um argumento muito mesquinho e falho, já que as políticas públicas ampliaram o número de vagas, essas direcionadas para as ações afirmativas, sem impactar nas que já existiam. Durante o imbróglio e as incertezas que eram discutidas e apresentadas pela mídia local, um colunista de um dos principais jornais de Santa Catarina fez um comentário bem estruturado, mas injusto, sobre o assunto.
O jornalista embasou sua observação acionando o mérito e a disparidade das avaliações, atestando ser aquele processo seletivo um absurdo e defendendo que aqueles que o contestavam judicialmente estavam certos. Seus argumentos não convenceram e estimularam minha resposta, enviada por correio eletrônico. Meu primeiro contato foi respondido com brevidade, ele apresentava a mestiçagem como uma questão subjetiva para qualquer definição, voltando a afirmar a importância do mérito pessoal. Alegava, seu autor, inclusive, que no condomínio em que vivia, localizado em uma área nobre da cidade, um dos moradores era médico e negro. Seu comentário foi: “Ele conseguiu sozinho, todos os outros conseguem!”
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O antes da pandemia justifica o que acontece durante
Quando reflito sobre as atrocidades que acontecem durante a pandemia do COVID-19, fico perturbado em razão das perdas potencializadas pelo descaso, despreparo, desrespeito, imbecilidade e incompetência. A ponderação que preciso fazer diz respeito à atitude que grande parte da população assumiu como ideal no período, assumindo um risco consciente.
O Brasil possui um Sistema de Saúde reconhecido mundialmente, muito elogiado por sua estrutura e abrangência. Sabemos que os processos de gestão podem melhorar. Atendimento, qualidade e eficiência, são tópicos que devem ser continuamente avaliados, questionados e aperfeiçoados. No entanto, o trabalho que o Sistema Único de Saúde (SUS) realiza, principalmente, em seu programa de vacinação é primoroso. Quero mais uma vez afirmar: – ele é elogiável e serve de modelo para muitos países pelo mundo, inclusive para os ditos “países ricos”.
O resultado desse trabalho de vacinação desenvolvido pelo SUS permitiu a erradicação ou estabilização de doenças como: sarampo, poliomielite, tétano, coqueluche, caxumba, catapora, difteria, meningite, gripe e suas variantes, como a H1N1, desde 2009. São doenças que por um longo tempo não eram citadas ou não causavam grande preocupação na população. Em minha infância e adolescência nas décadas de 1980 e início dos 1990, ainda eram comuns surtos de infecção que provocaram momentos de isolamento e incômodo, processos gerados por doenças como catapora e caxumba. Nos anos e na década seguinte, com a intensificação do programa de vacinação, aconteceu uma redução gigantesca da incidência de casos das doenças citadas, proporcionando uma maior imunidade na população brasileira.
Exemplo prático dessa situação posso observar em minhas duas filhas e em meu filho, que não contraíram as doenças que me acometeram na infância. Esse é um resultado prático das políticas de vacinação da população. No entanto, algo aconteceu durante a segunda década do século XXI. Alertas sobre a queda da imunidade da população foram proferidos por organismos nacionais e internacionais, com base nos números de infectados com doenças consideradas erradicadas ou em situação estável.
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https://escoladesaudecoletiva.com.br/o-antes-da-pandemia-justifica-o-que-acontece-durante/
Reconhecer a diversidade para humanização do mundo do trabalho
A Lei 10.097/2000 é conhecida como Lei da Aprendizagem. Ela envolve a inserção de jovens entre 14 e 24 anos no mercado de trabalho formal. Seu objetivo está centrado na garantia dos direitos trabalhistas, formação pelo trabalho, renda e incentivo à escolarização. No decorrer das últimas duas décadas novos decretos e portarias se somam a ela, com ajustes e esclarecimentos para um melhor entendimento dos programas de aprendizagem.
A contratação de um aprendiz envolve a família, a empresa contratante para realização das atividades práticas (laborais) e a entidade qualificadora, exemplo das instituições do Sistema “S”(SENAI, SENAC, SENAT, SENAR e SESCOOB.), Escolas Técnicas Profissionalizantes e Entidades Sem Fins Lucrativos (ESFL).
As entidades qualificadoras são responsáveis pela formação técnico-profissional metódica durante todo período do contrato. Conhecimentos, habilidades e saberes fazem parte do processo de capacitação, que almeja a formação cidadã e profissional. Com esse intuito, na Portaria 723/2012, no Art. 10, item III – Conteúdos de formação Humana, letra “f”, encontramos a orientação para inclusão do tema “direitos humanos, com enfoque no respeito à orientação sexual, raça, etnia, idade, credo religioso ou opinião política”.
Os jovens aprendizes antecipadamente aprendem através da experiência no mercado de trabalho formal uma triste realidade sobre desigualdade e preconceito, começando pelo recrutamento e seleção para vagas disponíveis em que o local de moradia, raça, deficiência e gênero, são colocados como critérios subjetivos e objetivos de corte.
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Ita Maia, entre marolas e tsunamis
Para enfrentar as chagas da sociedade, um Márcio
A Escola de Chicago desenvolveu estudos que demonstraram as transformações da vida moderna, especialmente, nos novos aglomerados urbanos. O crescimento geográfico e demográfico das grandes cidades favoreceu o que foi reconhecido nas patologias sociais, aumento de desemprego, criminalidade, bolsões de pobreza etc., problemas que aparecem em consequência da rápida expansão dos novos ordenamentos humanos.
As patologias sociais estão relacionadas a anomalias na estrutura social, no entanto, outras doenças, que identifico como chagas, permanecem expostas como grandes ferimentos e machucados. Machismo, patriarcalismo, homofobia, xenofobia, misoginia, racismo etc., são algumas das chagas que se mantêm abertas no corpo social.
A definição de chagas indica lesões abertas, ferimentos ou feridas. O racismo se apresenta como uma ferida exposta que causa não apenas constrangimento, mas principalmente dor. Seu combate não é fácil, pois, algumas pessoas não estão dispostas a submeter-se ao tratamento de limpeza, desinfecção e constante troca de curativos para que a lesão possa ser curada.
O racismo continuamente é lembrado como algo que deve ser ‘tratado’ em diálogo aberto. Sua discussão ganha espaço a partir da caixa de ressonância midiática, o que promove discussão, mas não garante uma reeducação dos modelos mentais marcadores de esteriótipos e valores culturais. Muitos casos de racismo explícito e que fazem parte do cotidiano não ganham o noticiário, limitando o debate que permanece encrustado na alegação de situações isoladas.
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https://www.ludopedio.com.br/arquibancada/para-enfrentar-as-chagas-da-sociedade-um-marcio/
As juventudes na mídia durante a pandemia COVID-19: compreender para educar
Daniel Machado Da Conceição
Cristiano Mezzaroba
Marcos Rogério dos Santos
Resumo
COVID-19: o impacto da quarentena sobre o nível de atividade física [1]
Ana Miriam Dos Santos Cardoso
Carolayne Jhenyfer Correia Montes Dos Santos
Jean Carlos Alves Da Costa
Jennifer Benigna Da Silva Santos
Discentes do Curso de Licenciatura em Educação Física Universidade Federal de Sergipe