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Live sobre Dilema(s) para a formação do estudante-atleta no Brasil



ACESSO EM:

https://www.youtube.com/watch?v=vYcM6iLjeS4&ab_channel=dcbrasil
 

Associação Brasileira sobre Dupla Carreira.

Duplacarreirabrasil

A organização do III Seminário Internacional sobre Dupla Carreira convida para uma conversa a respeito dos dilema(s) para a formação do estudante-atleta no Brasil.

Mais informações em:

https://www.dcbrasil.org/

https://www.instagram.com/duplacarreirabrasil/ 




Políticas públicas para as juventudes!

 



As políticas públicas para juventude são muito importantes à medida que esse grupo, faixa etária ou geração, recebe a exigência de ter protagonismo. A legislação sobre juventude representa processos sócio-históricos e que marcam a conquista de direitos individuais, sem esquecer os deveres com a vida coletiva. No entanto, alguns projetos e leis não são pensadas de maneira articulada e acabam por interferir uma na outra. Como na metáfora do “cobertor curto”, para cobrir os pés, destapa-se a cabeça e vice-versa.

As leis e programas podem ser construções calcadas em boas intenções, procurando atender a demandas da juventude ligadas à escolarização, saúde, trabalho, renda, lazer e diversão, apenas para citar algumas. Na ânsia por dar uma resposta, as políticas de juventude que deveriam ser convergentes podem se tornar incongruentes, isto é, com ações e objetivos que se sobrepõem ou se contradizem, impactando negativamente uma na outra.

Um exemplo, não muito distante, aconteceu em 2014, quando os programas educacional e esportivo realizaram no mesmo final de semana as provas do Exame Nacional do Ensino Médio e os Jogos Escolares Brasileiros. Os estudantes-atletas na época tiveram que escolher em qual evento participar, passando uma mensagem de que a formação escolar e a formação esportiva não fazem parte de uma dupla carreira, supondo uma necessária separação.

No atual momento, educação e trabalho entram em desajuste, pois, o Novo Ensino Médio que deve ampliar o tempo diário de permanência na escola, tornando-o integral, interfere na Lei da Aprendizagem (10.097/2000). No primeiro momento um tempo elevado de escola desajusta a concomitância com a jornada de trabalho ou, mesmo, como outra formação. No caso, do jovem aprendiz estudante de escola pública estadual, significa a redução de oportunidades de inserção, pois, sua jornada de quatro horas não estará mais adequada para empresas com expediente até às 18 horas. Isso porque no período matutino as aulas terminam mais tarde e no período vespertino começam mais cedo, impossibilitando o deslocamento, descanso, alimentação e a jornada laboral em horário comercial. 

Outro ponto está relacionado à construção de itinerários formativos e às trilhas de aprendizagem que são orientadas pela escola do jovem, incompatibilizando os programas de capacitação profissional que seguem a Portaria 723/2012 para elaboração do conteúdo. Mesmo no eixo ou trilha profissionalização, os conteúdos das entidades qualificadores (Sistema S, Escolas Técnicas Profissionalizantes e Entidades Sem Fins Lucrativos) podem, não ser reconhecidos como válidos para a formação para o trabalho desenvolvida pela escola, pois, na Aprendizagem falamos da formação pelo trabalho. 

CONTINUAR LENDO EM:

http://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/politicas-publicas-para-as-juventudes/


Texto apresentado na banca de tese Estudante-trabalhador e a socialização profissional: contradições da Lei do Jovem Aprendiz na região da Grande Florianópolis/SC

 



Quero antes de mais nada agradecer a presença de todos, saibam que os bons fluidos e energias trazem conforto e acolhida. Identificar novos amigos e ver os rostos familiares é um alento, porém, também aumenta minha responsabilidade.

Familiares e amigos, muito obrigado por estarem aqui.

Professores e professoras, membros da banca, que alegria compartilhar esse momento com vocês. É uma mistura de sentimentos, euforia e insegurança, essa última não quero atribuir a vocês com quem tive a oportunidade de conviver nos últimos 13 anos, com maior ou menor envolvimento, mas não posso negar quer ser avaliado gera sempre certa preocupação. 

Não se preocupem, pois, a insegurança é ainda um resquício do meu processo de socialização familiar e escolar, com tantos “nãos”, por exemplo: - não é pra ti!; - não acredito que foi você que fez; - não adianta tentar; ou, - não faz, tu não vai conseguir!

Mensagens que continuam ecoando e são acionadas em momentos como esse, algumas vezes paralisam, intimidando, outras, quando questiono servem para encorajar, mas nem sempre é fácil. Pessoalmente, estou me desconstruindo como homem, negro, esposo e pai, alguém que mesmo com alguns temores é muito feliz por ter tentado.

Chegar até esse momento da minha formação foi possível devido às políticas de ações afirmativas, sou fruto e resultado concreto dessa proposta de transformação que é prospectiva, que pensa o futuro e não se resume a uma reparação com o passado.

Agradeço a todos que lutaram e lutam para criação e manutenção dessa política. Sou feliz por estudar em uma universidade pública e de qualidade, lutemos por ela, ela é nossa!

Professor Alexandre acompanhou essa caminhada e sabe que procurei na universidade cursar sempre uma ou duas disciplinas a mais do que exigido por semestre, sempre quando foi possível e às vezes quando não. O desejo não era acelerar a formação para antecipar a conclusão, era sim para aproveitar ao máximo as oportunidades de aprender em uma universidade pública e de qualidade. 

Faço essa abertura pensando desmistificar um certo vitimismo ou, por outro lado, a exaltação do mérito pessoal. Na verdade, é um sentimento que quer dizer, não foi fácil, mas estou aqui e, penso, estou melhor que quando comecei.

Os membros da banca são avaliadores extremamente qualificados para discutir o resultado da pesquisa que envolve os jovens aprendizes. Que grande honra contar com a participação de cada um, por aceitarem ler e contribuir com esse trabalho. 

Professor Alexandre foi um orientador incansável, um facilitador, incentivador e solícito.

Professora Marisol, representa os professores e professoras que me receberam na graduação em Ciências Sociais.

Professora Ione, representa os professores e professoras que pude conhecer na pós-graduação. Eu fui um entusiasta “aluno repente”, explico, que essa é uma expressão utilizada para designar os alunos que participam mais de uma vez das muitas disciplinas ofertadas pela professora.

Professora Márcia, representa os novos vínculos e amizades que vou desenvolvendo ao ampliar a rede de contatos. Sua acolhida foi extraordinária.

Professor Matheus, representa os colegas de graduação que se afirmam como novos pesquisadores e intelectuais brasileiros.

Professor Cristiano, é um parceiro de escrita e alguém para dividir as agruras da vida acadêmica, sempre rigoroso, compreensível e um incentivador. 

Professora Danielle, representa os colegas do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea - NEPESC. Recentemente, tive a oportunidade de dizer ela que seu exemplo e de todos os outros, serviu para impulsionar o meu desejo de cursar a pós-graduação.

Professor Fábio, igualmente, representa um grupo de professores que possuem grande generosidade intelectual, estão sempre dispostos a dar conselhos ou orientações que fazem grande diferença. 

Professores, mais uma vez obrigado por participarem da minha formação. 

Estendo esse agradecimento aos servidores do Centro de Ciências da Educação e da Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Educação.

Agradeço aos jovens e as instituições, entidades qualificadoras que participaram da pesquisa.

Aproveito para agradecer ao Programa de Bolsas Universitárias de Santa Catarina Pós-Graduação - UNIEDU/FUMDES, que proporcionou um apoio fundamental para realização da pesquisa e para formação desse pesquisador.

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A pesquisa surge de uma vivência e de uma inquietação, a primeira por realizar atividades profissionais ligadas a aprendizagem, oportunidade que acontece em 2012, e a segunda, os estudos que realizei durante a graduação e mestrado que envolveram a escolarização do estudante-atleta despertavam aproximações e comparações com o estudante-trabalhador. 

Assim, nos últimos anos foi dedicada atenção ao estudante-trabalhador, especificamente, o jovem aprendiz. Jovens que se inserem no mercado de trabalho por meio da Lei da Aprendizagem (10.097/2000), um dispositivo que obriga empresas de médio e grande porte a contratarem jovens com idade entre 14 e 24 anos na proporção de 5% a 15% do seu quadro funcional.

A Lei como política para juventude possui objetivos específicos, proporcionar renda, experiência profissional, continua escolarização, condições de trabalho adequadas e erradicação do trabalho infantil. Portanto, visa proporcionar, ao jovem formação profissional e inserção no mundo do trabalho, ações que supostamente garantam uma maior empregabilidade e sua autonomia. 

A Aprendizagem, nesta ótica, parece ser um dispositivo capaz de promover mudanças significativas na trajetória de vida dos jovens, uma vez que o contato com o mercado de trabalho e as experiências provenientes, podem ensejar novos campos de possibilidades. Em suma, a aquisição de capitais cultural, social e econômico, favorecem o acesso a conhecimentos que ampliam as oportunidades de futuro, podendo o jovem reorientar ou construir novos projetos pessoais a partir das experiências na empresa contratante. 

O tema do estudante-trabalhador possui relevância quando pensamos sobre as transformações nas relações de trabalho e nos meios de produção. Portanto, possibilita observar uma nova experiência de vida em meio a um mundo globalizado, com relações de trabalho flexíveis e precarizadas. 

Ao mapear os jovens inseridos em programas de aprendizagem, pode-se atestar ou refutar a hipótese de que a lei amplia o campo de possibilidades, bem como, proporciona mudança e transformação social de um grupo populacional identificado como protagonista de suas ações no Século XXI. A pergunta norteadora da pesquisa questiona: como a Lei da Aprendizagem, uma política pública voltada para juventude, tem contribuído para mudanças de perspectivas sociais, econômicas e mesmo culturais dos jovens aprendizes? Em outras palavras, a socialização profissional desenvolvida por meio da Lei de Aprendizagem (Lei 10.097/2000) promove transformações na autonomia do jovem?

Para responder essa questão identificamos algumas contradições que são inerentes ao objeto e que procuramos tensionar: (1) condições de trabalho x entrada antecipada; (2) experiência profissional x força de trabalho barata; (3) reconhecimento social x endividamento precoce; (4) status de trabalhador x posição inferior na hierarquia empresarial; (5) respeito ao desenvolvimento físico, moral e emocional x adultização; e, (6) escolarização contínua e concomitante x jornada de trabalho.

Essas contradições são dilemas vivenciados pelos jovens durante seu itinerário formativo, tal constatação reforça a importância da investigação sobre os impactos da Lei da Aprendizagem. As contradições afetam diretamente o aprendiz em seu momento de maior transformação pessoal – posterior à infância e anterior à vida adulta – e durante o processo de socialização profissional. 

Os dados foram produzidos a partir das discussões presentes no Fórum de Aprendizagem Catarinense e da aplicação de 669 questionários preenchidos pelos jovens aprendizes vinculados a entidades qualificadoras na grande Florianópolis que aceitaram participar da pesquisa (total de 11 instituições).

A construção histórica e social da Lei da Aprendizagem representa lutas e conquistas dos trabalhadores. O texto foi dividido em sete partes, uma apresentação e seis capítulos. 

No primeiro capítulo, apresentamos os principais componentes históricos e sociais que permitiram a regulamentação da Lei da Aprendizagem, os motivos ou incentivos para sua criação. 

O capítulo dois traz a relação do pesquisador com o campo, desde a escolha do tema até os meandros metodológicos na construção do objeto. 

O terceiro procura evidenciar parte do debate sobre juventude e políticas públicas que envolvam trabalho, renda e escolarização. 

O capítulo quatro, apresenta os dados produzidos por meio do questionário preenchido pelos jovens aprendizes e uma análise descritiva. 

No quinto capítulo, os dilemas presentes na Lei da Aprendizagem são confrontados com as informações produzidas nos questionários para contextualização das implicações na vivência dos aprendizes vinculados às entidades qualificadoras e empresas da Grande Florianópolis. 

O capítulo final sistematiza as observações e resultados obtidos com o estudo proposto, assim como, traz as considerações finais do pesquisador.

Os dilemas que fazem parte da Lei da Aprendizagem representam uma relação dialética que constitui o sujeito contemporâneo. Uma contínua necessidade de ter sua individualidade reconhecida em meio às afirmações da sociedade que impõe e espera uma postura de acordo com seus princípios. Sociologicamente, falamos da eterna tensão entre indivíduo e sociedade.

Ao procurar compreender o estudante-trabalhador, especificamente, o jovem aprendiz, sujeito que se encontra entre os 14 e 24 anos, que se insere no mercado de trabalho formal através de um contrato especial, entendemos ser possível desvelar os desafios de uma transição para a vida adulta que passa pela formação pelo trabalho. Em meio a essa metamorfose pessoal, o jovem necessita aprender o que é ser trabalhador, conforme o modelo idealizado na vida produtiva.

As incertezas de um mundo no qual a linearidade não mais condiz com aquela vivenciada por gerações anteriores provoca medos e angústias. As muitas encruzilhadas que são apresentadas para o jovem que inicia sua carreira profissional dizem respeito à sua estabilidade e futura aposentadoria, isto é, enquanto a geração dos seus responsáveis vislumbrava uma profissão almejando que em algumas décadas estaria “descansando”, o jovem não tem mais essa projeção de maneira cristalina, ele precisa deslocar seu interesse para questões imediatas, como a sobrevivência e se possível seu bem-estar. Ações que no contemporâneo são identificadas como uma condição de autonomia do sujeito, uma busca constante por liberdade para fazer escolhas e direcionar a própria vida. 

Tal condição perpassa pela gestão de si, o sentimento de melhorar sempre deve ser sua principal característica, servindo para retroalimentar um sistema que ressignifica o modelo do trabalho e do perfil profissional. O trabalhador precisa ter autonomia como profissional, saber contextualizar sua empresa, produtos, serviços e a si mesmo, almejando conquistar seu protagonismo através da atividade profissional. O mundo do trabalho se beneficia desse empenho e desejo, prometendo reconhecimento e uma suposta valorização, o que acaba permitindo intensificar os resultados produtivos do empreendimento. Podemos afirmar que a Lei da Aprendizagem simboliza um movimento de atualização do capitalismo, refletido no perfil do novo trabalhador.

Ser um jovem aprendiz está associado à condição de juventude como um tempo de construção. Sua facilidade de adaptação em uma sociedade repleta de incertezas e a valorização de sua idade plástica, orientam para antecipação de uma formação pelo trabalho. Uma jornada repleta de sonhos, crenças e desafios, em um cenário competitivo e excludente, de autoexploração. 

Destacar a juventude e sua representação social parece permitir no presente vislumbrar o futuro. Possibilita fazer conjecturas sobre o futuro modelo da sociedade. A juvenilização iniciada no século XX deixou de estar restrita à indústria cultural e invadiu as muitas esferas do social. O trabalho não ficou indiferente, seu impacto pode ser observado nas características e no perfil profissional idealizados no presente, com características associadas a representação de juventude, e projetadas para um cenário de maiores incertezas.

Identificar essa mudança, parece contribuir para desvelar as ações que transformam o modelo capitalista, seus discursos e narrativas sobre a autonomia do sujeito. Ser um empreendedor é a afirmação da escolha do mérito e da competição como norteadores das relações em uma sociedade cada vez mais individualizada e individualista.

A partir das observações e análise dos questionários preenchidos por 669 aprendizes na região da Grande Florianópolis/SC, podemos dizer que as argumentações até aqui apresentadas são experienciadas em maior ou menor grau, isto é, os jovens expressam satisfação com a oportunidade de trabalho e de formação. No entanto, também enfrentam dificuldades de adaptação ou de conciliação dos muitos afazeres ainda em tenra idade.

Podemos dizer que a Lei cumpre com seus propósitos, sejam a possibilidade de oportunizar aos jovens uma experiência profissional, incentivar a escolarização, gerar renda, garantir condições de trabalho adequadas e ampliação do campo de possibilidades. Ou, ainda antecipação da adultização, inclusão na sociedade de consumo e formação voltada para o novo cenário do mundo do trabalho. 

As contradições presentes nesse processo indicam que a Lei possui importância como dispositivo capaz de movimentar as relações e tensionar a representação de juventude, formação profissional e trabalho. Ao compreender suas incongruências podemos desvelar mais uma camada do tecido social que tem na juventude uma relação de amor e ódio, enquanto os jovens desejam tornar-se “meninos de verdade” (um paralelo que realizamos com a As aventuras do Pinóquio e seu desejo de ser menino de verdade).







As Olimpíadas e a mudança na maneira de assisti-la


 


Os Jogos Olímpicos da Era Moderna recomeçam com o atraso de um ano, com incertezas e inúmeros procedimentos sanitários que alteram seus rituais, pré e pós competições. Há expectativa de novos recordes, campeões e a afirmação de atletas que demonstraram nos anos anteriores serem promessas de bons resultados.

Diferente dos últimos Jogos, convivemos com uma situação inusitada, a ausência de público durante as competições, algo que se tornou comum no mundo em razão da pandemia de COVID-19. Alguns países com número elevado de vacinados (imunizados) flexibilizaram suas regras de isolamento, exemplo dos Estados Unidos da América e outros no continente europeu, como observado durante a Eurocopa 2021, competição vencida pela seleção de futebol masculino da Itália.

A presença do público embeleza o cenário das competições e sua ausência tem um efeito anímico, permitindo conjecturas que discutiremos, por um bom tempo, como acontece em relação ao Campeonato Brasileiro de Futebol Masculino da Série A 2020, o quanto a torcida poderia contribuir para que a taça de campeão ficasse em outras mãos?

Debates que perduram em muitas rodas de conversa, no entanto, assistir aos Jogos mudou, pois, com o silêncio das arquibancadas escutamos todos os sons produzidos pelos corpos na execução dos movimentos, quedas, trombadas, bloqueios, chutes, lançamentos etc. Sem contar a poética dos eventos com as mensagens de incentivo, cobrança, críticas, xingamentos, provocações, justificações, euforias e tristezas. Houve momentos em que o soluço dos atletas em prantos de dor ou de pesar, foi ouvido para além da imagética de um quadro congelado ou mesmo em movimento.

Na transmissão dos Jogos Olímpicos esse cenário estará ampliado, imagens de corpos e dos sons produzidos por eles, estarão nas telas dos diversos dispositivos telemáticos, assistidos por um público apartado dos seus heróis e ídolos. Os veículos de mídia irão alimentar o interesse dos torcedores por determinadas modalidades, definindo as prioridades de transmissão de acordo com a compatibilidade da grade televisiva. Aqueles privilegiados que podem contratar canais de televisão privados ou plataformas streaming terão acesso aos conteúdos durante as 24 horas do dia e da noite. Portanto, as imagens ampliam-se na mesma magnitude da visibilidade dos corpos e seus feitos esportivos.


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https://ludopedio.com.br/arquibancada/as-olimpiadas-e-a-mudanca-na-maneira-de-assisti-la/

CARTÃO DE VISITA


 

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https://drive.google.com/file/d/1do3iGtaPjACQm43q1jQi3SiEoW0js6Oz/view?usp=drivesdk

Qualquer filho(a) é digno(a) de ter oportunidades educacionais

 



Nos últimos tempos estamos nos acostumando com grosseria e falta de empatia explícita. Meu orientador, Professor Alexandre Vaz, diz que alguns comentários dos atuais líderes governistas como que dispensam análise sociológica. Não há meias-palavras ou argumentos para analisar, simplesmente, falam aquilo que pensam sem necessidade de interpretação, apenas com compreensão é possível entendê-los.

O Ministro da Economia Paulo Guedes recentemente comentou que uma das políticas públicas de financiamento estudantil pagou a graduação do “filho do porteiro” que tirou zero na prova do vestibular. Que atrocidade é essa afirmação do Ministro! Ela me fez recordar que em 2007 quando a Universidade Federal de Santa Catarina aderiu às políticas de ações afirmativas, no vestibular para ingresso no ano seguinte, eu fui aprovado para a graduação em Ciências Sociais.

Realizar a matrícula não foi simples. Não que tivesse algum problema com minha documentação, mas havia ações judiciais que queriam embargar o processo, pois, segundo a alegação que traziam, as cotas estavam reduzindo as vagas no nível superior. Um argumento muito mesquinho e falho, já que as políticas públicas ampliaram o número de vagas, essas direcionadas para as ações afirmativas, sem impactar nas que já existiam. Durante o imbróglio e as incertezas que eram discutidas e apresentadas pela mídia local, um colunista de um dos principais jornais de Santa Catarina fez um comentário bem estruturado, mas injusto, sobre o assunto.

O jornalista embasou sua observação acionando o mérito e a disparidade das avaliações, atestando ser aquele processo seletivo um absurdo e defendendo que aqueles que o contestavam judicialmente estavam certos. Seus argumentos não convenceram e estimularam minha resposta, enviada por correio eletrônico. Meu primeiro contato foi respondido com brevidade, ele apresentava a mestiçagem como uma questão subjetiva para qualquer definição, voltando a afirmar a importância do mérito pessoal. Alegava, seu autor, inclusive, que no condomínio em que vivia, localizado em uma área nobre da cidade, um dos moradores era médico e negro. Seu comentário foi: “Ele conseguiu sozinho, todos os outros conseguem!”

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http://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/qualquer-filhoa-e-dignoa-de-ter-oportunidades-educacionais/ 

O antes da pandemia justifica o que acontece durante

 



            Quando reflito sobre as atrocidades que acontecem durante a pandemia do COVID-19, fico perturbado em razão das perdas potencializadas pelo descaso, despreparo, desrespeito, imbecilidade e incompetência. A ponderação que preciso fazer diz respeito à atitude que grande parte da população assumiu como ideal no período, assumindo um risco consciente.

            O Brasil possui um Sistema de Saúde reconhecido mundialmente, muito elogiado por sua estrutura e abrangência. Sabemos que os processos de gestão podem melhorar. Atendimento, qualidade e eficiência, são tópicos que devem ser continuamente avaliados, questionados e aperfeiçoados. No entanto, o trabalho que o Sistema Único de Saúde (SUS) realiza, principalmente, em seu programa de vacinação é primoroso. Quero mais uma vez afirmar: – ele é elogiável e serve de modelo para muitos países pelo mundo, inclusive para os ditos “países ricos”.

            O resultado desse trabalho de vacinação desenvolvido pelo SUS permitiu a erradicação ou estabilização de doenças como: sarampo, poliomielite, tétano, coqueluche, caxumba, catapora, difteria, meningite, gripe e suas variantes, como a H1N1, desde 2009. São doenças que por um longo tempo não eram citadas ou não causavam grande preocupação na população. Em minha infância e adolescência nas décadas de 1980 e início dos 1990, ainda eram comuns surtos de infecção que provocaram momentos de isolamento e incômodo, processos gerados por doenças como catapora e caxumba. Nos anos e na década seguinte, com a intensificação do programa de vacinação, aconteceu uma redução gigantesca da incidência de casos das doenças citadas, proporcionando uma maior imunidade na população brasileira.

            Exemplo prático dessa situação posso observar em minhas duas filhas e em meu filho, que não contraíram as doenças que me acometeram na infância. Esse é um resultado prático das políticas de vacinação da população. No entanto, algo aconteceu durante a segunda década do século XXI. Alertas sobre a queda da imunidade da população foram proferidos por organismos nacionais e internacionais, com base nos números de infectados com doenças consideradas erradicadas ou em situação estável.

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https://escoladesaudecoletiva.com.br/o-antes-da-pandemia-justifica-o-que-acontece-durante/

Reconhecer a diversidade para humanização do mundo do trabalho

 



A Lei 10.097/2000 é conhecida como Lei da Aprendizagem. Ela envolve a inserção de jovens entre 14 e 24 anos no mercado de trabalho formal. Seu objetivo está centrado na garantia dos direitos trabalhistas, formação pelo trabalho, renda e incentivo à escolarização. No decorrer das últimas duas décadas novos decretos e portarias se somam a ela, com ajustes e esclarecimentos para um melhor entendimento dos programas de aprendizagem.

A contratação de um aprendiz envolve a família, a empresa contratante para realização das atividades práticas (laborais) e a entidade qualificadora, exemplo das instituições do Sistema “S”(SENAI, SENAC, SENAT, SENAR e SESCOOB.), Escolas Técnicas Profissionalizantes e Entidades Sem Fins Lucrativos (ESFL). 

As entidades qualificadoras são responsáveis pela formação técnico-profissional metódica durante todo período do contrato. Conhecimentos, habilidades e saberes fazem parte do processo de capacitação, que almeja a formação cidadã e profissional. Com esse intuito, na Portaria 723/2012, no Art. 10, item III – Conteúdos de formação Humana, letra “f”, encontramos a orientação para inclusão do tema “direitos humanos, com enfoque no respeito à orientação sexual, raça, etnia, idade, credo religioso ou opinião política”.

Os jovens aprendizes antecipadamente aprendem através da experiência no mercado de trabalho formal uma triste realidade sobre desigualdade e preconceito, começando pelo recrutamento e seleção para vagas disponíveis em que o local de moradia, raça, deficiência e gênero, são colocados como critérios subjetivos e objetivos de corte.

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Ita Maia, entre marolas e tsunamis


Quem já jogou uma pedra na água percebeu que esse contato produz ondas que se propagam em todas as direções. Nessa relação entre pedra e água o resultado da aproximação abrupta é movimento. Queremos comparar a água com o futebol de mulheres, um lago, que mesmo de maneira lenta, continua ganhando volume e inundando novos territórios.

O futebol de mulheres nos últimos anos tem conquistado espaço no Brasil, com maior reconhecimento e visibilidade da modalidade. Um comparativo com o futebol de homens ainda mostra um grande abismo a ser superado, principalmente, em relação aos melhores postos de trabalho em ambos mercados. As transformações envolvem equiparações no uso da estrutura de alguns clubes de futebol, nesse caso, podemos contar nos dedos os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro de futebol de homens que disponibilizam de maneira semelhante um corpo técnico, equipamentos, materiais esportivos, alojamentos e espaço na mídia dos clubes para divulgar o futebol de mulheres.

Evitamos falar em salários, pois, a desigualdade como afirmado, é gritante. Para muitas mulheres jogar futebol, em clubes de menor expressão é um ato de amor, em seu sentido sacro, uma vocação. Infelizmente, a grande maioria viverá sem o bônus, as experiências se caracterizam mais com o ônus de uma ascese esportiva, cheia de privações, limitações, angústias e crença na mudança das condições. 

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Para enfrentar as chagas da sociedade, um Márcio

 





A Escola de Chicago desenvolveu estudos que demonstraram as transformações da vida moderna, especialmente, nos novos aglomerados urbanos. O crescimento geográfico e demográfico das grandes cidades favoreceu o que foi reconhecido nas patologias sociais, aumento de desemprego, criminalidade, bolsões de pobreza etc., problemas que aparecem em consequência da rápida expansão dos novos ordenamentos humanos.

As patologias sociais estão relacionadas a anomalias na estrutura social, no entanto, outras doenças, que identifico como chagas, permanecem expostas como grandes ferimentos e machucados. Machismo, patriarcalismo, homofobia, xenofobia, misoginia, racismo etc., são algumas das chagas que se mantêm abertas no corpo social.

A definição de chagas indica lesões abertas, ferimentos ou feridas. O racismo se apresenta como uma ferida exposta que causa não apenas constrangimento, mas principalmente dor. Seu combate não é fácil, pois, algumas pessoas não estão dispostas a submeter-se ao tratamento de limpeza, desinfecção e constante troca de curativos para que a lesão possa ser curada.

O racismo continuamente é lembrado como algo que deve ser ‘tratado’ em diálogo aberto. Sua discussão ganha espaço a partir da caixa de ressonância midiática, o que promove discussão, mas não garante uma reeducação dos modelos mentais marcadores de esteriótipos e valores culturais. Muitos casos de racismo explícito e que fazem parte do cotidiano não ganham o noticiário, limitando o debate que permanece encrustado na alegação de situações isoladas.


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As juventudes na mídia durante a pandemia COVID-19: compreender para educar



 

Daniel Machado Da Conceição

Cristiano Mezzaroba

Marcos Rogério dos Santos


Resumo

A pandemia de COVID-19 impôs uma nova ordem, um outro ritmo para a humanidade, alterando a percepção de tempo, de estabilidade, motivando a construção de novos ritmos e formas de olhar e refletir sobre os mais diversos âmbitos de nossas vidas. São inúmeras as questões que o desdobramento da pandemia vai desvelando, mas tem um fator que chama atenção diante desse cenário atual: o comportamento dos jovens. Se por um lado, o senso comum associa os jovens a seres desprovidos de responsabilidade individual e coletiva, por outro, o sistema midiático costuma veicular informações de diferentes ordens sobre a juventude (do senso comum até questões mais críticas e amplas). Sendo assim, acreditamos que seria pertinente, para a prática e reflexão educativa, analisarmos alguns dos discursos que têm associado o fenômeno da pandemia e juventude. A proposta configurou-se como um exercício sociológico e foi construída a partir de recortes jornalísticos escolhidos aleatoriamente em diferentes portais de notícias da internet que ao longo da pandemia e até janeiro de 2021, evidenciam formas plurais de tratar, representar e fazer pensar sobre os jovens brasileiros, auxiliando àqueles que atuam no contexto educativo a compreendê-los melhor.

Palavras-chave

Sociologia da Juventude; Pandemia; Portais de informação; Educação

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COVID-19: o impacto da quarentena sobre o nível de atividade física [1]

Ana Miriam Dos Santos Cardoso

Carolayne Jhenyfer Correia Montes Dos Santos

Jean Carlos Alves Da Costa

Jennifer Benigna Da Silva Santos 


Discentes do Curso de Licenciatura em Educação Física Universidade Federal de Sergipe 


    Atividade física consiste em qualquer tipo de movimento corporal que resulte no gasto de energia acima daquele considerado padrão quando o corpo está em repouso. Já as práticas corporais, são fenômenos que se mostram, prioritariamente, ao nível corporal e que se constituem como manifestações culturais de caráter lúdico, tais como os jogos, as danças, as ginásticas, os esportes, as artes marciais e acrobacias, entre outras práticas que envolvem o corpo em movimento a partir de um contexto sociocultural específico.





    O isolamento social gerou um grande impacto para o controle da COVID-19. Um dos impactos do distanciamento social para o controle do coronavírus é a redução do nível de atividade física e o aumento do comportamento sedentário. Embora o sedentarismo seja algo bastante prejudicial para a saúde, é necessário acabar o com o “mito” da necessidade de “praticar atividade física para que a saúde fique boa”, afinal, a atividade física e saúde, embora tenham discursos associados, precisam ser mais contextualizados. O ato de praticar atividade física não significa que você estará gerando uma saúde 100% boa e nem vai garantir que isso melhore a sua saúde, pois, existem os mais diversos determinantes sociais que também influenciam nos modos de ser/estar do indivíduo e sua condição de saúde. 

    Geralmente, as pessoas costumam praticar suas atividades nas academias, mas, como sabemos, todos os lugares tiveram que ser fechados, por conta do isolamento. Então, é recomendado que essas atividades sejam praticadas em ambiente domiciliar. Segundo o Coordenador Geral da Rede Alpha Fitness, Guilherme Reis, é recomendado que as pessoas pratiquem atividade física pelo menos de dois a três dias por semana. Esses dias, segundo ele, já serão suficientes para que saiam do sedentarismo e para que fortaleçam a imunidade. (Alpha Fitness, 2020).

    Os benefícios da atividade física são inúmeros, mas, é sempre bom deixar claro que ela não vai te deixar imune ao vírus. Pode sim, conforme aponta a literatura científica sobre a temática, melhorar o sistema imunológico, mas não significa que você não vai contrair a doença. Existe um mito que diz que se você tiver um bom condicionamento físico, for uma pessoa bem ativa, você estará com a saúde impecável. O erro está em associar esses benefícios já comprovados em torno da prática corporal inserida no cotidiano dos sujeitos como se isso fosse um fator protetivo a um vírus que o nosso sistema imunológico ainda não teve contato, portanto, desconhecido. A prática de atividade física ajuda sim a melhorar o sistema imunológico, mas, esse não é o único fator que ajuda para melhorar a saúde das pessoas quando pensamos em saúde e sua integralidade entre indivíduo, meio ambiente e sociedade.
 
    Existem muitos determinantes sociais que têm uma grande influência nesse meio. Fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais (a atividade física/prática corporal é um elemento dentro do fator comportamental), têm grande parcela de influência sobre a saúde do indivíduo. Então, mesmo que nossa imunidade esteja “boa”, por conta das atividades física/práticas corporais, podemos sim contrair o vírus, já que existem inúmeros fatores que contribuem tanto no contágio da doença, quanto para que a imunidade esteja em um nível bom.

    Ressalta-se que a ideia que a atividade física apenas diminuiu nessa quarentena é limitada, se olharmos de maneira mais ampla algumas práticas corporais infelizmente foram reduzidas, mas, outras cresceram e ganharam mais espaço, por exemplo, de acordo com o Jornal Digital Folha Vitória (2020) as atividades ao ar livre, como corrida e crossfit tiveram uma queda de 13% a 55% e as queridas corridas em esteiras diminuíram em 67%, a qual não é nenhuma surpresa, pois, todas as atividades deveriam ser feitas em casa para reduzir o contato físico, porém, os “treinos funcionais”, feitos com ajuda de plataformas digitais aumentaram 94%, deixando claro que uma parte significativa da população brasileira continua praticando exercícios, mas de outra forma, com outro foco, o que, também sinaliza, que cuidar da saúde respeitando o contato social e isolando-se também é uma importante forma de buscar saúde.

    Entrando no ramo esportivo, o futebol, por exemplo, foi um dos esportes que logo se “reinventou” para que os jogos voltassem, tendo que aprender a lidar com o “novo normal”. Para garantir um retorno “mais seguro”, as Federações utilizaram protocolos internacionais e regras rígidas de controle epidemiológico. Por exemplo: todos os jogadores devem ser testados antes dos jogos, para saber se está contaminado ou não. Mas, embora tenham essas “medidas de proteção”, muitos jogadores subvertem os cuidados sugeridos e os protocolos, aglomerando-se em festas e outros eventos. Nem todas as medidas de segurança estão sendo postas em prática, o que acaba prejudicando a sociedade ao todo. A volta do futebol foi muito criticada, e até hoje é, pois, voltou em um momento em que muitas pessoas ainda morrem por COVID-19, ou seja, percebemos como esse entretenimento para a população está mascarada por outros objetivos.




    A mídia, como poder simbólico importantíssimo para influenciar a sociedade, não vai divulgar os aspectos contrários sobre esse assunto, óbvio. Afinal, o futebol traz muitos lucros, então, não vamos ver frequentemente o que o futebol acrescenta ou não na pandemia. É evidente que não se tem uma total segurança, mesmo com todos os protocolos de proteção, sendo possível uma contaminação muito rápida entre todos os jogadores que estão em contato dentro de um clube (nos transportes por ônibus, aviões, hospedagens em hotéis etc.). É um risco que eles se propõem a passar.

     Dessa forma, é possível perceber que mesmo pessoas com porte físico “impecável”, estão sim suscetíveis a pegarem a doença como qualquer outra pessoa, pois, como já foi dito, a prática de atividade física ou até mesmo exercício físico regular, não vai livrar ninguém da contaminação, afinal, atividade física não é vacina como se teima em propagar. Não há dúvidas de que a prática corporal cotidiana auxilia no alívio do estresse e na geração de bem-estar, entretanto, devemos ter clareza e consciência que isso não garante proteção à infecção por covid-19. 

    A prática de atividade física/práticas corporais nesse período em que estamos vivendo é recomendada sim, principalmente por questões psicológicas e emocionais, mas, ressalta-se sempre que para ter uma boa imunidade não depende apenas de um único determinante, como algo salvacionista. É necessário mais do que nunca que consideremos a atividade física/prática corporal dentro de um sistema macrossocial, cuja “escolha” e “possibilidade prática” em torno das práticas corporais se configura como uma dimensão individual que acaba sendo priorizada.

    Por fim, devemos também considerar o fator comunicacional, nesse sentido, a mídia tem importante papel neste momento brasileiro e internacional na produção e divulgação de informações, ou seja, deve ser pressionada pela sua responsabilização quanto à dimensão das informações, e não apenas do entretenimento vinculado ao fator do lucro econômico. Quando vemos o que tem ocorrido em torno do futebol profissional no Brasil, consideramos que a mídia deve ser mais consciente, com abordagem mais crítica, porque o discurso da “volta à normalidade” só impacta negativamente os números de contaminação e de mortos, deixando a situação insustentável.

    A pandemia tem nos ensinado a rever certos discursos padronizados, que, na Educação Física, por exemplo, é o da necessidade de fazer atividade física de qualquer forma. Cuidar-se dentro de casa, adaptando-se ao momento, é uma forma poderosa de ter saúde que aparece na forma de preservar a vida.


Referências:
ATIVIDADE física melhora a imunidade e ajuda no combate à COVID-19, aponta especialista. Alpha Fitness. 2020. Disponível em: https://www.redealphafitness.com.br/noticias/2020/03/30/atividade-fisica-melhora-a-imunidade-e-ajuda-no-combate-a-covid-19.html. Acesso: 13 abr. 2021.

REDAÇÃO FOLHA VITÓRIA. Reflexos da Pandemia: pesquisa revela redução de atividade física. 01 out. 2020. Disponível em: https://www.folhavitoria.com.br/saude/noticia/10/2020/reflexos-da-pandemia-pesquisa-revela-reducao-de-atividade-fisica. Acesso em: 13 abr. 2021.



[1] Desde março de 2020 temos experienciado a dura e preocupante realidade da pandemia de covid-19, que, no Brasil, desde que chegou, encontrou, infelizmente, "fértil terreno" para sua disseminação intensificada. Ao campo educacional de modo geral, restou a experimentação com o chamado "modo remoto de ensino".

Assim, na disciplina "Saúde, Sociedade e Educação Física" (ministrada pelo Prof. Dr. Cristiano Mezzaroba), ofertada ao curso de Licenciatura em Educação Física na Universidade Federal de Sergipe, de outubro de 2020 a fevereiro de 2021, procuramos trazer o contexto da saúde coletiva com o da Educação Física, aproveitando o contexto atual para fazer discussões e reflexões pertinentes tanto à formação docente como uma formação cidadã.

Os/as discentes participantes, em pequenos grupos, foram estimulados a escrever ensaios teóricos considerando a experiência social de viver na/com a pandemia, podendo articular às mais variadas temáticas, como valores humanos, a relação saúde x doença, política, mídia, tecnologias, ciência, religião, educação, cultura, esporte, fake news etc.

Dos quatro textos recebidos, dois grupos aceitaram reescrever seus ensaios em versões reduzidas, os quais são publicados agora.

O primeiro deles, "Consequências das 'fake news' na sociedade em tempos de pandemia" - de autoria de Aline Kathleen dos Santos, Clara Suzana Santana, Guilherme Teo dos Santos e Hilquias Meneses Santos Gomes, como explicita no título, tece um panorama dos impactos das fake news na sociedade brasileira, prejudicando o enfrentamento da pandemia.

O segundo texto, de autoria de Ana Miriam dos Santos Cardos, Carolayne Jhenyfer Correia Montes dos Santos, Jean Carlos Alves da Costa e Jennifer Benigna da Silva Santos, tem como título "COVID-19: o impacto da quarentena sobre o nível de atividade física", e procurou analisar as questões em torno das práticas corporais em contexto mais restringido devido aos perigos da contaminação pelo novo vírus àqueles que realizam suas práticas corporais cotidianamente.

Boa leitura e reflexões... o conhecimento salva vidas! Viva o SUS! Viva a UNIVERSIDADE PÚBLICA BRASILEIRA!
 

Consequências das ‘fake news’ na sociedade em tempos de pandemia [1]

Aline Kathleen dos Santos

Clara Suzana Santana

Guilherme Teo dos Santos 

Hilquias Meneses Santos Gomes


Discentes do Curso de Licenciatura em Educação Física Universidade Federal de Sergipe




O termo fake news corresponde às notícias falsas publicadas por meios de comunicação como se fossem informações reais com o intuito de prejudicar ou legitimar um ponto de vista de uma pessoa ou grupo. No atual cenário brasileiro mediante à pandemia do novo coronavírus, essa prática tornou-se uma grande adversária da saúde pública dificultando o combate à doença, pois muitas delas, além de serem espalhadas em formato jornalístico, também são veiculadas por figuras de autoridade, como o próprio presidente da República Jair Messias Bolsonaro, acarretando numa maior credibilidade à falsa informação. Mas quais os prejuízos que essa prática traz à população em meio à pandemia?

    Até 2019 sabia-se que dentro da família Coronaviridae existem quatro gêneros: alfacoronavírus, betacoronavírus, gamacoronavírus e deltacoronavírus e seis espécies de Coronavírus com sintomas de gripe comum que infectam os humanos (229E, OC43, NL63 e HKU1, SARS-Cov e MERS-Cov) estas últimas de origem zoonótica, associadas as doenças com síndromes respiratórias possivelmente fatais (Chaves & Bellei, 2020; Zhu et al., 2020).

    Em 31 de dezembro de 2019, em Wuhan, China, foi descoberto o sétimo elemento dessa família de Coronavírus. Esse novo agente, o SARS-Cov 2, causador da covid-19 com alto grau de contágio, toma em 2020 grande proporção no mundo caracterizando uma pandemia (disseminação mundial de uma nova doença).

    A partir disso, diante de um cenário nebuloso em que a mídia é usada para informar à população sobre a doença, surge outro grave problema. A desinformação através das fake news, tendo a mídia como nosso maior meio de informação, a depender dos usos que se façam dos veículos midiáticos, tão letal quanto a covid-19. Esse conjunto de veículos é importante para a sociedade, no sentido de nos ligar à realidade, procurando garantir a vida da população mundial, mas, por outro lado, há a possibilidade de manipulação em massa, inclusive, usando um fato verdadeiro, mas deturpando a maneira como ele é “contado” ou o momento que ele ressurge, com fins ideológicos.


        
    O fenômeno fake news se tornou algo bastante frequente e de fácil acesso diante da facilidade da propagação de notícias por meio de redes sociais, que estão ao alcance de uma grande parcela da população mundial a partir dos nossos dispositivos móveis, tendo como principais temas a política, economia, esporte, cultura, entre outros. Com a atual pandemia mundial do novo coronavírus, as fake news vieram a se tornar um problema de saúde pública, como na divulgação de eficácia de medicamentos de fácil acesso sem as devidas comprovações científicas no combate à covid-19, vindo a ter um impacto negativo no tratamento de outras doenças, como o medicamento Ivermectina (utilizado no tratamento de infestações por parasitas como oncocercose e estrongiloidíse), quem tem causado problemas hepáticos em usuários no Brasil.

    O medicamento supracitado faz parte do chamado “kit covid” composto por medicamentos sem eficácia contra à doença, como por exemplo a cloroquina (eficaz no tratamento da malária, lupus e artrite reumatóide), mas divulgado (por instâncias governamentais de vários níveis de poder, mas também por instituições médicas, o que é algo que chama atenção) como eficiente ‘tratamento precoce’. O maior incentivador do uso desse “kit” é o presidente Jair Bolsonaro que age como “garoto propaganda” e dissemina ainda mais fake news relacionadas à cura e prevenção da covid-19 e coloca em risco a saúde da população que se arrisca a utilizar tais medicamentos.

    Outro problema agravado foi o movimento antivacina, vindo a ser influenciado também pelo presidente Jair Bolsonaro, que durante a pandemia teve seu discurso voltado em questionar a eficácia das vacinas, em especial a Coronavac, desenvolvida a partir da parceira do Instituto Instituto Butantan com a biofarmacêutica chinesa Sinovac Biotec, vacina esta aprovada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ideologizando a questão, em conflito de interesses políticos com o então governador de São Paulo, outrora aliado político, e agora, adversário declarado. Tal atitude incentiva as pessoas a não aceitarem serem vacinadas pela insegurança e medo que as notícias falsas criam sobre a vacina e suas possíveis consequências e levam ao negacionismo da ciência.



        
    Para combater as fake news o Ministério da Saúde criou o serviço “Saúde sem Fake News” que funciona por meio do WhatsApp, em que a população pode mandar a informação recebida para o número disponibilizado, e depois de analisada o cidadão receberá como resposta um selo ilustrando se a informação é verdadeira ou falsa, sanando suas dúvidas sobre o conteúdo. Tal serviço ajuda no enfrentamento à problemática, mas é destinado à um público limitado já que nem todos conhecem o serviço e possuem acesso à esse meio de comunicação. Além do mais, embora seja uma iniciativa necessária, cumpre questionar se o Presidente da República não ajudasse a gerar as fake news, já seria de grande valia o serviço público prestado.

    É notório que a questão das fake news traz graves prejuízos à sociedade, pois quem acredita, além de aderir à falsa informação ou recomendação, espalha para outras pessoas de maneira equivocada. Durante a pandemia houve um agravamento desse problema e vemos o retrato disso em nossa atual situação com alto número de infectados e mortos em decorrência da covid-19 todos os dias. Além da falta de vacina existente no país, as fake news nos levaram a essa triste realidade, pois estimulam os cidadãos a ignorar a máscara, álcool em gel, trazem “falsa sensação” de proteção por conta do “kit covid”, entre tantos outros absurdos.


REFERÊNCIAS:

CHAVES, T. S. S.; BELLEI, N. SARS-CoV-2, o novo Coronavírus: uma reflexão sobre a Saúde Única (One Health) e a importância da medicina de viagem na emergência de novos patógenos. Revista de Medicina, v. 99, n. 1, 2020. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/167173/159662. Acesso: 3 fev. 2021.

ZHU, N. et al. A Novel Coronavirus from Patients with Pneumonia in China, 2019. The New England Journal of Medicine, v. 382, p. 727-733, feb. 2020. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2001017. Acesso: 3 fev. 2021.



[1] Desde março de 2020 temos experienciado a dura e preocupante realidade da pandemia de covid-19, que, no Brasil, desde que chegou, encontrou, infelizmente, "fértil terreno" para sua disseminação intensificada. Ao campo educacional de modo geral, restou a experimentação com o chamado "modo remoto de ensino".

Assim, na disciplina "Saúde, Sociedade e Educação Física" (ministrada pelo Prof. Dr. Cristiano Mezzaroba), ofertada ao curso de Licenciatura em Educação Física na Universidade Federal de Sergipe, de outubro de 2020 a fevereiro de 2021, procuramos trazer o contexto da saúde coletiva com o da Educação Física, aproveitando o contexto atual para fazer discussões e reflexões pertinentes tanto à formação docente como uma formação cidadã.

Os/as discentes participantes, em pequenos grupos, foram estimulados a escrever ensaios teóricos considerando a experiência social de viver na/com a pandemia, podendo articular às mais variadas temáticas, como valores humanos, a relação saúde x doença, política, mídia, tecnologias, ciência, religião, educação, cultura, esporte, fake news etc.

Dos quatro textos recebidos, dois grupos aceitaram reescrever seus ensaios em versões reduzidas, os quais são publicados agora.

O primeiro deles, "Consequências das 'fake news' na sociedade em tempos de pandemia" - de autoria de Aline Kathleen dos Santos, Clara Suzana Santana, Guilherme Teo dos Santos e Hilquias Meneses Santos Gomes, como explicita no título, tece um panorama dos impactos das fake news na sociedade brasileira, prejudicando o enfrentamento da pandemia.

O segundo texto, a ser publicado posteriormente, de autoria de Ana Miriam dos Santos Cardos, Carolayne Jhenyfer Correia Montes dos Santos, Jean Carlos Alves da Costa e Jennifer Benigna da Silva Santos, tem como título "COVID-19: o impacto da quarentena sobre o nível de atividade física", e procurou analisar as questões em torno das práticas corporais em contexto mais restringido devido aos perigos da contaminação pelo novo vírus àqueles que realizam suas práticas corporais cotidianamente.

Boa leitura e reflexões... o conhecimento salva vidas! Viva o SUS! Viva a UNIVERSIDADE PÚBLICA BRASILEIRA!

 

A Caserna e o negacionismo à brasileira

 



Nos anos 80, músicos como Tim Maia e Cazuza cantavam sobre o Brasil, apresentando as incongruências de uma nação que se constrói em meio a muitos paradoxos. Uma identidade cultural que para Stuart Hall estaria justificada pela pós-modernidade. “O sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado; composto não de uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não-resolvidas” (HALL, 2005, p. 12). Nesse sentido, podemos dizer que o Brasil (Colônia, Império e República) sempre foi “pós-moderno”, embora, nunca tenha levado a sério o que é ser moderno. Um comentário irônico para citar ideias e teorias do Velho Mundo que encontram guarida e são apropriadas de maneiras singulares “na terra que tem palmeiras, onde canta o sabiá”. 

A teoria positivista parece ser uma delas, entretanto, alerto que ela não significa uma mensagem motivacional. O positivismo, para os desavisados, pode até ser confundido com um comportamento vencedor, no entanto, indica uma teoria que valoriza o uso da razão. Seus princípios orientam a sociedade no combate à pandemia da COVID-19, pois exalta a razão e o espírito científico. Logo, um negacionista não pode estar investido de positivismo, é contraditório, no mínimo.

Augusto Comte (1798-1857) foi o idealizador do positivismo. O Iluminismo e a Revolução Industrial proporcionaram transformações cognitivas, sociais e culturais na Europa. Comte observou muitas mudanças na sociedade, identificando um novo modelo social e pretendia que as Ciências Humanas tivessem métodos científicos semelhantes às Ciências Naturais. Sua proposta com base na experimentação buscou uma maior maturidade racional.

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http://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/a-caserna-e-o-negacionismo-a-brasileira/


A racionalidade da “zica” em meio a racionalização do desempenho

 



As modalidades esportivas exigem dos atletas alto desempenho e a melhora constante dos resultados. Uma racionalização produz os corpos e os equipamentos, visando aprimorar a performance coletiva e individual. No futebol, a evolução tecnológica pode ser identificada em múltiplas ações que envolvem a preparação, execução e recuperação dos atletas, afetando a estética do jogo. No entanto, a racionalidade permite que outros elementos possam impactar no jogo, compondo o encantamento, o pensamento mágico que também justifica bons e maus resultados.

A expressão “zica”, uma gíria que denota azar, falta de sorte e infortúnio, aparece ligada ao baixo desempenho, com resultados inexpressivos ou ineficientes. O esporte como representação do progresso, desenvolvimento da técnica, convive com a racionalização e não exclui a presença das crenças, bruxarias e valores encantados que servem para justificar aquilo que não pode ser contemplado nas estatísticas, o imponderável.

As situações que escapam ao planejamento e à organização meticulosa, necessitam ser superadas através de mandingas, orações, feitiços, rituais e superstições. Expressões de religiosidade que sempre estiveram presentes no futebol, no nome de alguns clubes, mascotes, personalidades religiosas (padre, pastor e/ou pai de santo), espaços nas dependências dos estádios e centros de treinamento com capelas ou altares. Estes últimos, são lugares para penitências, promessas e pagamento das bençãos recebidas, entre elas: recuperação de lesão, melhora no rendimento pessoal ou coletivo, conquista de título e classificação para alguma competição.

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https://www.ludopedio.com.br/arquibancada/a-racionalidade-da-zica-em-meio-a-racionalizacao-do-desempenho/




Um campeão, um vírus e milhares de mortos: viva o entretenimento!


 

Daniel Machado da Conceição e Cristiano Mezzaroba

A relação mídia, entretenimento esportivo e pandemia mostrou ser um tripé com grandes implicações. Em 2020 a pandemia da COVID-19 impôs a necessidade do isolamento social, isto é, restrições sanitárias que paralisaram inúmeras atividades humanas no mundo todo, com forte impacto na dimensão econômica, sendo os eventos esportivos uma das esferas mais afetadas.

De origem latina, intertenere – entretenimento – é aquilo que se tem no intervalo das ocupações mais sérias, e seu verbo indica dois significados: distrair-se, recrear-se (uma ocupação prazerosa e divertida que proporciona uma experiência singular e enriquecedora para o sujeito) e algo mais ligado à ilusão, desvio de atenção (uma tentativa de desviar a atenção diante da realidade da vida).[1]

O esporte, esse elemento da cultura moderna que nos permite fazer inúmeras leituras sobre nossos modos de vida e comportamentos sociais, muitas vezes associa a si representações sobre saúde, bem-estar e uma vida saudável. Paradoxalmente, boa parte da população mundial, inclusive a brasileira, foi forçada a permanecer em casa, tendo em vista que o máximo de conhecimento “terapêutico” sobre o vírus, então novo e enigmático, era isolar-se para evitar contaminação e propagação. O entretenimento esportivo foi uma das possibilidades utilizadas pelas mais diversas mídias, especialmente a televisão, servindo como paliativo, amenizando o sofrimento e a angústia da espera.

Os empreendimentos esportivos ficaram com espaços vazios, as mídias esportivas tiveram que se contentar com entrevistas, fofocas, sondagens, futurologias e com a reprise de jogos passados (clássicos de finais nas mais diversas modalidades, finais olímpicas, jogos importantes e decisivos de Copas do Mundo de Futebol etc.). Após alguns meses, depois do começo da pandemia oficializada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março de 2020, os eventos esportivos foram pouco a pouco retornando. Os campeonatos e competições que recebem grande investimento, patrocínio e que possuem calendários vinculados aos grandes conglomerados de mídia sofreram uma pressão para que seus eventos voltassem a acontecer.

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